31.3.08

A primeira vez

A primeira vez a gente nunca esquece. Hehehe. Foi o primeiro selo que recebi! E ainda dizendo que sou uma Diva! Obrigada, Mila!!!!
Ah, agora tenho que passar pra alguém, né? Então, é um selo de mocinhas, vou passar pras poucas que andam por aqui e ainda não tem:
Cinema da Vida, pois ser professora é ser Diva;
Letícia, que tem um blog tão gracinha que só pode ser Diva também.

Meninos, o dia que eu ganhar um adequado, mando pra vocês.

29.3.08

Quase Édipo

Reparou na inocência
Cruel das criancinhas
Com seus comentários desconcertantes?
Adivinham tudo
E sabem que a vida é bela
(Só as mães são felizes, Cazuza e R. Frejat)

Era um dia comum. Na última aula, a professora foi dispensando os alunos que já haviam terminado a atividade. No final ficou apenas um, um dos mais inteligentes e articulados da sala. Ela estranhou, e foi ver o que estava acontecendo. Ele já havia terminado, estava fazendo pequenas correções.

- Professora, desculpe te fazer esperar, já estou terminando.
- Não tem problema, espero o tempo que for preciso.
- A senhora é casada?
- Não.
- Namora? Mora sozinha?
- Não, e moro com meus pais, assim como você.
- Por que a senhora não namora?
- Por que não, que pergunta... terminou?
- Se eu fosse dez anos mais velho, ia querer namorar com a senhora.
- Querido, se você tivesse dez anos a mais, teria 21 anos, ainda seria mais velha que você, e de onde você tirou essa idéia? Some daqui que a van tá te esperando!
- Quando eu tiver 20 anos, com quantos anos a senhora estará?
- Velha. Tchau.

E ele se foi. Ela juntou as coisas, pegou a bolsa no armário e foi para o carro. Durante os dez minutos que leva da escola pra casa foi pensando.

- Quantas vezes ainda terei que passar por isso? Onde é que estou errando na minha aula? O problema sou eu?

Citações do dia

No Orkut:
Sorte de hoje: Há uma carta ou mensagem alegre chegando para você
Digo logo: quer me falar algo, fala logo, não mande mensagem. Sou amigável, por mais que eu não goste, sou uma lady, não vou te mandar pra pqp tão fácil. E tô precisando de notícias alegres, please. Agredeceria um aumento no salário. Por algumas aulas na escola particular, seria eternamente grata.

No rádio, voltando pra casa:
Chorando No Campo
(Lobão - Bernardo Vilhena)

A chuva cai chorando
E o meu amor vai e vem
No céu, no chão
A rede vai e vai levando
A noite além da noite
Me faz lembrar o que eu não vivi
Toda essa história esse segredo
Memórias num vendaval
Pela estrada enquanto eu passo
O cinema é só ilusão
Vou chorando pelo campo
No meio do temporal
A chuva dá saudades
De um lugar que eu nunca fui
E o vento vai soprando
Um choro tão distante
Pela estrada enquanto eu passo
O cinema é só ilusão
Vou chorando pelo campo
No meio do temporal.

Essa música, com a chuva realmente caindo, triste, fina, fria, e eu só, no carro, no trânsito parado próximo ao cruzamento da linha do trem, me sensibilizou. Puta cena surrealmente triste. Acho que tenho me sensibilizado com pouco. E hoje é sábado, putz.

26.3.08

Não sou eu hoje

Hoje não vou escrever aqui. Quem vai escrever por mim, quem fala por mim hoje é Carlos Drummond de Andrade. Acabei de ler esse poema, não tem como não publicá-lo. Caro Drummond, somos íntimos, perdoe-me se te uso às vezes. Esse poema foi publicado no livro Sentimento do Mundo, de 1940. Acabou de ser lançado na coleção da Folha.

POEMA DA NECESSIDADE

É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir todos nós.

É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.

É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.


É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas,
e anunciar o FIM DO MUNDO

24.3.08

Mais inutilidade pública

Sabe o desenho do South Park? Então, tem um site que já faz um tempo que conheço, e relembrei ontem. Você entra lá e monta o seu bonequinho, com as suas características, ou dos seus amigos, enfim, se diverte mais ou menos enquanto não tem o que fazer, claro.

Pessoas maldosas podem até dizer que é falta do que fazer, eu não ligo. Digo mais, aposto que todo mundo vai lá montar o seu. Vou além e ameaço, sou capaz de montar o de muita gente, e ainda publicar, só o meu é que não ficou tão legal, mas os dos outros, eu me divirto montando. Aviso dado, rsrs

O meu é esse aí, e até que ficou parecido...

Depois dessa e do nome em grego, até criei um marcador novo: Prestação de (de)Serviço. Aposto que, com o tédio que anda a minha vida, esse marcador vai bombar! Aguardem!

23.3.08

Hit Greek!

Quer saber como se escreve seu nome em grego? Eu fui lá e digitei o meu:


My name in Greek:




Ah, sou Isabel.

Putz, isso sim é falta do que fazer... Chocólatra assumida, estou passando o dia totalmente entregue ao vício. Amanhã é o dia da ressaca. Dizem que o chocolate substitui algumas coisas... será?

22.3.08

Salve, salve, torrão Andreense, gigantesco viveiro industrial!

Hoje vou escrever sobre a cidade em que nasci e vivo até hoje, Santo André. Por que? Oras, primeiro, pela total falta do que falar, segundo, fiquei com inveja da Mila. Então vamos lá.

Santo André é uma cidade que começou errada. Comemora a data de aniversário no dia da fundação da Vila de Santo André da Borda do Campo, que existiu realmente por aqui, na região, mas nenhum historiador sabe dizer exatamente onde foi. O povoado foi fundado pelo misterioso João Ramalho, português provavelmente degredado, e em 8 de abril de 1553, foi elevado a categoria de Vila pelo então governador-geral Tomé de Souza. Tá, tá. Só tem um probleminha aí: essa vila foi extinta em 1560, quando a sua população foi transferida para a Vila de São Paulo, devido aos estressados vizinhos Tamoios. Aí, em 1889 é criada a cidade de São Bernardo do Campo, que incluía toda a região hoje conhecida como Grande ABC, e só em 1910 é que resurge a cidade de Santo André, primeiramente como um bairro de São Bernardo, o bairro da Estação, por onde passava a linha de ferro da São Paulo Railway. Viva Dom Pedro II e o Barão de Mauá. Bom, adivinhem quando se comemora o aniversário da cidade? Sim, dia 8 de abril, esse ano comemoraremos 455 anos. Ainda no campo histórico, existe uma verdadeira 'corrida ao ouro' entre os historiadores daqui, todos em busca de qualquer vestígio da antiga vila. Um deles afirma que nem foi em Santo André mesmo. Enfim, uma cidade que comemora o dia de aniversário na data errada, não deve ser séria mesmo.

Saindo do campo histórico e teórico, vamos à prática. De Santo André até o centro de São Paulo, levamos em média 30 minutos de carro. É relativamente perto, mas tente pegar uma balada na Vila Madalena ou em Pinheiros sem carro. Você não chegará nunca. Não temos um sistema de transporte dos melhores nem dentro da cidade, muito menos para fora dela. Dependendo do percurso, é possível que você tenha que pegar três conduções para ir de um ponto a outro dentro da cidade.

A cidade é grande, mas com ares de interior. Tem a Rua Figueiras, onde todos se encontram pra balada em algum dos milhares de bares todos iguais. Sexta-feira, depois das 23h, não tem onde comer. Sábado, após a 1h da manhã, não se entra mais em bar nenhum, estão todos 'fechando'. Domingo não há o que fazer. Temos três shoppings, e é esse o grande programa da família andreense. Sim, temos alguns parques públicos também, bem agradáveis por sinal. Tem um que é aberto 24h, o atual Pq. Prefeito Celso Daniel. É, tem essa ainda, temos um prefeito assassinado. Lembram? A cidade parou naquela ocasião. Ah, junto com São Bernardo, somos o reduto do sindicalismo, o berço do PT. Isso sem citar ainda o movimento anarquista que houve por aqui também, do qual até Adoniram Barbosa teve pequena participação, antes de virar o cara do Samba do Arnesto.

Ah, claro. Ainda temos uma cidade histórica, Paranapiacaba, que foi contruída pelos ingleses na ocasião da construção da linha de ferro, a São Paulo Railway. Mas essa rende outro post bem grande, hoje fiquem apenas com as fotos. Apenas saibam que pra chegar nela, passamos por outras três cidades! Mas é um programão ir pra lá, vale a pena.

Acho que, em linhas gerais, consegui falar bem daqui. Nasci aqui, vivo aqui, e não sei se um dia saio daqui. Apesar de tudo, gosto daqui. Mas que a cidade é estranha, isso é. Ainda em tempo, se quiser ver na Desciclopédia, tem um panorama mais ou menos verídico daqui.

19.3.08

Carta desapaixonada

ou O Fim do Nada

Ontem nos vimos, hoje também, na mesma carona. Isso não significa que as coisas sejam como antes, entenda. Muita coisa mudou desde aquele novembro, quando nos conhecemos e fiz de tudo por um contato, qualquer coisa que viesse de você, migalhas dormidas do teu pão.

Não é estranho, não sou má, nem quis brincar com você, apenas tudo mudou. Não tenho alguém e nem quero mais ter você. Não imagine que te quero mal, apenas não te quero mais, já quis, já passou. Sim, quero outro, não você.

Se você tem perguntado sobre mim, deve sabe que a ordem das coisas na minha vida segue rápido, a mesma rotina: quero, tento (às vezes muito), não consigo, desisto. E hoje eu sigo sozinha, sempre no meu caminho, solta e apaixonada. Coração ligado...

Ironicamente, quando desisti você lembrou de mim, passou a perguntar a todos que me conhecem, rodear, chegando cada vez mais perto. Sei, sei, entendo. Fiz o mesmo alguns meses atrás. E mesmo todos dizendo o que devo fazer, ninguém vai me dizer o que sentir.

Hoje a única coisa que te ofereço é uma carona se te encontrar no caminho, mas não me espere. Sinto muito. Aliás, não sinto. Não tenho culpa, nem você, apenas não aconteceu, e nem vai acontecer.

SOU MAIS FELIZ
Pedra

Se já disse tudo o que tinha a dizer,
esse papo já não dá mais pé, pra nós.

O amanhã se pode escrever diferente,
se sou eu que traço a linha do que me faz bem.

Mas já não quero mais, teu amor já não me satisfaz.
Quem sabe sou mais feliz.

Mas venho me acompanhando há mais de um ano.
E tô sempre comigo mesmo,
Da hora que acordo, até a hora que consigo dormir.

Então, se disse tudo o que tinha a dizer.
Esta noite eu tenho planos, e já não incluem você.

Mas já não quero mais, teu amor já não me satisfaz.
Quem sabe sou mais feliz.

Amigos que já nem temos mais, pelas portas que trancamos.
Costuram a nossa solidão.

Mas já não quero mais, teu amor já não me satisfaz.
Quem sabe sou mais feliz.

18.3.08

Números

Hoje completa exatamente um mês de aula. 30 dias em sala de aula. Hoje completei as atividades de uma sala de aula para a chamada "quarentena", o período que o governo do Estado determinou como sendo a "recuperação". Foram 177 atividades corrigidas, de 41 alunos, o que dá uma média de 4,32 atividades por aluno. Deveria ter sido, na realidade, 5 por aluno, mas que seja.

Isso foi só de uma sala. Tenho 10, faltam 9. Cada uma com uma média de 40 alunos. Contando com os que simplesmente não fazem, terei mais ou menos 180 atividades de cada sala pra corrigir ainda, portanto, 1620 atividades. Juntado com as que acabei de corrigir serão aproximadamente 1800 atividades. Em um mês. Ah, é, ainda tem a redação que será a avaliação final da "quarentena", coloca aí mais 400 folhinhas. Total 2200 Isso se alguns não fizerem...

Sou péssima de matemática, pode ter algum erro, mas é só pra ter uma base do meu desespero nesse momento.

Ainda dizem que professor não trabalha, só dá aula.

No Orkut

Sorte de hoje: Pare de procurar eternamente; a felicidade está bem ao seu lado.

Direito ou esquerdo? Poderia dar a hora em que isso acontece? Please?

Falando em sorte e felicidade, estou concorrendo a um par de ingressos pro Rod Stewart e pro Doors. Ozzy? Não, obrigada, pra esse eu já comprei. A esperança é a última que morre. E como diria uma professora da época da faculdade de Ciências Sociais, "mas um dia morre".

17.3.08

Santo André, 18h20 pm

Hoje choveu o dia todo na cidade de Santo André. Escolas já possuem uma arquitetura, ao meu ver, depressivas (ou repressivas?). Num dia escuro como o de hoje, é angustiante passar a tarde trabalhando numa escola, chego a agradecer aos alunos por terem vindo.

Mas hoje, ao final da última aula, parecia que os deuses pintaram, sob encomenda, um lindo pôr do sol. Sim, com chuva e tudo. Pela janela quadriculada da sala de aula, entre as cortinas quase brancas, lá estava ele, o crepúsculo, o horizonte com aquele tom alaranjado, lindo, lindo.

Existe algum deus responsável pelo entardecer? Aceito grego ou romano, tanto faz.

...

Em tempo: hoje faz aniversário o Plano Collor. Lá se vão vinte anos daquela patuscada, como diria o próprio. Eu tinha dez anos, e embora meus pais não tivessem um puto pra ser confiscado, eu lembro do episódio, sempre gostei de noticiários, plantões e pronunciamentos oficiais. Fui procurar no youtube o vídeo, e não achei o original, só reportagens relembrando o fato. Uma pena. Me fez lembrar do filme Terra Estrangeira, do Walter Salles, em que a mãe de um dos personagens principais morre, logo no início, em decorrência de um ataque do coração, por causa do confisco. Aí aparece a cena da Zélia na TV, dizendo que era necessário "fechar as torneirinhas". Pô, esse filme é demais, assistam. Destaque para a cena da Zélia e para a que a Fernanda Torres canta Vapor Barato. Só vendo.

...

Ainda, em tempo:

Foto tirada sexta-feira, na minha primeira comemoração de aniversário. Primeira porque teve a segunda, que foi no sábado. Essa foi na Thaberna da Bruxa, e a de sábado, no Autobahn. Dias agitados... Essa é a única foto em que apareço, acho que é o primeiro aniversário que não tiro fotos, por que será?

Por que não fiz três posts separados, heim? Quantas perguntas!

16.3.08

Sobre a Bel

A Bel, a dona desse blog, é uma pessoa legal, mas um tanto complicada.
É carente de amigos, mas à vezes manda todos passear pra ficar sozinha. Às vezes também faz coisas que gosta, mas não deve. Às vezes gosta mais do que o normal de alguma pessoa e não se aguenta, tem logo que falar. Detesta joguinhos de sedução, gosta das coisas práticas. Precipitada ao extremo, é acostumada a sofrer por antecedência. Não gosta de contar tempo, nem passado, nem futuro, detesta cronologias, embora seja professora de história. Acredita que o tempo é sempre relativo. Paciência nunca foi o seu forte, imediatista, detesta as palavras SE e AMANHÃ.
Detesta o dinheiro, odeia, gasta tudo o que tem, com qualquer coisa e com as pessoas que gosta, sem um pingo de dó. Gosta muito de uma boa balada, mas se diverte com coisas simples também, como um passeio no parque, um filme no sofá de casa, uma cerveja na cozinha com alguém.
É simples, não gosta de mulherices, adora andar de tênis. Ama perfume, doces e mordidas na orelha. Tem grande dificuldade em manter longas amizades e iniciar relacionamentos. Trabalha no que gosta, mas às vezes não gosta de trabalhar.
Já descobriu que é uma só, imperfeita, teimosa e agora tenta aprender a viver um dia de cada vez, e essa, no momento, tem sido a maior dificuldade da sua vida. Afinal, por que as coisas demoram tanto pra acontecer?

14.3.08

14 de março

Hoje, no Brasil é o dia nacional da Poesia.
Na Irlanda, é dia das Sereias e dos seres do mar.

Também é o dia em que nasceram Albert Einstein, Glauber Rocha e Johann Strauss. Morreu Karl Marx.

28 anos atrás, eu nasci.

12.3.08

Do limite ao milagre

Qual o exato momento que começamos a gostar de alguém? Como e quando isso acontece? Se soubessemos o momento exato, o limite, poderíamos brecar, pensar se é viável ou não, e seguir em frente, ou não.

Mas alguém me perguntará, "Mas onde é que estaria a graça?". E eu responderei: Onde é que está a graça de se gostar de alguém e não conseguir continuar a história? Seja por timidez, por incompatibilidade de interesses, por falta de tempo, por falta de auto-confiança, sempre tem algo que emperra.

Aí, diante desse monte de obstáculos, pessoas acabam aderindo ao famoso amor platônico. Sim, aquele que a pessoa fica feliz só de ver o ser amado. Falar com ele já deixa o apaixonado nervoso, com o coração palpitando, com as mãos suando, dependendo do assunto. Pior é quando se encotram, o apaixonado fica sempre procurando a hora exata de dizer o que quer dizer, e nada, não sai, não consegue. Nessa hora, não consegue sequer olhar nos olhos da pessoa em questão. Prefere ficar com o olhar distante, esperando alguma providência divina, um milagre mesmo, que faça o outro ler seus pensamentos. Mas milagres não acontecem, nós é que temos que fazê-los. Incompetência divina...

E nem tô falando de amor, tô falando daquele sentimento que se tem, que não se sabe ao certo o que é ainda, quando se pensa na pessoa o tempo todo, espera um tempão por um simples 'oi', ou ainda, quando fica procurando motivos, dos mais idiotas só pra um encontro. Deve ser obcessão. A paixão é obcessiva, não?

Situação ridícula essa. De aniversário, quero um milagre.

11.3.08

Mudanças

Estou quase fazendo 28 anos. Faço na sexta, daqui dois dias. 28 é quase 30. A crise de idade vai me acompanhar pra sempre? Tanta coisa tá mudando...

Pela primeira vez na vida não quero mais morar com meus pais. Pela primeira vez na vida sou independente, faço o que quero, quando quero, com quem quero, até a hora que quiser. Pela primeira vez na vida, estou mandando o mundo pro inferno pra poder fazer o que eu quero.

Não lembro de ter perdido uma calça jeans por estar larga, pelo contrário. Hoje vesti uma que não deu pra usar, nem com o cinto. Dizem que o amor engorda, logo, a falta dele deve emagrecer. E ainda não sei se estou emagrecendo pra mim ou pro mundo. O mundo é cruel quanto a isso.

Nunca tive problemas em dizer o que sinto, agora tenho. Nunca me senti tão contraditória dentro de mim mesma, com tantos conflitos internos, tantos "como?", "quando?", "por quê?". Nunca quis tanto uma coisa que não sei como conseguir, e é isso que tem me deixado angustiada. Acho que é isso, mas nunca foi assim. É a idade que deixa a gente idiota? Não deveria ser o contrário?

Pra ler ouvindo Changes, do David Bowie
"Changes
(turn and face the strange)
Changes
Don't wanna be a richer man
Changes
(turn and face the strange)
Changes
Just gonna have to be a different man
Time may change me
But I can't trace time"

9.3.08

Professores vão ao cinema

O aviso foi feito. "Cinema no sábado à noite, cruzcredo!", disse o sábio Edu. Mesmo assim fui. Cheguei no shopping já passava das 21h, e ainda estava daquele jeito que a gente conhece, lotado, pessoas se matando por uma vaga, por um banco no corredor, por uma mesa na praça de alimentação. Fomos pro cinema, eu e minha fiel companheira pra qualquer coisa, a Karen.

Escolhemos um filme "inteligente"... 10.000 a.C.. E foi aí que começou o verdadeiro problema. Sou professora, a Karen também. Eu de história, ela de Artes, matérias muito ligadas. O filme deveria tratar de uma época interessantíssima, que, por sinal, quase não é retratada em filmes, o período Neolítico, que vai de 10.000 a.C. até 6.000 a.C. E o que se vê? Um pano de fundo mal feito, mal pesquisado.

Pra se ter uma idéia, aparecem protótipos de caravelas, quando ainda não se fazia tecido... Ouro fundido quando não se conhecia essa tecnologia. E nem vou falar da domesticação dos mamutes na construção das pirâmides que, imaginamos, do Egito.

Enfim, palhaçada total. Saímos as duas putas da vida, olhando em volta e pensando... só nós somos professoras aqui? Ninguém mais notou nada de errado mesmo?

8.3.08

Nosso dia

Sempre penso nessa história de emancipação feminina. Quem diria, 100 anos atrás, que estaríamos onde estamos? Mulheres sustentando casas, criando filhos sozinhas, trabahando em jornadas triplas. Falo isso com conhecimento apenas da minha classe, o professorado, onde é muito comum quem se divide em dois cargos na educação e os serviços domésticos. Mas não é isso que me deixa agoniada.

Hoje não há nada de errado em uma mulher tomar a frente numa conquista amorosa. Mas qual é a mulher que realmente gosta de assumir esse papel? Falo isso por mim. Me vejo cada vez mais independente em todos os sentidos, menos nos assuntos amorosos. Profissionalmente fazemos e acontecemos, mas no campo sentimental, continuamos esperando alguém para fazer e acontecer pela gente. Digo isso por pessoas próximas a mim também. Sempre esperamos um convite, uma ligação no dia seguinte, uma palavrinha que levante o ego da gente. Sim, às vezes damos uma forcinha, demonstramos interesse, e até partimos pra cima mesmo, mas não é isso que queremos fazer sempre. Até porque nos preocupamos de forma exagerada com o que "ele" vai pensar da gente.

Nesse dia mundial das mulheres, eu queria de presente um manual da mente masculina, com alguns passo-a-passo para determinadas situações... Prometo que se eu ganhar, copio e passo pras amigas.

6.3.08

No Orkut

Sorte de hoje: Em breve você mudará seu método de trabalho atual

Boa idéia! Estava mesmo pensando em comprar um radinho, daqueles vagabundos, só pra tocar música durante as aulas. Quem não gostaria de assistir aula de história ouvindo música ambiente? Mas nada de democracia, não sou boa nisso. Começaria com Genesis na segunda; tocaria um pouco de Pink Floyd na terça; quarta um som mais gliter, um David Bowie, um Marc Bolan, Gary Glitter; quinta, o clima mais cansado pede mais hard, então iria variar entre AC/DC, Whitesnake, Purple, Sabbath; sexta, grande dia, só som de pista, começando por Depeche Mode, Front 242, Kraftwerk.

Que tal?

Na aula

- Posso copiar de caneta?
- Posso responder com lápis?
- Posso desenhar?
- Posso virar a folha?
- Posso fazer com lápis de cor?
- Posso usar caneta colorida?
- Posso usar folha pequena?
- Posso usar folha colorida? E com cheirinho?
- Posso usar branquinho?
- Posso responder?

Eu, professora, posso ter um treco no final da aula? Posso surtar? Às vezes eu só queria voltar a ter essa idade e fazer perguntas sem a menor importância.

- Pode, pode quase tudo.

5.3.08

No café (meses antes)

Ele ainda estava chegando quando a viu, colocando sua mala no ônibus. Aquele rosto não era estranho, de onde a conhecia? Não foram em acentos próximos, mas podia ouvir a voz dela quase o tempo todo, e sua gargalhada. Que professora extrovertida, pensou ele.

Chegaram no Hotel onde já preparavam o início do Congresso. "Minha chance, sento perto dela, puxo assunto". Ela sentou com as amigas, que não eram poucas. Ele preferiu ficar longe, só olhando. Ela era tratada de forma diferente pelas colegas, era a mais nova delas, muito mais nova, tornava-a quase uma mascote da turma. Ela andava por toda a plenária, acompanhada ou não, falava com gente de toda parte do estado.

Várias vezes notou ser observado por ela também. Conversando, lendo ou apenas ouvindo as falas da mesa, ela desviava o olhar, procurava por ele. Olhava, via que ele retribuía, desviava o olhar. Depois de quase oito horas nessa troca de olhares, encorajou-se e foi falar com ela.

- Você tem algum remédio pra dor no corpo?

- Sim, tenho, mas tá na mala. Em que chalé você está? Eu levo lá.

Ela levou o remédio, já era quase 2h da manhã. Ele ficou surpreso, era a chance! Mas ela não puxava assunto, foi com as amigas. Desviava o olhar quando a encarava. Ofereceu uma cerveja, ela aceitou. Cigarro? Não, ela não fuma.

Dois dias se passaram no mesmo ritmo. Olhares, café, cigarro. Ela gostava de café, tomava o tempo todo. Na última noite, o sindicato promoveu um baile de confraternização. Última chance. Passou no seu chalé com os amigos, ela estava lá, terminando de se arrumar, linda. Não disse uma palavra diretamente a ele, mas tomou do vinho que trouxe.

No baile bebeu pra criar coragem de falar com ela. Não lembra como voltou pro chalé, mas um amigo veio com a novidade, sorridente, quase gargalhando, meses atrás:

- Já sei o que aconteceu naquela noite, foi aquela professora que te levou e te colocou na cama, depois de dar banho, claro.

- Mentira. Como você sabe?

- É, é mentira, mas ela disse isso só pra você procurá-la e dessa vez terem do que falar.

Pra ler ouvindo Qualquer Bobagem, dos Mutantes.

4.3.08

No café

- Luiz perguntou de você no sindicato. O que, de fato, aconteceu? De onde se conhecem, afinal?
- Nada. Três dias no congresso e nada, apenas litros e litros de café, tentando falar com ele, mas não trocamos nem dez minutos de conversa.
- Ele contou de outro jeito essa história. Disse que aconteceu algo entre vocês, mas não entrou em detalhes.
- Aconteceu. Pensa que é fácil, três dias procurando assunto pra falar com alguém, com copos e mais copos de café, pensando em começar a fumar pra ter desculpa pra chegar perto? E o remédio que fomos levar no chalé dele, depois da 1h da manhã?
- Não conversaram? Nada? Que tá acontecendo com você? Você não era assim...
- Não sei. Tô cada dia mais tímida, mais sem atitude diante dessas situações.
- Mas agora ele tá atrás de você, já sabe até a escola em que você está.
- Mas depois de tanto tempo já passou a vontade. Não quero mais. Nisso ainda não mudei, quero, tento, espero, não consigo, desisto. A fila anda, bola pra frente.
- Mas você anda diferente, por isso pensei que fosse o Luiz.
- Ah é, mas o amor platônico continua sendo meu forte.


Pra ler ouvindo Timidez, do Biquini Cavadão, versão da Penélope, que é mais legal.
Na verdade nada esconde essa minha timidez...

3.3.08

Indecisão

Putz, detesto escolher template pros meus sites! Estou na terceira mudança por aqui. Espero que tooooodos os meus leitores não se incomodem com tanta mudança. A casa tá bagunçada, mas puxa a cadeira, e senta no chão. Quer um café?

45 (Entreato)

Numa tarde comum, quente, quando a ela saía da escola, ele a esperava na porta. Não dava pra fugir.

- E se a gente fosse tomar alguma coisa, pra conversar sobre o que aconteceu?

Ela não resistiu, foi. Sentaram-se na mesa de uma padaria, pediram uma cerveja. Antes de terminar a segunda, pediram a conta. 15 minutos depois estavam num quarto, à meia luz. Ouviu a chave girando atrás dela, as mãos suando, como sempre.

Abraçou-a por trás e começou a tirar sua roupa. Com suas mãos no cabelo dela, puxando-os, decidia o que fazer e o que ela deveria fazer, controlava-a. Queria fazer daquela noite algo inesquecível para aquela mulher que acreditava ter acabado de conquistar. Iria dominá-la.

Ela não ofereceu resitência alguma, divertiu-se com seu jeito, entrou na brincadeira. "Só em pensamentos isso teria acontecido até então", pensou enquanto ele prendia suas mãos para trás com seu cinto. Permitiu-se viver suas fantasias, a loucura já estava feita.

Chegaram ao final quase juntos, numa sintonia que ela nunca havia experimentado. Ele se deitou sobre peito suado dela, ambos ofegantes, trocando delicadas carícias. De repente se ouviu um silêncio tão ensurdecedor quanto a fala que o sucedeu:

- E agora, "professora"?

Dias atrás já não a chamava mais assim. A pergunta desconcertou-a.

- Como assim?

- Ainda somos aluno e professora, seremos até o final do ano. Como vou te encarar na sala de aula? Manter distância, prestar atenção na aula com você em pé, na minha frente, depois do que aconteceu aqui? Não sei se consigo.

- Eu também não sei.

Tomaram banho, cada um foi para a sua casa. Ela levou quase uma semana pra conseguir contar pra amiga mais íntima. Ele ficou uma semana sem aparecer naquela aula.


Para quem não entendeu, as outras partes da história estão aqui:
45
45 (último ato)

Pelo MSN

- Professora, o pessoal da sala tá morrendo de saudades, sabia?
- É, eu também, Nina. Sua sala era um inferno, mas gostava dela, a gente se entendia, né?
-Sabe Pro, estou gostando de um menino novo da sala. Ele é super bonitinho e super inteligente...
- Ah é? Então fazem um casal perfeito! Mas e aí? Ele já sabe? Já rolou algo?
- Não, não sei como falar isso pra ele. A gente ficou amigo. O que você acha que eu deveria fazer pra ele perceber que eu tô afim dele?
- Acho que deveria falar pra ele, com jeito, sutilmente, mas falar mesmo.
- Ai, Pro, você teria coragem de fazer isso??? Eu não consigo!!!
- Não, Nina, eu também não tenho coragem não, acabo deixando passar. Já ouviu aquela frase? "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço"?

2.3.08

Já?

Já quis demais alguma coisa? Já conseguiu? Já desistiu?

Já amou muito alguém? Já achou que amava? Já descobriu que não amava mais? Já descobriu tarde demais?

Já saiu sem rumo? Já apareceu sem ser convidado? Já convidou quem nunca apareceu?

Já ouviu a mesma música milhões de vezes seguidas? Já desejou nunca mais ouvir uma música?

Já se envergonhou de alguma atitude tomada? Já se arrependeu de tê-la tomado? Já se arrependeu de não ter feito algo?

Já acordou com a pessoa errada? Já viu o sol nascer com alguém? Já viu o sol se pôr?

Já falou demais? Já riu demais? Já chorou demais?

Já sentiu saudade de quem você mesmo expulsou da sua vida? Já sentiu saudade de quem está todos os dias com você? Já sentiu saudade sem saber do quê?

Já desejou algo que nunca conseguiu?

Já quis demais alguma coisa?

Já?


Pra ler ouvindo Já, do Titãs.

1.3.08

Dias mornos

Tudo o que é morno não tem graça. Chá, morninho... não tem graça nenhuma, ou é gelado, pra refrescar, ou é quente, pra esquentar a noite fria. Banho morno não serve também. Tempo morno, nem blusa, nem sem ela. Relacionamento morno, nenhuma grande emoção, nem boa, nem má. Hoje é um sábado morno, sem graça nenhuma. Tédio!

Tão longe de tudo
(Guto Goffi)

Solidão amiga do peito
Me dê tudo que eu tenha por direito
Me diga, me ensina
Ao dormir não sinto medo
Há um sol, existe vida
Me trate com jeito
Eu tenho saída

Eu quero calor, o mundo é frio
Minha vaidade não encherga o paraíso
Eu preciso de alguém
Pra fugir sem avisar ninguém

Não vou olhar pra trás
A saudade está morta
E já não me importo
De estar longe demais

Longe demais de tudo
Eu tô longe demais
Longe demais de tudo
Eu tô longe demais
Tão perto de mim
Tão longe de tudo

O que é pior?

O que é pior? Ir a um lugar que você não gosta muito, ou ficar em casa curtindo uma leve deprê, sem mais nem por quê? Ficar deprê por algum motivo, ou sem motivo algum? Acho melhor ficar deprê por algum motivo...

Acho que estou só cansada. Nunca cuidei de tantas crianças de uma vez só. Tem horas em que até as professoras precisam de alguém que cuide delas.

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara.

Paciência, do Lenine