29.6.10

Keep yourself alive!

Ainda estamos no final do segundo bimestre escolar, mas a neura já começou, o que eu chamo de terrorismo psicológico. Hoje, numa reunião semanal que fazemos na escola do Estado, nossa coordenadora já nos informou que não devemos deixar os alunos com notas vermelhas. Se ele tirou 3,5 é melhor arredondar pra 5 mesmo. É sério. Justificou-se ainda dizendo que se o aluno ficar com vermelha, temos que ter tudo documentado, provando o motivo pelo qual o incompetente, ops, o aluno, não teve nota. Continuou dizendo que diretora, supervisora e dirigente iriam lá na escola comprovar tudo.

É engraçado como as pessoas perdem o senso do ridículo. Francamente, um aluno no Estado só reprova se for por falta, e o fulano tem que faltar muuuuito. Tem mais, com nota vermelha só fica aquele que não faz, não entrega nada e não participa. Tem aluno analfabeto (e muito) que tem nota, por simplesmente participar da aula, dos debates. Mas agora eu teria que deixar todo mundo com notas bonitinhas, até o vagabundo que vai pra escola só pra quebrar tudo e traficar.

Aliás, quebrar tudo tem sido uma das disciplinas mais assistidas pelos pequenos lá da minha escola. Afinal, a molecada tem ido pra escola e tem ficado sozinha, das 13h às 18h20. Não temos professores, a maioria afastados por motivo de doença. Eu mesma fiquei um mês por causa da cirurgia. Não temos professores substitutos, nada. Sendo assim, as crianças ficam lá, largadas, sem aprender absolutamente nada (que preste). Mas nem é só isso. Os que tem aula também estão prejudicados, pois junte cinco turmas de 40 alunos sem professor e veja se com o barulho que eles fazem é possível estudar. E não são só cinco salas por dia sem professor.

Por que será que diretoras, supervisoras, dirigentes, quando sentam a bunda na cadeira fofinha nunca mais voltam pra sala de aula? Será porque o trabalho é um lixo? Será que por acaso não é esse povo mesmo que está jogando o meu trabalho no lixo?

Acreditem, já sou uma espécie ameaçada de extinção.

Embora a música do título seja do Queen, agoratô ouvindo Semáforo, do Vanguart. Veio bem a calhar também.

Hoje é terça-feira
O céu borrou a cor
Ó minha mão do céu
Ó meu pé do chão
Ó minha mão do céu
Ó meu pé do chão
Eu não ouço vocês
Eu não ouço vocês (mais alto)
Eu não creio em vocês

Só acredito no semáforo
Só acredito no avião
Eu acredito no relógio
Só acredito
Eu só acredito

28.6.10

Tamanhos

Irresistível. Não consegui me segurar e já coloquei a foto da mudança do número das calças. Toda mulher sabe o quanto isso significa pra gente! Já tive uma calça 54, mas não faço idéia de onde está, sei que guardei em algum lugar, mas agora aí está, minha calça 48 que antes da cirurgia não servia, e agora já vou fazer pencinhas.

48 ainda é um tamanho grande, eu sei. No mundo das lojas Marisa e C&A ainda são números considerados 'especiais', ou seja, de gordo mesmo. Mas é muito bom ver a evolução da coisa.

Estou com 40 dias de operada, bem, mais feliz do que dias atrás, na dieta pastosa. Já como arroz, carne, caldinho de feijão, purê de batatas. 11kg off.

23.6.10

Abraçoterapia

Então eu voltei a trabalhar.

Trabalhar numa escola do Estado de SP é uma missão. Missão impossível sem o Tom Cruise. Segunda voltei, toda serelepe, até feliz pois estava reencontrando pessoas que gosto muito, tanto colegas de trabalho quanto alunos mesmo. As colegas me deram uma força imensa durante o período que fiquei em casa, ficaram me ligando todos os dias, e isso me fez muito bem. As crianças... a maioria deles eu convivo já pelo terceiro ano. Quando pensamos nisso, vejo que eles são tão próximos de mim que tenho medo do dia em que não nos veremos mais. Os conheci ainda na infância, hoje são adolescentes, cresceram na minha frente, dentro da minha sala de aula toda decorada por eles mesmos.

Mas eles não sabem o motivo do meu afastamento. Por algum motivo que não sei explicar, não contei pra eles nada sobre a cirurgia. As colegas todas sabem, aliás, nem todas, só as mais próximas. Hoje mesmo cruzei com uma professora no corredor que me perguntou se eu estive doente. Minha escola é grande, por período temos mais ou menos 50 professores por ali. Ou deveríamos ter, mas isso é assunto pra outro post.

Mas o melhor de tudo isso é mesmo o abraço. As colegas quando me viram me abraçaram, perguntaram como eu estava, etc. Mas o melhor abraço não é esse, é o das crianças. Abraços apertados, sentidos mesmo, às vezes mais de um por vez, acompanhados de frases como 'pro, não falta mais, ficamos com saudade' ou 'Como a senhora está? Tá melhor? Não vai mais faltar, né?' Abraço apertado deveria estar na lista de direitos básicos do ser humano, é muito bom.

Mas apenas um, UM aluno quase matou a charada. O Allan, o que me corrigia lá na quinta série, em 2008, dizendo 'É Állan, pro, Áááállan'. Ele entrou na sala, olhou pra mim e disse 'Olha só, a pro ficou um mês no spa, voltou mais magra pra escola!'. E me abraçou também. Isso foi bem bom.

16.6.10

Top Five - Músicas que fazem chorar

Pensei em criar uma ordem pra elas, mas não consegui. Deixei na ordem que coloquei inicialmente mesmo. Ia colocar umas do Chico Buarque, mas teria que criar um top five só dele. Tá, não resisto: Funeral de um lavrador, Valsinha, Gente Humilde, Gota d'água e Deus lhe Pague. Pronto, falei.

A Lista - Oswaldo Montenegro
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia

O que me importa - Tim Maia (com a Marisa Monte também é lindo lindo)
O que me importa
Seu carinho agora
Se é muito tarde
Para amar você

Um dia, um adeus - Guilherme Arantes
Só você prá dar
A minha vida direção
O tom, a cor

Serra do Luar - Walter Franco
Amor vim te buscar em pensamento
Cheguei agora no vento
Amor não chora de sofrimento
Cheguei agora no vento

Virgínia - Mutantes
Vá embora e feche a porta
Tenho frio!
Vá embora antes que eu chore
Tenho frio!
Vou trancar-me
Para nunca mais abrir
Pro sabor dos nossos sonhos
Não fugir

15.6.10

Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide

Longe da felicidade e todas as suas luzes
Te desejo como ao ar
Mais que tudo
És manhã na natureza das flores

(...)

Nem um dia, Djavan

Ps: Nem gosto do Djavan, mas essa fala tudo hoje.

8.6.10

Sobre pecados, penitências e o paraíso.

Eu tenho certeza de que estou pagando penitências. Sim, penitências pelos meus pecados, 30 anos de gula. É impossível não pensar nisso cada vez que entro num shopping ou num supermercado. Ou então em ocasiões como a de hoje, um filme que eu veria no SESC foi cancelado. E então eu tava lá, vestidinha, perfumada e maquiada, antes das 20h sem nada pra fazer. Em outros tempos isso não seria problema nenhum, era só ir pra algum lugar e comer, ou, na pior das hipóteses, comprar algo no mercado e ir comer na casa do namorado. O que eu fiz? Peguei o carro, voltei pra minha casa e tomei minha sopa sem graça mais uma vez.

É, certeza, isso é penitência. Quem mandou comer feito uma louca por 30 anos e dois meses?

Ao menos tem um lado bom, estar eliminando peso, esse talvez seja o paraíso a ser alcançado após todos pecados pagos. Mas dentro de um mercado, esse lado bom briga feio com o lado ruim. Sabe o diabinho e o anjinho? Estão de degladiando aqui.

Eu sei, a escolha foi minha, mas eu também quero reclamar, pô.

6.6.10

A vida começa a voltar ao normal.... ou quase.

A médica me liberou pra dirigir com 15 dias de operação. É claro que no 15º dia eu já quis sair com o carro. Mas esperei mais um pouco, não estava tão segura. Quando foi no 16º dia, aí sim, eu tava preparada, (ou a beira de um ataque de nervos). Peguei o carro e fui até o shopping comprar piercings novos, afinal, os meus eu perdi na afobação do pré operatório. Isso foi pela manhã, e ainda fui ao SESC com o namorado fotógrafo assistir um filminho a noite. Oba, foi minha declaração de independência.


No sábado, 17 dias de operada, fui a um show em São Paulo, Anneke van Giersbergen e Danny Cavanagh no Blackmore Rock Bar. Bem bacana, o show foi ótimo, fiz até fotos. Mas não foi muito fácil ficar me esticando pra ver algo com 16 pontos na barriga. Me esticando sim, porque aos 1,54m do solo, fica muito difícil ver algo no palco.


Só não posso dizer que a vida voltou ao normal, totalmente. O show terminou antes das 21h. O que eu fiz? Voltei pra casa. Sem pizza, sem habbib's, sem batata frita com cerveja. Já tô sonhando com uma pizza...

2.6.10

Duas semanas

A partir de hoje eu já posso dirigir, e logo mais mudo um pouco a minha alimentação, que vai mudar de líquida pra pastosa. Os meus 16 pontinhos na barriga já estão todos fechados, o buraquinho do dreno ainda não, mas tá fechando. Os pontos eu tiro no mesmo dia em que mudo minha alimentação, dia 07/06. Tá chegando.

É estranha a sensação de que eu deveria estar feliz, saltitante, afinal, operei, consegui o que eu queria, tô eliminando peso, etc. Mas na realidade, não é nada fácil ficar fechada em casa o dia todo. Não sei se é isso, ou a falta de mastigar alguma coisa que tá me dando uma deprê daquelas. Já faz alguns dias que estou me sentindo como se estivesse naquelas TPMs das mais brabas, vontade de chorar o dia inteiro mesmo.

Não tenho vontade de ler, não tenho vontade de assistir nada na TV. E olha que não é por falta de opção, minha cunhada me mandou uma sacola cheio de DVDs bacanas, tenho dois livros, um dela também, inteirinhos pra ler. Simplesmente não consigo.

Será que isso vai passar? Será que vai melhorar com a mudança da alimentação? Será que meu humor mudou pra sempre? Será que é normal?

Acho que vai passar.