Sabe quando a gente passa uma vida toda driblando algo que a gente já sabe, mas prefere fazer de conta que não sabe? Aí, quando nos damos conta, a verdade é tão verdadeira que assusta.
Acho que tô me sentindo um patinho feio hoje.
Numa vala qualquer do teu cemitério racional
Numa esquina qualquer da tua cidade natal
E é um Deus nos acuda
Ninguém te ajuda
De madrugada quando as fadas dizem: "!tchau!"
E o que se escondia no porão
Sai pelos poros pela transpiração
E lava tua alma
Lava de vulcão
Porão - Fernando Deluqui/Humberto Guessinger
26.10.09
Mais confissões


19.10.09
Confissões Musicais
A educação já não me satisfaz, cada dia vejo ela se deteriorar, pouco a pouco, e me sinto de mãos atadas. Hoje ouvi uma história de que nota 3,5 arredonda-se pra 5. Desde o início do ano se quero trabalhar num ambiente limpo eu mesma devo varrer minha sala. Até o estacionamento do shopping aumentou, menos o meu salário. Mas ainda sou bem moça pra tanta tristeza...
CANTEIROS
(Fagner roubando um pedaço do poema Marcha, da Cecília Meireles)
Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento
Pode ser até manhã
Sendo claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração.


7.10.09
Pata dodói


28.9.09
Dos interesses
Era uma vez uma menina que não via maldade em ninguém. Nos tempos mais remotos já ajudava os colegas da sala de aula com os deveres, trabalhos e contas. O tempo passou e ela sempre acumulou elogios à sua prestatividade, sua prontidão. Era capaz de ouvir durante horas uma amiga chorando, perder um domingo de sol pra ajudar nos deveres da escola, acordar cedo num sábado só pra acompanhar alguém numa missão.
O tempo passou mais um pouco e chegou a maturidade. Um dia percebeu que seus problemas, quase todos, sempre ficaram em segundo plano. Um dia ouviu falar que qualquer relacionamento só acontece na base da troca e a partir daí começou a analisar tudo o que recebeu e tudo o que compartilhou. Percebeu que as maiores frustrações ao longo da vida, até então, foram decorrentes de falta de atenção, pouco caso, falta de compromisso das pessoas que ela considerava mais próximas.
Notou que o problema dos outros sempre foi maior, os dela sempre foram quase nada, segundo plano. Notou o número de telefonemas e recados recebidos com os dizeres 'preciso de um favor seu', comparou esse número com o tanto de vezes que pediu algo pra alguém e foi atendida.
Percebeu ainda o quão disponível sempre se colocou a todos que precisassem, e comparou com o tanto de disponibilidade que sempre encontrou ao seu redor. Percebeu ainda o quão traída nessa disponibilidade ela já foi. Quantas vezes deixada pra trás, falando sozinha, pedindo pra ajudar.
Naquele dia percebeu que teve pouquíssimos amigos durante a vida. Boa parte desses amigos, alguns ainda presentes, sempre estiveram interessados na ajuda, na disponibilidade. Quando ela não existe, desaparecem. Naquele dia ela desejou como nunca o egoísmo. O desejo passou rápido, ela nunca foi egoísta e ao menos disso pode se orgulhar.
Os amigos? Passou a analisar antes o que cada um quer dela. Deseja apenas os que a procurem por nada, de graça, assim como ela procura as pessoas. Tornou-se uma pessoa mais sozinha, mas ainda insiste em acreditar nas pessoas. De graça.


14.9.09
A dor e a delícia da inclusão digital
Ontem assistindo a um video do Deep Purple de 10 anos atrás e conversando sobre o mesmo show, senti uma ponta de nostalgia. O ano era 1999, o video em questão era In Concert With the London Symphony Orchestra, e o mesmo show aconteceu em São Paulo, no Via Funchal, mas eu não estava lá. Quem esteve conta histórias incríveis, como por exemplo, o público pedindo pra ouvir rock enquanto a Orquestra Sinfônica de São Paulo tocava. Outro ponto alto deve te sido todo mundo saindo do lugar e correndo para perto do palco quando Dio entrou. A cara de inveja do Gillan também deve ter sido algo memorável.
Esse é um dos inúmeros shows que só sabemos o que os presentes contam, ninguém tinha câmeras fotográficas digitais que cabem no bolso da calça, nem celulares que filmam, nem filmadoras ultra compactas, nada. Para entrar com uma câmera num show era necessário saber onde escondê-la. Opções não faltavam, mas faltava coragem pra enfiar uma câmera no pacote de pão de forma, ou dentro de um panetone sem o recheio, ou abrir um pacote de salgadinho e vedar de novo... não era fácil, só valia a pena se a câmera fosse boa mesmo e se você fosse ficar lá na frente.
Hoje todo mundo tem um celular que tira fotos razoáveis. As câmeras digitais que fotografam e filmam com qualidade aceitável são tão pequenas e fininhas quanto uma carteira, e não precisam ser escondidas. Quando começa o show, pra quem assiste do fundo da platéia, o número de visores acesos é um espetáculo a parte. No dia seguinte é possível assistir ao show inteiro pelo youtube e ainda salvar fotos da apresentação.
Mas não acho ruim isso tudo, pelo contrário, acho o máximo poder rever alguns detalhes perdidos durante o show, ou até ver como foi em outros países, em outros estados. O que me intriga mesmo são aquelas pessoas que durante o show inteiro ficam tirando fotos delas mesmas, de costas para o palco. Já cansei de ver grupos inteiros de amigos que durante o show conversam, riem, fotografam, mas tudo entre eles, como se a banda fosse apenas um acaso. Não contentes, essas pessoas costumam atrapalhar quem está ali pra ver o show, pois tentam falar num volume mais alto do que a banda, sem falar nos malditos flashes na nossa cara. Eu não vi, mas sei de fonte segura que num show tinha um cara filmando ele mesmo cantando, de olhos fechados, como se fosse ele o rock star.
Muita coisa mudou em apenas 10 anos. Pra melhor e pra pior.


9.9.09
Top Five "Gosto mas tenho vergonha" - Categoria Música
Sabe aquela música que você fica off line no msn pra ouvir? Ou aquela que quando começa a tocar no rádio, você olha dos lados pra se certificar de que não tem ninguém te vendo cantar? Pois é, todo mundo gosta de alguma coisa que tem vergonha de gostar. Lá vai meu Top Five de músicas que difamam meu bom gosto.
NACIONAL
05 - Sidney Magal - Tenho (Tenho um mundo de sensações! Agora já é até cult)
04 - Blitz - A dois passos do paraíso (Puta breguisse aquela hora que o Evandro Mesquita fala como se fosse um radialista, mandando a música pra uma ouvinte, nossa, que vergonha)
03 - Lulu Santos - Várias, várias, várias (O cara é um arrogante, prepotente, só por isso não merecia que eu gastasse minha saliva cantando seus versos pobres e pops... mas eu não presto, gosto)
02 - RPM - Olhar 43 (Não dá pra resistir, Louras Geladas também é demais. Mas é brega pra caramba)
01 - Absynto - Ursinho Blau Blau (Pô, cresci ouvindo, não resisto)
INTERNACIONAL
05 - A-Ha - Crying in the rain ou Take on me (Anos 80 na veia)
04 - Bon Jovi - I'll be there for you (Hoje em dia já não tenho mais tanta vergonha, mas na adolescência tinha que ouvir escondida)
03 - Trio - Da da da (Que p*** era essa, afinal?)
02 - Linear - Sending all my love (Lembra dos cabelos desses caras?)
01 - Bangles - Eternal Flame (Essa é pra cantar gritando dentro do carro, com os vidros fechados, claro)
Isso tudo só me ocorreu porque a última, Eternal Flame, realmente tocou hoje no rádio, eu estava no carro, voltando pra casa. É tão brega que me dá vergonha do espelho. Mas cantei, feliz:
Close your eyes, give me your hand, darling,
Do you feel my heart beating?
Do you understand?
Do you feel the same?
Am I only dreaming?
Is this burning an eternal flame?
De arrepiar, heim?


1.9.09
Ibira e sua fauna
Domingo eu e o jornalista (faz tempo que não o chamo assim, rss) fomo ao Parque do Ibirapuera. Eu sei, eu sei, Ibira é muito clichê, todo mundo vai lá, todo dia, super cartão-postal, tá, eu sei. Mas adoro ir lá pra não fazer nada, só andar um pouco, sair daqui. Mas bonito mesmo é analisar a fauna que ali se encontra.
Não tô falando dos vários bichos estranhos que circulam por ali, como os que nadam, os que voam, os que correm da gente, nem dos que correm até a gente na ponta de uma coleira. Tô falando daquela fauna que circula por lá, andando mesmo. Essa fauna divide-se entre os emos, os homos e os pasmos.
Entre as duas primeiras classes os atos mais praticados são em geral correr, borboletear, gritar, agarrar, beijar, e alisar o cabelo já meio ensebado pra um único lado, todo o cabelo. Vestem-se e agem de tal forma que impossibilita a definição do sexo em grande parte dos casos.
O cabelo merece um tópico especial. Em geral não são alinhados, premia-se aqueles que conseguem achar naquela cabeleira dois únicos fios do mesmo tamanho. Difícil também é achar um que não de nojo de chegar perto, parece que cheira mal mesmo. Embora sejam totalmente desalinhados em uma cabeça, são idênticos quando analisados em várias cabeças, todas próximas. Lembra aqueles 'cabelinhos' que tinha no playmobil, que só mudava a cor: amarelo, marrom, preto, branco. Ah não, branco não tem, mas tem verde, azul, rosa, etc. É uma fauna bem diversificada e colorida.
As roupas também são bem estranhas às vezes. Nem sempre, mas é muito comum vê-los com roupas de oncinha, zebrinha, tudo muito justo, provavelmente pra aumentar a cara de sofrimento. Beijam-se, agarram-se e fotografam-se desesperadamente.
Os pasmos, bem, os pasmos apenas observam o que não dá pra não observar e escutam comentários que os fazem pensar na maravilha que seria se a audição fosse voluntária, como a visão. Mas os pasmos emocionam-se mesmo quando, por acidente, acabam deixando o carro num lado do parque habitado apenas por um dos grupos, os homos. Mas os pasmos também brincam, correm, beijam, conversam, riem, tudo em menor grau do que os outros, com bem menos alarde. Mas deve ter um monte de pasmos por lá, loucos pra migrarem pros outros grupos.
Eu? Apenas observo, pasma.


27.8.09
Top Five
Chega de reclamar da vida aqui. Vou começar uma série de Top Fives!
O primeiro é algo que pensei ontem, quando comentei pela net com o senhor namorado que as músicas do Paradise Lost me deixam louca pra algumas práticas nada convencionais pra esse tipo de música... Então lá vai, Top Five Fuck Songs!!!
- 05 - The Doors - Não todas, mas algumas como L.A. Woman, Five to One, Moonlight Drive, Roadhouse Blues... The End não, só serve pra suicídio.
- 04 - HIM - Todas, a voz daquele homem é o suficiente pra me deixar louca.
- 03 - Stooges - Várias, a principal é I wanna be your dog. Bem sugestiva essa.
- 02 - Paradise Lost - Algumas como Requiem, You own reality, Ethernal, etc
- 01 - Portishead - Todas, todas, todas.
Já acabou? Putz, não deu pra citar Depeche Mode (Dave Gahan, que voz, que voz!), Massive Atack... Isso sem falar nas músicas soltas pelas baladas por aí, como Soft Cell, Eurithmics, Rammestein, Sisters of Mercy (outra voz enlouquecedora) e Joy Division.
O próximo Top Five deve ser confessionário.


11.8.09
Vergonha na cara, eu tenho.
Então tá... o recesso escolar foi prorrogado em São Paulo, o Estado, como sempre, ATRASADO. Mas o atraso é de se esperar, levando-se em consideração o interesse de quem estava em jogo. Agora, na hora de voltar, a grande preocupação, a reposição. Ok, aos sábados é possível, só gostaria de saber em qual escola todos os alunos e professores comparecem aos sábados. O que se vê é meia dúzia de alunos em cada sala, enrolando pra passar o dia e sem merenda.
Agora, o Sr. Secretário da Educação diz que algumas aulas podem ser repostas na Semana do Saco Cheio. HELLLOOOOOO!!!! Isso não existe no Estado!!! Na faculdade existe, mas certamente não é algo legalmente aprovado, é 'decretado' pelos alunos. No Estado trabalhamos direto de agosto até 21, 22 de dezembro! S eo Sr. Secretário da Educaação não teve a capacidade de olhar, simplesmente OLHAR um calendário escolar, era bom que isso fosse logo providenciado. 200 dias letivos? Já foi dito que não seriam obrigatórios, mas o Sr. Secretário manda mais, e tem que mostrar isso, vai repor sim.
Uma amiga me disse que é só pra inglês ver. Não acho que inglês seja tão burro, nem eles cairiam nessa. Tem dias em que sinto VERGONHA de ser professora do Estado. VERGONHA de ter um secretário que não sabe o que é um calendário escola. Ah, e claro, se não teve a capacidade de olhar um pedaço de papel, muito menos conhece a realidade na sala de aula.
Só VERGONHA me resta.


27.7.09
A Gripe
Então as aulas recomeçam hoje, pelo menos na rede estadual de São Paulo. Acontece que por aqui tá todo mundo com medo da gripe... eu que sou alérgica não posso nem dar minhas espirradinhas em paz que já tem alguém olhando feio. Em alguns lugares acharam melhor suspender as aulas por mais uma semana, mas o Estado prefere fazer de conta que nada está acontecendo.
Desde a semana passada tá todo mundo esperando alguma posição dos dirigentes pra saber o que fazer, e foi decidido que nós, meros professores, deveremos diagnosticar quem apresentar sintomas da gripe e levar ao médico! Logo nós, que nem direito a ficar doente temos! Se nós pegamos alguma doença, geralmente vamos doente pra escola, porque a maioria não consegue atestado médico.
Não sei se o correto seria realmente adiar o início das aulas, o que sei é que algumas redes já estão optando por isso, acredito que o bom senso seguir as outras redes. Mas senso é algo bem raro na realidade educacional. O que o Estado faz é sempre passar a responsabilidade pra frente, não é om ele, nada está acontecendo. E se acontecer, a culpa é do professor, claro, mais uma culpinha não faz mal pra quem já tem tantas.
Não vai demorar muito pra algum 'datena' aparecer falando que o 'professor negou socorro', aguardem.


14.7.09
IX Festival de Inverno de Paranapiacaba
Todo ano, desde 2000, acontece por aqui o Festival de Inverno de Paranapiacaba. Quem acompanha o blog sabe o quanto gosto desse lugar. A Vila pertence a Santo André, é longe pacas, mas é simplesmente mágica, e durante o festival a magia parece maior ainda. Mas os transtornos também.
A nona edição do Festival começou no final de semana passado, dias 11 e 12. No dia 11 estive por lá, debaixo de muita chuva e frio. O local onde seriam realizados os shows ficou impraticável, tendo em vista que chovia muito e vai saber por que a prefeitura não cobriu o espaço, como nos anos anteriores. Também por causa da chuva, pouca gente se aventurou até a Vila.
Assisti aos shows do Lô Borges e do Toquinho, no sábado. Lô, com voz doce, começou o show com Feira Moderna, e uma das últimas foi Um girassol da cor do seu cabelo. Na platéia, pessoas de todas as idades, todas mesmo: senhorinhas, crianças, adolescentes, e o bicho-grilos, de várias idades também. Toquinho foi o último show da noite, e o Lira Serrano, onde se realizaram os shows, parecia pequeno para o número de gente que tinha pra entrar. Não gosto muito de bossa nova, não sou culta o suficiente pra gostar do som do Toquinho, mas ele me fez muito feliz ao tocar A Casa e O Pato, ambos clássicos presentes no disco Arca de Noé, parceria com Vinícius de Moraes. Em seguida, O Caderno, outro clássico dos tempos de escola. Não precisava ouvir mais nada, não esperei terminar. Não sei se por causa frio, do cansaço, ou da sensação de que nada mais iria superar aquilo. Foi lindo.
Final de semana que vem tem mais. Fotos aqui.
13.7.09
Ahhh, férias!
Ahhh, que maravilha... férias! Tem menos de uma semana que estou de férias, longe dessa sala aí, onde passo boa parte do meu dia. É impressionante a variedade da programação da televisão. Outro dia aprendi a colocar todas as roupas do armário dentro da mala, e sem amassar!
Constatei também que o Chaves continua firme e forte, no horário do almoço.
Hoje, diante de tanta coisa boa pra ver, e com o frio congelante que faz por aqui, dormi a tarde toda. Toda mesmo.


22.6.09
Loki - Arnaldo Baptista
O filme é uma cinebiografia de Arnaldo Baptista, membro fundador d’Os Mutantes, banda que fez história no rock nacional no final dos anos 60 e início dos 70.

17.6.09
Odeio meu nome
sIsso já não é fato desconhecido para os mais íntimos. Eu não odeio só meu primeiro nome não odeio todos os outros também que o seguem. Mas o problema hoje é só um, o que eu resolvi 'adotar' como principal, como sobrenome da pseudo fotógrafa. Minhas fotos assino como Bel Gasparotto. Até aí, tudo bem, melhor do que Bel Fernandes ou ainda, Isabel Cristina Gasparotto Fernandes. Haja foto.
Cá estou eu desde não sei que horas visualizando milhares de fontes pra, mais uma vez, tentar fazer um logo que me agrade e acompanhe de uma vez por todas as minhas fotos. Mas não queria só uma simples letra, queria uma letrinha desenhadinha, bonitinha, gracinha, fofinha, meiguinha, etc. Lá no NetFontes a gente digita a palavra que quer e as fontes já aparecem formando essa palavra. Não tem nehuma que realmente me agrade, a agora acabei de descobrir o motivo, o Gasparotto.
Desde os primórdios tempos de escola, os amigos já falavam 'Gaspa o que? Nossa, que nome é esse?' ou ainda 'Afff, que sobrenome feio'. Sem falar no 'como escreve?', no 'é com dois tês?' e ainda no 'olha, sobrenome famoso', que eu prontamente respondia, 'não, ignorante, os espíritas são Gasparetto!'.
Afinal, que sobrenome é esse???? E nem falei ainda do Isabel...


14.6.09
A Vila
Eles nem precisam falar o que querem. Viajam no meio da noite pra uma balada num mundo quase paralelo de tão longe, de tão insólito. No auge da balada vão embora sem nenhum tipo de contestação de nenhuma das partes. Eles não dizem o que querem, mas ambos sabem que querem a melhor parte da balada.
Entram no carro, o frio é de congelar, o céu é de se admirar, maravilhoso. A vila é mágica, sedutora, tem um clima sedutor, excitante. Ambos sabem o que querem da vila, na vila, mas não falam nada. Numa das ruas desertas, quase sempre desertas, param. Não há o que falar.
Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa vida
E será uma maldade veloz
Malignas línguas
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam
Ilegais
Eu só sei que eu quero você
Pertinho de mim
Eu quero você
Dentro de mim
Eu quero você
Em cima de mim
Eu quero você
Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa farra
E será uma maldade voraz
Pura hipocrisia
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam
Olhos ilegais
Depois também não há o que falar, só o que sentir. Sentir o corpo do outro, na ponta dos dedos. Ouvir os últimos suspiros na noite fria. Sentir a pele esfriando depois de tanto calor. Contemplar o céu que ainda é lindo, a lua, as luzes da vila deserta. Saber que sexo é fácil conseguir, mas o que acabou de acontecer só é possível com alguém que valha a pena compartilhar tal momento, naquele lugar, daquela forma.
Vestem-se, ela liga o carro, e voltam ao mundo real.
P.S.: Letra citada de Vanessa da Mata, Ilegais.
29.5.09
Dos escândalos e de toda a hipocrisia que permeia a educação paulista
Então tá, mais um livro 'impróprio' nas mãos das pobres e inocentes crianças. Eu li Jorge Amado na adolescência, e acho que não virei uma pessoa pervertida depois de ler a singela definição do órgão sexual feminino que ele dava em um livro, xibiu. Crescemos ouvindo palavrões em músicas, conversas, simulações bem sensuais nas novelas da globo, 'causos' do mundo cão nas emissoras por aí... qual o susto?
Ah é, a escola tem que educar. Os pais não, a escola.
Ok, não concordo com o fato de alunos da 3ª série terem recebido aquele livro, são realmente muito pequenos, mas o de poesias do Manuel de Barros, me poupe. Isso foi pra garotada de 5ª ou 6ª série, já tem bastante idade pra ter escutado de tudo e mais um pouco, e também deveria ter idade pra saber o motivo daquela palavra estar ali, entender que não é algo gratuíto, que faz parte de toda uma obra. Meninas de 5ª série engravidam por aí e temos que apresentar poeminhas infantis pra sempre? Acho que o mundo tá mudando um pouco...
Enquanto isso, continuo com a minha pose de professorinha-boa-moça, que não faz nada de errado, que não bebe, que não sai, que não curte música, que não fala palavrão, que não trepa, que não vive, só dá aula. Aliás, não dou, vendo barato, bem barato.
Eu tenho medo de acordar
E encontrar
um heterônimo no meu lugar
refém da alma que eu lhe vendi
usando o que esqueci
pra ser feliz quando eu dormia em paz
Esqueça os sonhos e tudo mais
corra e não olhe pra trás
roube tudo o que for capaz
corra e não olhe pra trás
E não se iluda, nem tudo passa
ouça o conselho que dou de graça:
cuidado com o que desejar.
Nem sempre o melhor é a verdade
O tempo é pouco pra quem não tem a eternidade
com a qual se contar.
Tragam-me a cabeça de Lester Bangs, Banzé.


9.5.09
Trilha sonora da vida
Engraçado, mas sempre me vejo como o Kevin Arnold, do seriado Anos Incríveis... tudo o que ele vivia tinha a trilha certa, e era escolhida a dedo, sempre traduzia o que tava realmente acontecendo. A minha vida também tem trilha sonora.
Como pensei nisso, por que pensei nisso? Fiquei uma semana sem meu aparelho de som e quase surtei. Mas ele voltou, e hoje numa rádio tocou uma música que me fez lembrar um dia especial, alegre demais: a primeira vez que pude ir pra domingueira, cheguei lá e tava tocando This is not America, do Bowie. Até hoje escuto a música e me vem aquela sensação boa, como se pudesse de novo sentir pela primeira vez aquele cheiro de gelo seco misturado com o cheiro do Halls que o povo adorava naquela época. Aí automaticamente vem uma lista de outras músicas e dias marcantes.
My Sweet Lord, Beatles, descendo a Dr Arnaldo, guia na mão, tentando chegar na Pompéia, no festival. Lá, eu assistiria pela primeira vez Walter Franco. I Wanna Be Your Dog, Stooges, pela primeira vez no Madame Satã. Hells Bells, AC/DC, indo pro show dos próprios, primeiro show da minha vida, por muito tempo meu apelido foi esse. Dente de Ouro, Blues Etílicos, muita cerveja e sinuca no bar perto da escola. Perto do Fogo, Rita Lee, sempre alguém insistia em cantar essa música maldita quando me via. Roots Bloody Roots, Sepultura, um show que foi tão louco que nem acredito que foi de graça, fiquei dias sem voz e com dor no corpo. Apesar de Você, Chico Buarque, muita cerveja na primeira faculdade. Welcome to the Jungle, Guns n’ Roses, primeiros cigarros perto da escola onde estudei até a 7ª série. Lithium, Nirvana, minhas várias camisas de flanela xadrez pularam muito junto comigo quando essa música tocava nos sons na casa da galera. War Pigs, Black Sabbath, manhãs de domingos na porta da igreja enquanto a missa rolava lá dentro. NIB, Back Sabbath também, um reveillon e um esmalte preto que um amigo nunca mais devolveu. Pobre Paulista, Ira!, show de graça com os meninos, povo que nunca mais vi. Wasted Years, Iron Maiden, várias tardes de sábado na Galeria do Rock com uma amiga querida. Fruto Proibido, Rita Lee, uma tarde de volta da Galeria, com o disco na mão. Gallows Pole, Page e Plant, noites no Lollapalooza. L.A.Woman, Doors, misturada com álcool, faz estrago. Enjoy the Silence, Depeche Mode, na balada cria coragem.
Mas nem tudo é perversidade na minha vida. Anuciação, Alceu Valença, domingos de manhã, arrumando as coisas pra ir pro clube com meus pais. The Prophet’s Song, Queen, feriados passados conhecendo rock na casa dos avós. Êxtase, Guilherme Arantes, eu criança, ouvindo o rádio da minha mãe enquanto ela costurava o dia todo. Crocodile Rock, Elton John, casamento do meu tio, ele se arrumando pra ir pra igreja. Tiro ao Álvaro, Demônios da Garoa, vô Antonio dedilhando um violão. Go back, Titãs, uma prima mais velha tinha o disco. São Francisco, Ney Matogrosso na Arca de Noé, bicho-grilismo infantil patrocinado pelos pais. Astronauta, Replicantes, descobrindo o punk. Voltei pra perversidade...


20.4.09
E o fato inusitado da semana foi...
... A Globo saiu do ar!!!
Madrugada de domingo pra segunda. 1h37 marcava o relógio do micro que nem sei por qual motivo estava ligado, pois eu estava corrigindo uma das milhares de atividades bimestrais das crianças. Tinha acabado de ser exibido o filme Cidade de Deus na rede Globo, quando aparece aquela voz amedrontadora dizendo: 'lamentamos informar que hoje não será exibido a Sessão de Gala. Nossa programação voltará ao normal logo mais, às 5h15'. Dá pra acreditar?
Logo depois, a mesma voz avisou sobre toda a programação do dia seguinte, apareceu o imenso simbolo na TV, depois aquelas listras coloridas e puf! Acabou tudo, só chuvisco. E eu que pensava que teria companhia noite afora na correção das atividades... até a Globo me abandonou...
Triste.


16.4.09
Da delicadeza da poesia ao duro dia-a-dia
Ou isto ou aquilo
Cecília Meireles
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Eu também ando precisando escolher entre um e outro. Ou sou a boazinha, simpática e idiota, ou sou a maldosa, grossa e menos idiota. Porque hoje em dia me parece que está se saindo bem quem acumula as segundas características, afinal, ninguém vai arriscar levar uma patada de graça, nem eu. Fato que me enquadra nas pessoas que possuem as primeiras características, dentre elas, idiota. É como uma idiota que eu me sinto quando, pra evitar ainda mais conflitos no grupo de trabalho, fico quieta, boazinha e simpática. Acho que vou começar a escolher pelo 'aquilo', 'isto' não está mais me servindo.


15.4.09
Das minhas frustrações
Acho que ninguém além dos que estão dentro da sala de aula pode falar sobre as frustrações que enfrentamos todos os dias. Desde que entrei para a Educação sempre me perguntei 'por que raios os professores não tem acesso facilitado com um psicólogo?'.
Lidamos todos os dias com problemas de aprendizagem, de indisciplina, familiares, patológicos, etc. Aprendemos a contornar passando por cima de todos esses problemas, mas não resolvemos quase nenhum deles. E o pior, isso vai acarretando as nossas famosas frustrações também.
Como é que conseguimos chegar ao final de um período com um sorriso no rosto? Quase sempre eu consigo, mas me cobro demais nos dias que isso não é possível, afinal, nem todos os alunos são culpados. Corrigindo as provas de uma sala um dia desses, constatei que apenas 8 alunos conseguiram atingir uma nota 'azul', acima da média. Isso numa prova com consulta no material, onde deveria ter textos, atividades corrigidas e anotações das explicações. Como o ânimo pode resistir a um golpe desses?
Mas aí tem outras salas muito boas, que vão super bem e até além do que espero. Mas aquela é a que não me sai da cabeça. Por que diabos a frustração quase sempre é mais forte do que a satisfação? Por que não abraço os que querem ser abraçados e não largo a mão daqueles que não querem nada? Por que é com esses que a gente acaba se importando mais?
Acho que quero um psicólogo antes que precise de um psiquiatra.


10.4.09
Manual de sobrevivência em shows grandes
Esse manual pode servir pra shows pequenos, fechados também. Mas é bem mais aplicável para shows grandes, em áreas abertas mesmo.
01. Tênis é básico e necessário. Não sei porque raios alguém acha normal ir a um show de salto, por exemplo. Acredite, você vai ficar no mínimo, chutando baixo, duas horas e meia em pé. Em pém mesmo, sem encostar. Por isso, tênis. Quanto mais velho e fofinho melhor.
02. Se é da turma da cerveja vá cedo, tome todas do lado de fora. Aí a vantagem é dupla: você toma várias por um preço bem mais razoável do que as que vendem lá dentro (normalmente R$ 5 uma latinha miserável, em copo de plástico), e ainda entra a tempo de poder utilizar o banheiro químico. Logo que abrem os portões, acredite, tem até papel higiênico lá dentro.
03. Chegue cedo mesmo sem ser da turma da cerveja. Ultimamente a entrada pra qualquer show tem sido complicada devido ao trânsito e à falta de organização do pessoal. Teve show por aí que atrasou mais de uma hora pelo simples fato de ter milhares de pessoas do lado de fora, entre elas, eu. Desde então, calculo a hora pra chegar no lugar pela hora de abertua dos portões. E entrar nem tem sido o problema principal... (vide ítem 10)
04. Se não tem altura, fique longe. Pouca distância não é garantia de visão. Se tem por volta de um metro e meio, como a que vos escreve, fique longe que verá tudinho e não terá ninguém se esfregando em você. A não ser que seja essa a inteção.
05. Não marque de encontrar niguém no show, nem tente encontrar alguém. Não vai conseguir.
06. Esqueça a fome. Qualquer coisa miserável custa os olhos da cara e não há fome que não dê pra aguentar até a volta. No caminho sempre tem um santo habbibs.
07. Não sabe a letra não cante, escute apenas, por favor.
08. Show não é lugar de pegação. Ninguém aguenta nego chato no ouvido quando se está pagando muito pra ver um show.
09. Maquiagem, perfume, chapinha, laquê, baby liss... nada disso resiste até o final do show. Quando ele acaba, estamos todos com cara de farrapos humanos, mas muito felizes, claro.
10. Pegue o set list do show anterior. Quando começar a última música, vá para perto da saída. Em São Paulo virou moda uma palhaçada de não ter saída pra todo o público, aí vira uma muvuca imensa, ninguém sai, ninguém anda e todo mundo se aperta. Um inferno.


30.3.09
Enquanto o mundo não acaba
Depois de um final de semana bacana, lá vou eu pra escola de novo. Essa semana nós, de SP, deveríamos estar saltitantes, pelo menos uma boa parte, afinal, saiu o famigerado bônus por desempenho. Mas a realidade não é bem essa. Embora o meu dinheirinho caia lá, e devo dizer, foi até mais do que eu esperava, isso não resolve nem uma pequena parte dos meus problemas. Vamos ao que realmente tem me incomodado.
Estamos terminando março, meio do primeiro bimestre. Daqui um mês tenho que fechar notas, e se fizesse isso hoje, mais ou menos 70% dos alunos ficariam com nota vermelha. Eu, exisgente demais? Não. O fato é que ao menos onde leciono, parece que foi combinado entre os alunos que lição é coisa do passado. Lição de casa, então, nem pensar. De uma sala de 40 alunos, 6 me apresentaram a tal da lição de casa. Os exercícios que eles fazem em sala de aula tem um ibope maiorzinho, em média 30 alunos fazem algo.
Poderia deixar o circo pegar fogo, deixar a bomba estourar mesmo, e estou cada dia mais tentada a fazer isso. Aí, no dia do conselho, as professoras que apresentam mais notas vermelhas são as incompetentes. Mas já tô até preparada pra ouvir isso dentro de um pouco mais de um mês.
O governo criou a tal apostila do aluno, e eu nem reclamo, pelo contrário. Ali tem exercícios bem dinâmicos, muito bacanas mesmo. Uma pena o fato de eu não possuir nenhum artifício para que eles realmente façam o que é proposto ali. Afinal, o aluno que não faz nada, absolutamente nada, mas está todo dia presente na sala, é aprovado automaticamente. Automaticamente sim, da quinta série até a oitava ele vai sem nem ao menos precisar abrir o caderno, feliz da vida. Chega na oitava série reprova uma vez, no máximo. Ah, sim, reprova é culpa do professor, que não pegou na mão do infeliz e não obrigou a fazer nada.
Aí resulta num primeiro ano do ensino médio que eu tenho. Boa parte não sabe ler. Escrever então, esquece. Vontade de participar da aula oralmente, afim de conseguir alguma nota também é pedir demais. Quando eles estão na sala, as paredes geralmente me dão mais atenção. Claro, culpa minha, somente minha.
Outro dia um encostou um estilete no pescoço do colega, dentro de uma sala de aula. Adivinha? Ele está lá, normalmente, como se nada tivesse acontecido. O outro mordeu uma professora no ano passado. Não preciso falar que o menino continua lá. Alunas se xingam pelos nomes que acho que não escutaria nem numa briga dentro de um puteiro, alunos comentam cenas de filmes adultos durante as aulas, e o xingamento mais frequente na maior parte das salas é 'macaco'. O que podemos fazer? Esperar que o mundo acabe, nada mais. Infelizmente vai demorar, enquanto isso tento ensinar história e um pouquinho de civilidade para alguns poucos interessados.
Poucos.


24.3.09
Music Non Stop
Nem só de trabalho vive a professora. Aliás, tenho me sentido ultimamente como alguém que levanta, trabalha, malha e deita. Mas o post não é sobre isso.
Domingo fui ao show do Kraftwerk e do Radiohead. Devo dizer aqui que comprei o ingresso só por causa do Kraftwerk, o Radiohead pra mim vinha de sobremesa. Na última vez que eles estiveram no Brasil, num festival também, eu me desesperei, não pude ir por vários motivo$. Dessa vez comprei o ingresso lá no começo do ano, quando começou a vender mesmo. Devo dizer também que foi um dos show mais emocionantes que eu vi na vida. Não pelo show, pela performance, nada disso. Mas simplesmente pela emoção de ver os caras lá, tocando aquelas músicas que eu achei que nunca fosse ver ao vivo, músicas que eu nem me lembro mais como e quando comecei a ouvir. Ah sim, ouvi pela primeira vez na saudosa MTV dos anos 90, aquela que iniciava as atividades ao meio-dia. Sim, essa é uma das bandas que conheci e fui atrás sozinha, garimpei fitas aqui, ali, e com o advento da internet pude fazer a coleção inteira deles.
O show durou uma hora aproximadamente, só clássicos, e eu dancei como uma louca. Quando acabou ficou aquela sensação de vazio, cheguei a pensar que nem queria ver o Radiohead. Por sorte estava com meu irmão e cunhada, que não queriam ir embora.
O Radiohead? Bom, foi bom sim. Puta performance no palco, o disco novo, que eu não tinha escutado, é bom demais, com umas batidas super diferentes, nada deprê como Creep, por exemplo. Thom Yorke tem uma presença de palco incrível, dança freneticamente o tempo todo, louco demais. Pequeno, com aquela voz fina, estranha, ganha a cena, prende os olhos de todo mundo.
Ah é, teve Los Hermanos antes. Na boa, eu gosto bastante do trabalho deles, mas essa história de banda que acaba e volta é patifaria. mais patifaria ainda é voltar só pra fazer aquele show. Quem eles pensam que são, o Pink Floyd? Enfim, não achei nada bacana, parecia que o público tava com muito mais gás que a banda. O repertório foi bem médio também.
Sem dúvida, o show da noite, pra mim, foi do Kraftwerk mesmo. Só faltou uma coisa, quero dizer, uma pessoa, que atualmente faz muita falta, acho que acostumei com a boa companhia em todos os shows. Acostumei e acostumei mal. Que venha o Kiss!
17.3.09
Vergonha alheia
Poderia se chamar também 'O dia em que afirmei que começo a ter vergonha de falar que sou professora'
Primeiro, no final do ano passado, a famigerada 'provinha' para os professores contratados. Sinceramente, no primeiro concurso que prestei no Estado passei, e hoje sou professora titular de cargo desde 2006, na rede estou desde 2002. E eis que teve gente que, com 15, 20, 25 anos de sala de aula, teve a capacidade de zerar a nota da 'provinha'. Recurso vai, recurso vem, a nota foi deixada de lado, a atribuição seguiu como se nada tivesse acontecido, e a ilustríssima secretária da educação soltou uma cartinha com um tom de 'a minha vingança será malígna'. Ok, próximo probleminha.
Essas malditas apostilas que o governo resolveu mandar pras escolas. Ele tem lá suas razões, afinal de contas, tem um povo aí aposentando que zera numa prova de conhecimentos da própria disciplina que leciona. Enfim, o fato é que desde o ano passado essas apostilinhas contém alguns errinhos, tais como ensino com C, Idade Média no século XIX, e agora, na mídia, fresquinho, a América do Sul sem o Equador e com dois Paraguais. Além do mais, nem todos os alunos receberam a tal apostila, eu mesma tenho uma sala que não tem. Não queria justificar, mas sou obrigada a dizer que a rede tem os profissionais que merece mesmo. Não queria principalmente porque sou uma delas, e, sem humildade, sou muito professora. Sim, preparo aula, atividades diferenciadas, busco informações novas, soluciono dúvidas, indico sites, livros, filmes.
Ah, ainda tem o problema da infra estrutura das escolas. Minha nossa, tivemos janeiro inteiro, metade de fevereiro, e agora, AGORA, estão fazendo uma reforma na escola em que leciono. Aquela poeira, aquele bate-estaca o dia todo, aquele cheiro de tinta. Sabe como é? Pois é, um ambiente super propício para o estudo.
E nem comentei que qualquer profissional por aí, com um nível técnico, recebe um salário maior do que o meu. Não tô comentando de salário não. Tô comentando da situação cada vez mais ridícula em que o ensino no Brasil está sendo colocado. Ridículo. É desanimador saber que ainda tenho tantos anos pela frente, e saber que é muito pouco provável que um dia isso melhore. Se não piorar, acho que já me dou por satisfeita.


9.3.09
Inferno Astral + o tal do Retorno de Saturno
Já escrevi tempos atrás aqui que nunca fui daquelas meninas que compravam revistas de horóscopo, nunca nem lia no jornal, sempre achei uma grande palhaçada tudo isso. Mas tem coisas que acontecem que fazem a gente pensar e aceitar certas coisas. Por exemplo o tal do inferno astral:
Segundo o astrólogo Eduardo Maia, o "Inferno Astral" só acontece quando não percebemos que precisamos sair do palco para contemplar mais o mundo e nos desapegarmos, em benefício daqueles que precisam de uma ajuda emocional ou prática. "É um período de ser instrumento para o bem dos outros e não estar tão preocupado com causas próprias", afirma. Como isto geralmente não acontece, vem a angústia, o vazio e a sensação de desorientação.
E o Retorno de Saturno:
Entre os 28 e 30 anos de idade, ocorre o primeiro retorno de Saturno, ou seja, o planeta em trânsito se posicionará no mesmo local em que ele estava no momento de nascimento da pessoa e iniciará uma nova volta em torno do zodíaco.Novamente, como em todo trânsito de Saturno, ocorre um doloroso rito de passagem, envolvendo responsabilidades, desta vez maiores do que nunca. A partir deste período, muitas coisas que antes eram parte de uma gama de opções se tornam definitivas. É o momento de determinar o que vai dar impulso aos próximos 28 anos e tudo o que é decidido tem sua repercussão e conseqüência.
Este período representa também o fechamento sobre todo o passado de dependência familiar, uma liberação final de tudo que ligava às servidões da infância e da adolescência, uma aquisição definitiva de autonomia. É o ponto final do caminho de relaxamento de responsabilidades dos pais sobre os filhos.
Deve ser isso. O cansaço, o desânimo, a falta de paciência que tem me atrapalhado nos últimos dias. Sem falar na crise da idade. Toda hora paro, penso: 'meu deus, quase trinta, o que ainda estou fazendo aqui na casa dos meus pais?' Tem também a minha crise financeira particular: 'sou professora, nunca vou ganhar mais do que eu ganho, que na verdade, é o que muitas pessoas sem uma faculdade ganham, e eu tenho duas, pra que estudei tanto?' Tem ainda a crise do profissionalismo: 'onde é que tô errando, por que raios aquele aluno não faz o que eu peço, por que aquele outro escreveu 'vaca' ao lado do meu nome no cartaz na sala de aula, e por que eu me preocupo tanto com um ou dois se a maioria me agrada, por que nos apegamos ao que não dá certo?'
Afff, quantas crises...
Ouvindo no rádio Transmission, do Joy Division. Parece uma trilha sonora mesmo. Tô me irritando já com as coincidências.


2.3.09
Eu e o acordo ortográfico
Eu lembro quando ninguém tinha telefone celular. Durante a minha infância, nem telefone fixo nós tínhamos. O telefone em casa foi instalado por volta de 1998, depois do último plano de expansão (!!!), quando os preços das linhas cairam vertiginosamente. Telefone celular eu comprei quando trabalhava e estudava o dia todo, mas já tava no final da faculdade, lá pra 2000, 2001.
Pesquisa escolar era feita na biblioteca. E era emocionante, afinal, era uma desculpa para ir ao centro da cidade sozinha, sem os pais. Na biblioteca tinha o pessoal muuuuuito mais velho, do colégio. Aí a bibliotecária entregava o livro com o tema que pedíamos (como ela sabia onde tinha tudo?) e íamos lá, copiar tudo, palavra por palavra, e com lápis, não podia usar caneta lá. Um dia descobrimos que havia uma máquina de xérox no andar de cima, mas tinha que subir escondido, com o livro mais escondido ainda. Aí veio a tar da interrrrnete e acabou com os problemas dos estudantes. A maioria nem sabe mais pra que servem aquelas mesas nas bibliotecas públicas.
Lembra do Correio? Ele ainda existe, mas hoje se ocupa de entregar aquelas correspondências indesejáveis, todos sabem quais são. Mas teve um tempo em que eu mandava cartas, pra várias pessoas. Pegava uma folha de caderno, escrevia, escrevia, escrevia, desenhava, dobrava, colocava num envelope, desenhava no envelope também, ia até o correio, colava o selo e lá ia minha cartinha. Uma semana depois a minha resposta estaria no portão. Mais uma vez, a marvada interrrnete veio e acabou com o barato. Não reclamo dos e-mails, mas pelo menos não recebíamos cartas com orações, pedidos de ajuda, casos mirabolantes da noite de são Paulo, nada disso.
Sim, o computador, esse mesmo, na sua frente. A primeira vez que usei isso foi no primeiro ano da faculdade, em 1998. Mas mantive a minha máquina de escrever por um bom tempo. Na faculdade tinha um monte de laboratórios (na verdade só 3), todos com acesso à net, um luxo. Não demorou pra eu viciar naquilo e matar aula pra ficar no bate-papo do uol. Logo consegui comprar o meu.
Música também mudou um pouquinho... lembro da época em que começaram a vender os tais cds. O primeiro cd que eu comprei eu nem tinha o aparelho pra tocar ainda. Lembro de ter comprado alguns discos novos, na loja. É, disco de vinil. Comprei muitos usados também. Hoje acabo não comprando nada, baixo tudo o que eu quero. Era uma briga pra achar 'aquele' disco. Hoje você entra na comunidade Discografias, no orkut, e tem tudo lá, tudo mesmo.
Será que já não vivi inovações demais não? Ainda vou ter que presenciar o novo acordo ortográfico mesmo? Me deparei com isso hoje, ao escrever no meu plano de aula da sexta série: Contrarreforma. Minha nossa! Contrarreforma é de doer. Outra coisa que ainda tá doendo é autorretrato. E o Word não tem atualização, e nem tá com muita pressa, pelo o que andei lendo. Nós professores podíamos ao menos receber uma capacitação gratuíta né?
Quase 29 anos, quase quase mesmo. Quantas coisas ainda vão mudar desse jeito? E nem comentei da fotografia, heim?


4.2.09
Chuva
Choveu agora no final da tarde... sabe aqueles dias tristes? Pois é, hoje foi um dia triste. Acho que é o fim das férias chegando, pouco mais de um mês pro aniversário, velhice. Ou é só chatice mesmo.
(Enquanto Durmo, C. Oyens e Zelia Duncan)


27.1.09
Eu, jornalista?
Pois é. Já tem um tempo que ando me dizendo fotógrafa, botando a maior banca, tipo cachorrinho vira-lata perto de dog alemão, saca? Mas já fiz algumas coisas por aí... fiz a resenha do show do Ozzy no ano passado, fiz também foto e resenha do show do POD, mesmo não gostando... mas nesse domingo foi a glória. Vou explicar o motivo.
Primeiramente, o show foi o do Língua de Trapo, no SESC Santo André. Um dia antes teve Cachorro Grande e Autoramas no SESC Pompéia, fiz também a cobertura, mas não foi tão bacana. Sabe por quê? O Laert Sarrumor, líder e vocalista da banda Língua de Trapo publicou hoje, no blog da banda, um comentário sobre a matéria. \o/
Nem é grande coisa, acho até que muitos nem conhecem a banda. Mas pra quem ouve os caras, segue a carreira deles, e não manja nada de nada, até que foi um grande passo! Passo que só foi possível graças ao jornalista, sem ele o texto teria ficado um lixo, tipo esses que publico por aqui. E sem ele, também, provavelmente não estaria indo a tantos shows, aprendendo na marra a fotografar. Já disse num post anterior aqui... sei lá quantas vidas ainda tenho, mas devo algumas pra ele.
Bom, aproveitem e vejam a matéria no Território da Música, as fotos que eu e o Edu tiramos, e baixem algumas músicas deles, vale a pena. Ah, já que tô fazendo o merchan, então aproveitem pra ver todas as fotos desses shows todos no meu flickr e no do Edu também.


22.1.09
Vila Maçarico
Não é toda noite assim. Geralmente não é. Mas é estranho quando crescemos passando por isso, e o que pode ser um absurdo pra você que está lendo, pra mim já é só uma noite mais difícil pra dormir.
Quando criança achava que um dia tudo isso voaria alto, acho que isso fazia parte do nosso imaginário, de todas as crianças que cresceram aqui. Naquela época, algo ali soltava umas espumas pelo ar, tipo aquelas de sabão em pó, que voavam por todos os bairros vizinhos, Jardim Ana Maria, Parque Novo Oratório, Parque Capuava, Jardim Sônia Maria. Caía nas roupas no varal e manchava. Sabe Deus o que era aquilo. Hoje não solta mais nada 'visível'. Só 'inalantes' e esse barulho dos infernos.
Se a Petroquímica explodir, até onde vai acabar? Crescemos com essa pergunta nunca respondida pelos adultos. Hoje, adultos, perguntamos: Quando ela vai explodir? Quando esse barulho maldito vai acabar? E o meu ingresso pro Kraftwerk nem chegou ainda, putz...


16.1.09
Music non stop!!!
Então o ano começou pra mim. Sim, começou proque nessa semana comprei o ingresso pro Radiohead. Na verdade nem ligo muito pro Radiohead, só quis ir mesmo quando soube da abertura do Kraftwerk. Esse foi o primeiro ingresso que comprei em 2009, o primeiro de muitos, pelo o que os meios de comunicação noticiam. Tem algumas coisas que não tem preço pra mim, uma delas é um show.
Pessoas ao meu redor não entendem isso, mas é algo que só quem gosta, quem não vive sem música entendem. Não tem preço ver os caras ao vivo, ainda que seja pelo telão, são eles lá, eu sei. Pensando nisso, tentei fazer uma lista de bons shows que vi no ano passado, mas seria muito grande e cansativo. Resolvi fazer o Top Five com os melhores e mais marcantes. Lá vai:
5 - Casa das Máquinas, na Virada Cultural
4 - Ozzy Osbourn
3 - The Cult
2 - REM
1 - Queen
Foi difícil chegar nessa lista. Em vários outros que fui teve um fator muito agradável, que foi a companhia. Jene Loves Jezebel, Echo & the Bunnymen, Ney Matogrosso, Violeta de Outono, Adriana Calcanhoto. E o Whitesnake, e o Judas Priest? Sim, gosto muito variado o meu, o que complica bastante, afinal, quero ir em todos os lugares ao mesmo tempo. Tomara que esse ano seja tão bom quanto foi o que passou. E que venha 2009!!!


14.1.09
Mulherices?
Acho que tô com saudade do meu fotolog, onde eu podia simplesmente colocar uma foto e pronto. E é isso, depois de tanto tempo, uma foto.


15.12.08
Trem
Você vai demorar?
To tão cansado
Onde é meu lar?
Tô aqui
Onde não pertenço
Sem dinheiro para o telefone
O jeito é esperar até 9h20
Aqui sentado
Só na minha
O trem
Você vai demorar?
Tô tão cansado
Onde é meu lar?
Música do Arnaldo Baptista com a Patrulha do Espaço, foto minha, da Estação de Campo Grande em Santo André, tratada no photoshop. O crime às vezes compensa. Qual o crime? Invasão de propriedade particular. Qual a pena, heim?
6.12.08
Último dia
Praticamente o último dia de aula. Pelo menos pra maioria das crianças foi. Aí então todos vão com a camiseta pra ser assinada pelos colegas, máquinas fotográficas, uma alegria que não se vê ao longo do ano todo. Não que eles não seja alegres, são crianças, mas parece que o cansaço do ano todo vai embora. Enquanto nós, professores, estamos com a pilha lá no finalzinho, eles estão eufóricos.
Nem sei quantas camisetas assinei hoje. Nem em quantas fotos apareci ao lado das crianças. E sou obrigada a confessar que senti um certo aperto quando notei que vou ficar um tempo longe de alguns. Não sei se é normal, acho que sim, mas me apego muito a algumas crianças em especial, e nem sempre isso depende de nota e comportamento. Acho que é química, simplesmente. Vou sentir saudade deles, da Marilza, dos Lucas (sim, o Kowacevik e o Lima), das Carols, das Taynas, do Murilo, do Igor, do Felipe, das Gabis, do Jean... Giulia, JP, Brian, Marcelle, Marcelo, Filé, Carreira, Arilson, Ale, Thaianne. Mas espero reencontrar todos lá, logo logo, no ano que vem. Ao colocar o nome deles aqui notei que gosto muito de mais alunos do que pensei... acabei não colocando todos.
Mas de fato, a Prô Bel precisa de férias. Já!


3.12.08
Bel e as idéias polêmicas
Capítulo de hoje: elitização da arte
De uns tempos pra cá venho freqüentando mais shows do que o de costume. Um bom show musical é divertimento garantido pra mim, gosto demais. Se rola algum de graça então, aí é a maior festa não é? Nem sempre. Ultimamente tenho achado que não é bom negócio show de graça. Vou explicar o motivo com um exemplo.
Na virada cultural desse ano, em São Paulo, teve Mutantes. Eu tenho todos os cds deles, amo tudo deles. Sabe o que eu consegui ver? Um monte de bêbados atrás de drogas, mulheres, mais álcool, etc, e que nem sabiam quem tava tocando láááá na frente.
Show da Ceumar em Santo André, no SESI. Claro, um evento bem menor do que a virada cultural, o show foi dentro de um teatro minúsculo. ainda assim tinha gente lá que não sabia nem quem tava cantando. E além disso, também não sabia como se comportar numa platéia, ainda mais num lugar tão pequeno. Algumas pessoas simplesmente não paravam de falar enquanto ela cantava.
Será que se cobrassem R$5 essas pessoas teriam ido? Claro que não concordo com ingressos custando R$270, como foi o do Queen, mas o fato é que lá não tinha ninguém que nem soubesse quem tava cantando. Tá tá, então não cobre, mas só entra quem souber ao menos o nome de três músicas, pronto. Ou o nome de um disco. Ou ainda de um integrante da banda.
É, ando revoltada com a falta de noção desse povo... e domingo tem Cordel do Fogo Encantado aqui pertinho, em Paranapiacaba. Curto demais, e espero que ninguém que não goste vá lá atrapalhar o domingão de show. Humf!
P.S.: Esse texto tava escrito fazia um tempo... tempo que tem me faltado. Preciso de férias.


9.11.08
Tudo pra mim!!!
Sol. Sorvete de chocolate. Cerveja gelada. Praia com sol e cerveja gelada. Ouvir música. Ouvir o barulho da água caindo. Chuva forte. Dias frios na cama. Dias quentes na grama. Cheiro de mato. Cheiro de dama-da-noite. Cheiro do mar. Som do vento nas árvores. Deitar no chão pra ver as estrelas. Entrar no carro pra viajar. Falar besteira com as amigas. Não ter hora pra dormir. Não ter hora pra acordar. Acordar com o toque da mão dele. Café da manhã. Café o dia todo. Música o dia todo. O abraço dos alunos. A atenção dos amigos. O olhar fixo das crianças enquanto falo. O beijo dele. Receber uma ligação inesperada. Festa, festa, festa. Sair pra comer. Sair pra beber. Sair pra dançar. Rapidinha antes de sair de casa. Carinho olhando no olho. Fazer uma foto perfeita. Ver fotos. Ver obras de arte. Assistir filmes. Passear, pra todo e qualquer lugar. Não planejar nada, fazer tudo. Tudo ao mesmo tempo agora!


5.11.08
Eu, Prô Bel, 28 anos, responsável. Eu?
Hoje teve reunião de pais, foi a última do ano, pois no quarto bimestre não fazemos reunião, os alunos apenas vão no dia marcado, lá pro meio de dezembro, pra ver na lista o tão esperado 'aprovado', ou não. O fato é que não me acostumo nunca com a reunião de pais.
Acho o maior barato fazer reunião. Desde que comecei a dar aula, mesmo quando era só professora substituta, já fazia reuniões com os pais. Já devia ter acostumado, mas é muito estranho aquelas senhoras e senhores vindo perguntar dos filhos e pedir conselhos. Engraçado como eles confiam na gente, como depositam todas as fichas em nós. Alguns sabem que passamos mais tempo com os filhos deles do que eles mesmos. Outros também devem saber que nós sabemos mais do que eles da vida dessas crianças.
Mas o que eu mais acho estranho, e não consigo me acostumar é com o fato deles virem até a professora, no caso eu, a Bel, e me depositarem tanta confiança e responsabilidade. Às vezes acho que não sou responsável nem comigo mesma, nem de mim cuido direito. Como vou cuidar dessas crianças? E não é algo que só eu acho não. Muitas pessoas que conheço (muitas mesmo) dizem que pa-ga-ri-am pra me ver dando aula, sinal de que não sou assim uma pessoa que inspira responsabilidade mesmo.
Mas no entanto eles vão lá, sempre falar com a Prô Bel. Acreditam nela. Eu heim...


3.11.08
Não consigo ser alegre o tempo inteiro
Principalmente quando começo a ver a decoração natalina pela cidade, e as lojas cheias de árvores de natal pra todo lado. Aos 28 anos sou obrigada a confessar, é verdade... não gosto dessa época. E não é que eu não seja uma pessoa festiva e tal, pelo contrário, pra mim, tudo é festa. Mas essa época é difícil. Vamos às prováveis causas:
Faz seis anos que sou professora. Essa época do ano é a mais tensa dentro de uma escola. Os alunos não aguentam mais, os professores também não, todos querem férias, e é a época em que todo mundo quer nota, principalmente nós, professores. É só stress.
Festas de final de ano. Sabe, não tenho saco pra confraternizações, principalmente no trabalho. É sempre a mesma coisa, o povo que passa o ano todo querendo se matar, de repente, viram todos amigos. Tô fora, minha parte eu sempre quis em dinheiro.
Festas familiares. Não, o problema não é ser festa de família, mas aqui em casa é estranho. Fica todo mundo esperando dar a hora, aí se abraça, come e vai dormir. Emocionante.
Acrescente a tudo isso sucessivas experiências ruins. É, anos atrás, Natal e Ano Novo era motivo de apreensão e privação de certas coisas. Não vem ao caso comentar cada uma delas, o fato é que por um bom tempo, não tive 'boas festas' não.
Acho que tudo isso me deixou traumatizada. Por essas e outras que quanto mais chega perto o final do ano, mais tenho vontade de sumir do planeta viajar. Mas acho que a questão nem é viajar, ir pra longe... acho que seria só sair do meio em que passo o ano todo, ou que passei os outros finais de ano. Será que preciso de terapia?
E que venha logo o carnaval!!!
PS: Preciso voltar mais vezes por aqui, tanta coisa acontecendo...


15.10.08
A fotógrafa
No dia do professor, o destaque não veio pra professora. Aliás, nunca vem mesmo, já é de se esperar. O destaque veio pra fotógrafa! É, muita coisa acontecendo, e uma delas foi o Helvetia Music Festival, um super evento de música eletrônica que rolou em Indaiatuba-SP. O site !Oba Oba selecionou alguns fotógrafos pra cobertura, e lá fui eu. O trampo foi punk, correria mesmo. Percebi que não manjo nada de fotografia, principalmente de técnica, tenho muito, mas muito mesmo pra aprender. Mas qual não foi a minha surpresa ao ver duas das minhas fotos lá na página inicial do !Oba Oba hoje! Tive a capacidade de printar as telas, afinal, não é sempre que se é destaque não é mesmo???
Ah, esse aí é o fotógrafo, quem tá me levando pra essa brincadeira nova. Tô devendo a minha alma pra ele, ele sabe. ;-*
Ovindo Cérebro Eletrônico, Me atirar na orgia. Porque não consigo parar de ouvir esses caras.


5.10.08
1.10.08
Ela tá me perseguindo!
Já teve a impressão de que algo te persegue? Eu estou tendo, já tem uns três dias. Desde o começo da semana que, ao ligar o rádio em diferentes horários, me deparo com ela, aquela música que tem o dom de me deixar meio deprimida de vez em quando. Não porque eu não goste dela, ela é linda. Mas fala de coisas que realmente me atormentam... Aí vai a letra dela.
A LISTA
Oswaldo Montenegro
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?


30.9.08
Autoramas - A 300 Km/h
... só porque essa música é uma graça!
Correria, final de bimestre, não dá pra pensar nem postar nada aqui, então aí vai um som só pra tirar a poeira daqui.


20.9.08
Segura na mão de Deus
Tarde quente. Ela ainda era professora substituta, ou eventual, como dizem por aqui. Por isso mesmo, conhecia todos os alunos melhor do que muitas professoras titulares de cargo. Chegava a entrar 6, 7 vezes por semana em cada sala de aula, quando as outras entravam no máximo 5 vezes. Conhecia todos por nome, sabia onde a maioria morava. E por isso resolvia a maior parte dos problemas de indisciplina da escola.
Como disse, a tarde seguia quente. Com calor, os alunos se exaltam. Um se exaltou mais, foi necessário chamar a mãe,que apareceu quase na mesma hora. O diálogo que se seguiu foi mais ou menos assim:
- Mãe, o fulano fez isso, isso e isso. Ele não pode continuar agindo dessa forma. Quantas vezes a senhora já veio aqui só esse ano por conta do comportamento do fulano? (tinha aprendido a chamar o aluno pelo nome, não como 'seu filho')
- É, professora... eu não sei mais o que fazer com o meu filho não.
- Mãe, o fulano tem só 12 anos! Geralmente os problemas estão apenas começando nessa idade, mas a senhora, como mãe, tem que impor limites, ele precisa disso.
- Olha, professora, eu entreguei nas mãos de Deus. Não sei mais o que fazer, agora Deus é que vai cuidar e guiar o caminho do meu filho.
Nesse momento a professora respirou fundo. Outra vez.
_ Na mão de Deus então? É isso? Tudo bem, pode deixar.
- Posso ir embora, professora?
- Pode sim. E leve seu filho, que hoje nem Deus guiou o caminho dele.
Seguiram-se dias, semanas. A conversa foi ouvida pelas colegas, e cada vez que o garoto aprontava, a primeira coisa que falavam era: reze, em voz alta pra ver se resolve, afinal, é com Ele agora. Outras diziam pra fazer a tal da DDI, que o Raul falava. A partir daquele dia, a professora começou a entender que haja o que houver, resolva com o aluno, é quase sempre melhor. Evita maiores decepções.


4.9.08
Manual de sobrevivência na casa dos pais aos trinta
Não que eu já tenha 30 anos, mas tô quase lá, e acho que não muda muita coisa entre os 28 e 30 anos. Aquele papinho de sempre com certeza é o mesmo nessa faixa etária pra todas as meninas... Não casou? Não tem filhos? Mora com os pais... ainda???? É, a vida não é fácil para nós. Por isso estamos desenvolvendo o novissimo manual de sobrevivência na casa dos pais aos trinta! Segue uma prévia do manual.
- Finja que não é com você. Quando, no seu quarto, escutar alguém na cozinha dizendo 'ela vai sair hoje?' ou 'ela vai sair de novo?', ou ainda 'mas essa hora?', finja que não é com você. Faça de conta que não escutou e saia com a maior cara de paisagem. Com o tempo isso se torna automático.
- Nunca diga a hora real que você pretende voltar, principalmente se for depois das 5h. Diga que voltará às 3h, estarão dormindo mesmo e assim você evita que reclamem já antes de você sair dizendo 'É muito tarde, tente voltar antes'. Se a padaria já estiver aberta, leve o pãozinho, vão adorar! Se não for voltar, avise. Evita o celular tocando antes das 8h.
- Evite o contato entre as amigas e o pessoal de casa. Sempre vão achar que a amiga é uma péssima influência, afinal, é por causa dela que você está passando a noite fora.
- Nunca conte que conheceu alguém interessante na noite anterior. Nunca! Acredite, seus pais não precisam saber, assim você evita comentários desagradáveis do tipo 'vamos ver se com esse dá certo, né?'.
- Sempre, sempre pense na possibilidade de sair de casa, uma hora você pode precisar mesmo. Enquanto isso não acontece, pague uma conta da casa, é uma forma de dizer que você não mora às custas dos pais.
- Mulheres falam demais, mas evite dar detalhes do que tem feito aos finais de semana. Onde foi, com quem, o que fez, geralmente não é do gosto da sua mãe. Evite transtornos para todos.
Como disse, é só uma prévia do manual. Quem tiver mais dicas, posta aí nos comentários, por favor. Lembrando que o manual não se aplica a todas. Existem pais tolerantes que entendem a vida de uma moça aos 30. Mas existem os que acreditam que voltamos a ter 15 anos, é o caso dos meus.


1.9.08
Ilegais
Dessa nossa vida
E será uma maldade veloz
Malignas línguas
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam
Ilegais
Eu só sei que eu quero você
Pertinho de mim
Eu quero você
Dentro de mim
Eu quero você
Em cima de mim
Eu quero você
Desse jeito vão saber de nós dois
Dessa nossa farra
E será uma maldade voraz
Pura hipocrisia
Nossos corpos não conseguem ter paz
Em uma distância
Nossos olhos são dengosos demais
Que não se consolam, clamam fugazes
Olhos que se entregam
Olhos ilegais
Eu só sei que eu quero você
Pertinho de mim
Eu quero você
Dentro de mim
Eu quero você
Em cima de mim
Eu quero você
Só porque tô feliz, mas cansada demais pra escrever algo com minhas palavras.


26.8.08
Discos e histórias
Eu amo música, acho que desde que eu nasci. Minhas mais antigas lembranças já têm trilha sonora. Lembro quando, ainda muito pequena, tínhamos uma vitrola daquelas tipo maleta. Era uma maleta de couro marrom. Eu pedia pra minha mãe colocar meu disco da Arca de Nóe pra ouvir, sempre. Arca de Noé, pra quem não conhece, é um disco em que grandes da MPB cantam poemas do Vinícius de Moraes. Ouvia também os vários discos de música sertaneja que a minha mãe tinha e uma coletânea do Raul. Louco também era um disco do Tayguara. Ah, claro, uns Robertão pra variar e um Nat King Cole, em espanhol. Isso foram os sons da minha infância.
Na adolescência tudo isso ficou pra trás, ou quase tudo. O do Raul não. Esse foi pra minha coleção, que a cada ida pra Galeria do Rock aumentava. Voltava de lá com vários discos. Depois passei a comprar CDs também, mas os discos continuam até hoje por aqui, no meu quarto. Não sei mais quantos são, perdi a conta.
Outro dia peguei pra arrumar, limpar, escutar alguns. Cada um tem uma história. CADA UM. Alguns são presentes, alguns eu comprei, cada um numa situação, numa época diferente. Dias especiais, pessoas especiais, coisas que ficaram pra trás. Esse da foto é um Secos e Molhados, o segundo deles. Comprei na Relics, uma loja que era parada obrigatória lá na Galeria. Peguei ele na mão só pra ver, sempre via esse disco custando uma fortuna. Olhei o vinil, tinha umas 'coisas' nele, como se tivesse respingado vela ou sei lá o que. Passei a unha e saiu. Olhei o preço, algo equivalente a R$10 hoje. Muito, muito barato. Provavelmente era por conta das coisas respingadas nele. Naquele dia voltei pra casa com o Secos e Molhados e fui logo depois esnobar os amigos, afinal, ninguém tinha aquele, e com encarte! Posso dizer com certeza, esse foi um dia feliz!
Daria pra montar um blog só com as histórias que tenho pra contar sobre esses discos. Como algo pode trazer tanta lembrança junto?


20.8.08
O Chico e eu
Por conta de um antialérgico sedativo que estou tomando tenho passado o dia com um pouco de sono. Hoje cheguei da escola e deitei na cama só pra descansar um pouquinho. Logo 30 minutos depois o telefone tocou, e acordei. O Chico! Eu tava sonhando com o Chico Buarque! Tentei voltar a dormir, e a sonhar, mas não deu. Lembrei que costumo dizer que adoraria ser amiga do Chico. Vamos imaginar...
Você lá, no bar, tomando uma cervejinha com o Chico. Aí bate aquela fome, você sem grana. Aí ele vira aqueles olhos azuis pra você e diz: "Vamos lá em casa que a mulher vai fazer uma feijoada". Eu nem gosto de feijoada, mas diz que vai ter mais um monte de cervejas geladas, um torresminho... Ah, meu amigo!
Imagina ser amigo de um cara que escreve a música Cálice na década de 70? Ou de um cara que inventa um pseudônimo pra escrever letras 'censuráveis' durante a ditadura e não contente, ainda inventa de dar uma entrevista como o pseudônimo?
Ah, mas o cara vem de boa família. Certa vez um repórter, ao visitar a casa dos pais do Chico, escreveu que a mãe dele estava num canto da sala tomando o seu wisky. Chico ficou bravo quando leu tal infâmia e reclamou: Wisky nada, era pinga!
Um cara que consegue ver poesia no cotidiano, no marginal velho e novo, na conquista do Brasil, no carnaval... No mínimo assunto esse cara tem pra conversar. Quem sabe ele até me escrevesse um Samba de Orly, um Bye Bye Brasil?
Quanta prentensão a minha... o remédio deve estar causando alucinações.


17.8.08
Fim de noite
Chegou em casa, tomou um banho. Sentou pra ver e-mails, recados e afins. Queria escrever algo pra alguém. Ligou o rádio pra distrair. Notou que não precisava escrever, já estava escrito e cantado. Apropriou-se das palavras do Lulu.
Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido...


14.8.08
Salvando a noite
Estava eu lendo minha cota diária de inutilidade quando me deparei com o maior achado dos útimos tempos. Lá no flog da minha amiguinha Ally tinha um post dedicado inteirinho ao siteTolices do Orkut. Gente, quem já viu isso? Digo, com toda a certeza, mudou minha vida. Trata-se de uma galera que fica procurando idiotices lá no Yogurt e depois publica no site e na comunidade. Diversão rápida e garantida! E eu que me divertia com a comunidade Anão vestido de palhaço mata oito!
Isso sim é prestação de deserviço!!!!


13.8.08
Cara de anjinha
No início dos anos 90, ele disse pra minha mãe:
- A sua filha é muito boazinha, tem até cara de anjinho, uma gracinha!
Quase vinte anos depois estou trabalhando, levando um aluno doente para a diretoria. Na sala da diretora tem alguém que não conheço, não é da escola. Saí, tomei uma água é já ia voltando pra sala de aula:
- Professora, você não estudou na escola do Jd Ana Maria?
- Sim, por quê?
- Você era sobrinha da Professora Irinéia, filha da Dona Lourdes, não?
E eu olhando para aquele senhor, tentando lembrar ao menos o nome dele. Professor Ivan! O professor de Educação Física, aula que abandonei na primeira oportunidade.
- Nossa, professor! Quanto tempo!
- Você contina jogando a bola na cabeça do professor?
- Putz, achei que só eu lembrava disso...
- E você continua com cara de anjinha!
A conversa se estendeu por mais 10 minutos. Depois o professor ainda passou na minha sala pra ver se conseguia acabar com a concentração da turma, brincando comigo. Está aposentado, foi apenas rever uma antiga colega, a diretora da minha escola.
Será que daqui vinte anos lembrarei de alguma das minhas crianças? Acho que só lembramos de um ou outro, os que marcam mesmo. Mas como eu, tão impopular na escola, teria marcado? Vai ver nem todos eram tão desastrados a ponto de jogar a bola de vôlei direto na cabeça dele.
Voltei pra casa feliz, sem nem saber ao certo o motivo.


7.8.08
Beatles, Beatles, Beatles.
Ontem fui ver uma exposição sobre Beatles num shopping aqui de Santo André. Lá encontrei um grande amigo, e conversando com ele, tive a idéia desse post. Pra provar que Beatles faz parte da nossa vida:
Beatles pra tudo:
- You know my name (Lookup the number) - Pra diálogos sem pé nem cabeça.
- I am the walrus - Pra não dizer nada
- Across the universe - pra curtir um mantra.
- The ballad of John and Yoko - Pra lembrar algum casal de amigos, ou ex casal, ou só pra falar mal da Yoko.
- Oh Darling! - Pra cantar berrando com os amigos, ou no carro, sozinha.
- If I feel - Pra dizer exatamente o que sinto. E pra xingar a Rita Lee, que fez uma versão que eu detestei dessa música.
- Golden Slumbers - Pra esperar o fim da suite, com a frase "And in the end the love you take is equal to the love you make".
- Sun King - pra curtir um momento bicho-grilo na praia, num dia bem quente.
- The fool on the hill - Pra quando me sinto uma idiota, e isso não é raro.
- I want you (She's so heavy) - Sexo. Só consigo pensar nisso ouvindo essa música.
- Something - Pra invejar a Pattie Boyd, por ter merecido essa música, mesmo ela tendo sido uma pilantra com o George depois. Tadinho.
- Good morning, good morning - Pra acordar.
- I'm only sleeping - Pra não acordar.
- Getting better - pra ouvir quando estou feliz.
- She's leaving home - Pra lembrar as vezes que, na adolescência, quis sair de casa. E pra ouvir a voz do Paul, que está linda nessa música.
- While my guitar gently weeps - pra pensar 'como alguém cria uma melodia dessas?'
- Don't pass me by - Pra gostar de algo que o Ringo fez na vida.
- Mr Moonlight - Pras noites de luar.
- In my life - Pra chorar de saudade dos amigos, do que já foi.
- Nowhere Man - pra pensar na fantasia de nowhere man pra próxima festa à fatasia.
A lista não termina aí. Coloquei só as que eu mais gosto e consegui pensar agora. Mas acho que ela vai longe. Aceito sugestões!

