30.12.10

Balanço da década

Hoje li num blog por aí uma lista das 10 melhores e as 10 piores coisas da década e fiquei com inveja. Só que realmente não sei se vou conseguir numerar minha lista desse jeito, mas vamos ver...

Melhores...

- Vi o show do Paul McCartney, que eu achava que nunca veria na vida;
- Passei pela cirurgia de redução de estômago, estou hoje com 68kg, peso que não lembro quando eu tive antes disso;
- Conheci alguém que me traduz, que me agrada, que gosta do que eu gosto e que me acompanha muito além de passeios, como achei que não fosse encontrar;
- Comprei meu carro;
- Aprendi a dirigir e ainda não matei ninguém;
- Com o meu carro descobri que só não vou onde eu não tiver dinheiro pra pagar a gasolina;
- Vi o show dos Mutantes, mesmo sem a Rita, foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida;
- Me efetivei no Estado como professora depois de 3 anos de sala de aula;
- Me formei em duas faculdades: em 2001 foi Ciências Sociais, e 2005, História.
- Me mudei de casa, minha família saiu do aluguel.

Piores...

- Cheguei a pesar 107kg, e ainda achava que estava tudo bem;
- Comprei o carro, mas não terminei de pagar ainda;
- Me efetivei no Estado como professora. Sim, isso aparece como melhor e pior, vivo hoje um misto de amor e ódio com a minha profissão;
-De 20 aninhos pulei pra 30, como da noite pro dia;
- Perdi um amigo;
- Perdi meu pai, companheiro inseparável de Jornal Nacional, sorvete e virado à paulista;

Adoro listas, mas essa não foi fácil fazer. Tanto que nem consegui um número fixo de coisas. No final acho que o saldo acaba sendo positivo, mesmo nas piores coisas. De tudo, o que sobrou foi bom, foram boas lembranças.

20.12.10

Psicanalista?

Querido psicanalista virtual, já que não tenho dinheiro pra pagar um de verdade...

Todos dizem que estou ótima, linda e esses tipos de adjetivos. Mas por que é que o espelho não me diz a mesma coisa? Chego ao ponte de começar a me encher com esses comentários, já que eu não tô me sentindo nem tão ótima, nem tão linda assim, com esse monte de pele sobrando. Mas não vou me prolongar nisso, já que só eu mesma é que penso desse jeito.

Outro problema sério tem sido o prazer nas coisas. Antes era fácil, tava brava, nervosa, triste, ia num supermercado, comprava uma barra de chocolate e comia, devagar e prazerosamente. Hoje isso já não é possível. Um simples sonho de valsa é suficiente pra me deixar de cama com tudo girando. Comer deixou de ser um prazer desde a cirurgia. Mas até agora não entrei outra fonte de prazer que eu possa desenvolver sozinha, dependendo apenas de mim. No começo achei que a academia fosse ajudar, mas na verdade quando chego lá já tenho vontade de vir embora. Dormir tem sido um pesadelo, a leitura também não tem sido agradável, o trabalho prefiro nem comentar. Não tenho tido paciência nem pra selecionar músicas pra ouvir no dia a dia, coisa que pra mim sempre foi essencial, como a água, como o ar. Fotografar, editar fotos, ver e fotografar lugares diferentes, não. Nada disso tem me deixado feliz.

Comprar roupas às vezes me deixa muito feliz! Mas a felicidade passa quando vem a fatura pra pagar.

Ano que vem pretendo começar a yoga, quem sabe? Se não der apelo pro tricô, crochê, bordado, porém são coisas que já me irritavam profundamente desde cedo...

10.12.10

Deve ser isso

Então é assim. Passamos anos junto com eles, dia após dia. Na sala de aula, nos corredores da escola, na internet. Ensinamos o que presta e o que não presta também. Dividimos de tudo: momentos bons, ruins, explosões de ódio, de decepção, de paixão, de surpresa, de comoção, de superação. Dividimos fofocas, impressões, opiniões nem sempre semelhantes. Debates acalorados. Lembro de um dia em que achei que a aula fosse acabar em tapas por causa de uma discussão sobre escravidão.

Durante os anos eles nos provocam os mais diversos sentimentos compreendidos entre o amor e o ódio. Às vezes um só tem o poder de causar, sozinho, tudo isso. E dentro de 50 minutos. Fazem confissões, nos abrem o mundo deles, seja para o bem, seja para o mal. Os vejo crescer, acompanho as mudanças mais significativas na vida deles, e de perto. Desde a mudança na estatura, as formas do corpo, o tom da voz, o primeiro beijo, o primeiro amor, até os primeiros passos pra uma profissão. Alguns se encaminham para o que gostam logo no começo, mesmo inconscientemente.

Mas aí um dia eles crescem e vão embora. Começam a se virar sozinhos. Te dão um abraço, agradecem por tudo, e vão seguir a vida em outros lugares. Hoje uma turma querida apresentou uma peça de teatro com direito a festinha no final e eu fui uma das convidadas de honra. Eles cresceram, se viraram sozinhos, já não precisam da gente organizando tudo. A peça foi praticamente toda feita por eles, a festa também. Eles cresceram e estão indo embora. Alguns talvez eu nunca mais veja, irão fazer cursos técnicos fora da escola. Me mataram de orgulho.

Deve ser isso amor materno. Gosto tanto deles que não consigo explicar o que realmente sinto. Como disse, alguns me provocaram o ódio e o amor em pouquíssimo tempo.

Deve ser isso. Deve ser amor.