28.4.08

Participação especial

Gente! Tô ficando importante nesse mundo do blog! Aqui está minha primeira participação especial no blog alheio. O Marcio me intimou, quero dizer, me convidou pra escrever um texto sobre o seguinte tema: "O que eu quero ser quando crescer". Pessoas maldosas, entre elas o próprio, dizem que não vou crescer, então teria que usar a imaginação. Mas o texto tá lá. Entrem, leiam, opinem, xinguem, mandem beijos. O importante é que leiam. Está lá no Três, que o Marcio escreve junto com o Ton e com o Rogério.

E por hoje é só. Pessoas, perdoem meu sumiço nos comentários, tá tudo corrido, muito trampo. Fechamento de bimestre é triste.

27.4.08

Virada Cultural SP 2008

Gente, quero comentar sobre a Virada. Mas ainda não estou em condições físicas e psicológicas para tal. Juro que falo mais sobre isso, mas agora ainda estou chocada e cansada. Vi coisas que achei que nunca veria na vida. Simplesmente lindo. Vai então uma música dos Mutantes, pra mim, uma das melhores deles. Acho que traduz muito bem o que acontece nesses shows.

UMA PESSOA SÓ
Os Mutantes

Eu sou
Você é também
E todos juntos somos nós
Estou aqui reunido
Numa pessoa só
E todos juntos somos nós
Uma pessoa só

Vcê também está tocando
Vcê também está cantando
Estamos numa boa pescando pessoas no mar
Aqui
Numa pessoa só
Eu sou o começo sou o fim
Sou o "a" e o "z"
Todos juntos reunidos
Numa pessoa só

23.4.08

Missão da Mila

Putz, dessa vez foi difícil. A Mila me mandou uma tarefa que eu fiquei um tempão pra fazer. Não por falta de repertório musical, mas por falta do que eu quero. Estranho, não? Tudo o que eu quero se resume a dinheiro, materialmente falando. O resto é tudo imaterial... Bom, a tarefa é a seguinte:

"Se você encontrasse o gênio da lâmpada e ele lhe concedesse três desejos materiais e três desejos imateriais, quais seriam? As respostas deve ser com trechos de música."

Lá vamos nós:

Desejos materiais

"Well now give me money, a lot of money"
Dinheiro, claro, sempre o dinheiro. Como viver sem dinheiro. Que atire o primeiro euro quem não quer também.

"Meu Cadillac, bi-bi, quero consertar meu Cadillac"
Cadillac é modo de dizer. Queria mesmo era uma PT Cruiser preta.

"Eu quero pinga com limão, com limão, com limão!"
Nem só de trabalho vive o homem, né? Nem é pedir demais. Na continuação da música diz que na casa do cara tem duas piscinas, uma pura e a outra com limão. Quero assim.

Desejos imateriais

"Preciso de alguém pra fugir sem avisar ninguém"
Resumindo o espírito do que eu quero. Alguém que tope qualquer coisa a qualquer hora é o meu número certinho.

"Quero uma festa punk!"
Faz tempo que não vou em uma daquelas bem podres. Nem me lembro qual foi a última.

"Eu preciso encontrar um lugar legal pra mim dançar e me descabelar"
Um lugar do Caralho, o nome da música. Por que não tem muitos lugares bem loucos pra se freqüentar, que só role som bacana e gente legal. Tem alguns, mas não muitos, e nada ace$$ívei$.

Perceberam que tudo o que eu quero, até os desejos materiais se resumem em diversão? Isso me deixou pensativa. Acho que é isso o que tá errado na minha vida, só penso em diversão. Já diz a minha mãe, "objetivos, minha filha, você tem que ter objetivos."

Vou mandar o gênio para os visitadores mais assíduos:

Letícia, do Fábrica de Sonhos
Jô, do Fragmentos de Jô
Jô, do Cinema da Vida
Edu, do Sanctuarium
Alec, do InFaces

22.4.08

Vou te encontrar, vestida de cetim...

Hoje acordei com o barulho que a Petroquímica fez logo pela manhã. Era cedo, 8hs. Pô, só entro pra trabalhar às 13h. Bom, enfim. Depois de ouvir o barulho não consegui mais dormir por causa de uma reforma que ocorre aqui bem do lado de casa, mas fiquei deitada pensando na vida. Quero dizer, na morte. É que o barulho me fez lembrar de quando eu era criança e acreditava mesmo que um dia ia morrer por conta de alguma provável explosão na mesma Petroquímica.

Não sei porque, mas ao longo da minha vida, sempre pensei em como vou morrer, acho que é de família, meu pai vive dizendo 'desse inverno eu não passo'. Já tem 28 anos que ouço ele dizer isso.

Bom, quando eu era criança, achava que seria por causa de uma explosão que jogaria Santo André inteira pelos ares. Mais tarde, lá pelos 10 anos, andei doente. Aí pensei que com essa saúde bichada não poderia mesmo chegar a ser adulta. Mas sarei. Quero dizer, o corpo sarou, a mente continuou na mesma.

Então chegou a adolescência, e aí já tudo mudou. Que doença, que Petroquímica que nada. Ia morrer de tanto beber mesmo. Mas eu também tinha um pouco de medo dos amigos que dirigiam, então achava provável também morrer em acidente de carro, ou com os amigos, ou nas inúmeras caronas desconhecidas que nós pegávamos, olha só que insanidade. Se minha mãe soubesse disso, ela mesma me mataria.

Mas virei adulta e fui dar aula. Aí, logo no primeiro ano que estava trabalhando, uma professora aqui nos arredores foi baleada na sala enquanto escrevia na lousa. Pronto, podia continuar bebendo, já tinha arrumado outro obituário. Tive um aluno naquele ano que ia pra escola armado, foi ótimo, aprendi a ditar a lição, não virava de costas pro cara de jeito nenhum. Essa desconfiança ainda me persegue, ainda acho que pode ser que eu morra na aula ou em virtude dela. Após seis anos, a voz já não é mais a mesma, e a sanidade mental também não. Hoje sou bem mais paciente, mas ainda não evito confrontos. Se preciso, sou muito macho na sala de aula, não tenho medo. Talvez devesse ter, mas não tenho. Ah, sim, ainda tem as manifestações do sindicato, mas duvido que um dia aconteça algo por lá. Aquilo, de tão ridículo, não incomoda nem a população mais.

Ah, claro, comecei a dirigir recentemente. Quem anda comigo sabe que o acidente de carro ainda é possível também.

Hoje não tenho mais medo da Petroquímica explodir, mas confesso que o barulho me deixou preocupada.

"Estou aqui de passagem
Sei que adiante um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício
de susto, de bala ou vício"

Soy loco por ti, América, Caetano Veloso

*****

Puuuutzzzzz! O texto já estava terminado e publicado, quando começo a receber ligações. Gente perguntando "você sentiu a terra tremer aí?" Eu heim. Eu não senti, mas várias pessoas menos desligadas que eu sentiram. Mais um possível e novíssimo óbito: soterramento.

18.4.08

Limite

Ela não sabe mais o limite entre o certo e o errado, entre o normal e a loucura. Nem sabe mais exatamente o que prefere. Prefere não pensar, prefere apenas passar a noite com ele. Deseja vê-lo de perto, sentir seus lábios, sua língua, seus dentes, seu cheiro. Suas mãos passando pelas costas dele, seu corpo sendo desvendado pelas mãos dele. O som da respiração dele quando ela beija seu pescoço, sua orelha, seu sexo. Deseja ver os olhos dele encarando os seus enquanto a satisfaz. Os olhos a enlouquecem. Deseja satisfazer-se e satisfazer, ser dominada, abusada, escravizada. Suas unhas, os dentes dele na carne. O suor. Os dedos entre os cabelos. A língua pela pele. Súplicas, gemidos. O abraço, os olhos fechados. O repouso. A música que já estava tocando. E nessa hora deseja sempre dizer algo que não sabe como, algo relativo à importância do que acabou de acontecer. Algo que mostre que não é qualquer um, é um, é único, mas tem medo de parecer boba, patética. Acaba indo embora, sabendo que isso sim pode ser a maior loucura, o maior erro, não compartilhar seu sentimento com medo do não. Acaba preferindo apenas o seu cheiro até o amanhecer do que a sua companhia.

Imagem: "Dánae" (1907/08), de Gustav Kimt

17.4.08

Jogo do Junior

O Junior lá do Gamella me passou uma tarefa. Vou tentar fazer, mas não esperem respostas lá muito bacanas não... As dele estão beeeem mais emocionantes. Vamos lá, a tarefa é fazer uma lista com 8 coisas que eu gostaria de fazer antes de morrer. Ai jisuis...

1 - Viajar com o trem da morte até Matchu Pitchu. Aceito pessoas pra ir comigo, não dá pra ir sozinha.

2 - Passar seis meses fazendo um roteiro histórico pela Europa. Posso dormir em albergues se preciso for.

3 - Fazer faculdade de cinema, rodar um documentário sobre a 'grande' cena musical do Jd Ana Maria, em Santo André, SP (risos, muitos), sua puuuuuta evolução ao longo dos anos, bem como sua fusão com o teatro regional (kkkk, hilário). Gente, vou explicar. Tudo isso não passa de 20 moleques que cresceram comigo e foram fazer música e teatro, mas ninguém saiu do anônimo Jd. Ana Maria. Mas têm público. Nós mesmos, kkkk. Mas é séria a idéia. Cineastas de plantão, nem tentem, tenho exclusividade, acessos, fontes. Tudo meu, tudo dominado.

4 - Fazer meu mestrado em História Social, pela PUC, antes que vá à falência de vez.

5 - Bater com um taco de baseball num radar móvel de trânsito. Pra isso e preciso de alguém pra dirigir pra mim. A cena seria eu, com meio corpo pra fora do vidro do lado do passageiro, passando a pelo menos 100 km/hora e dando com o taco no fdp do agente da arrecadação. Entendam, moro em Santo André, tem mais radar do que carro.

6 - Passar ao menos um mês em Amsterdã, onde, dizem por aí, compra-se drogas com grande facilidade e ainda é permitido transar num parque lá.

7 - Já que falei em sexo... transar na praia, de preferência uma bem escura, com o som da água e só. Luz só da lua e de algumas velas (uhuuuu).

8 - Conhecer alguém que me ame como Oswald de Andrade amava suas mulheres, e que eu ame também, claro. Conhecer, acreditar no amor de novo. Ando meio desacreditada nas coisas do coração, mas ele tá de brincadeira comigo ultimamente.

Já acabou? Putz, nem falei que queria sair com o Chico Buarque, que queria ouvir o Paul cantar Golden Slumbers no meu ouvido, que queria ver o Bowie cantando Moonage Daydream só pra mim, unicamente pra mim, assistir os Mutantes com a formação original, embora ache que a Rita não é digna de tal façanha... Tá. É isso aí. Ah, não está em ordem de importâcia não... é pedir demais.

Vou passar pra quem? Vejamos...

Jô do Cinema da Vida
Marcio, do Estação Visão
Alec, do InFaces
Edu, do Sanctuarium
Anna Flavia, do Improfícuo
Letícia, do Fábrica de Sonhos
E pro pessoal do É de cagar, com exceção da Mila, senão aí não vale, ela já vai responder, aí teria mais 8 coisas pra colocar, aí vira festa. Mila, não, rs.

16.4.08

Papo de bar

Enquanto isso, numa mesa de boteco...

- Ah, mas eu não posso, lá na igreja cobram essas coisas da gente.
- E sexo oral tudo bem?
- É, tudo bem não, mas pelo menos continuo virgem.
- Sexo oral não é sexo? Então anal também não?
- Aí já é introdução.
- Existe uma tabela de aceitáveis e não aceitáveis? Uma chupadinha tudo bem, introdução é fogo eterno na certa?
- Não, a gente usa de bom senso. Eu decidi guardar a parte mais importante pro cara certo.
- E você acha que esse não é o cara certo? Entendi. Então diverte-se com o pobre do errado mesmo...
- Ah, um pouquinho de diversão não faz mal, né?
- Deixa de ser egoísta, fica regulando essa mixaria, dá logo pro cara! Depois a terra te come e você não goza!

Outra vez, não sou eu

Heaven's on fire
KISS

I look at you and my blood boils hot, I feel my temperature rise
I want it all, give me what you got, there's hunger in your eyes
I'm getting closer, baby hear me breathe
You know the way to give me what I need
Just let me love you and you'll never leave

Feel my heat takin' you higher, burn with me, heaven's on fire
Paint the sky with desire, angel fly, heaven's on fire

I got a fever ragin' in my heart, you make me shiver and shake
Baby don't stop, take it to the top, eat it like a piece of cake
You're comin' closer, I can hear you breathe
You drive me crazy when you start to tease
You could bring the devil to his knees

Feel my heat takin' you higher, burn with me, Heaven's on fire
Paint the sky with desire, angel fly, Heaven's on fire

Oho heaven's on fire, oho heaven's on fire, oho

I'm getting closer, baby hear me breathe
You know the way to give me what I need
Just let me love you and you'll never leave

Feel my heat takin' you higher, burn with me, heaven's on fire
Paint the sky with desire, angel fly, heaven's on fire

Vindo pra casa hoje, de carro, parada no trânsito, ouvi essa música, não a ouvia fazia um tempão... Demais, música e letra, principalmente.

15.4.08

Cheiros da infância

Hoje fui ao cinema. Mas não um cinema comum, e sim a uma sessão que rolou no SESI daqui. Logo que entrei no teatro (onde rola a projeção), senti um cheiro que não sei exatamente do que é, mas lembro exatamente onde o senti pela última vez: Na parte da estante da minha tia, em que eram guardados os jogos de mesa, como dominó, ludo, damas, e o que eu mais gostava, o É proibido colar. Sentávamos meu primo, meu irmão e eu na frente da portinha da estante, abríamos pra pegar um dos jogos e lá vinha aquele cheiro. Cheiro de férias de janeiro. Cheiro de feriado de chuva.

Enquanto esperava o início do filme, com um copo cheio de café, me coloquei a relembrar os cheiros que me causam mais saudade. Outro é o cheiro da cozinha da vó Angelina. Mas esse eu sei o que era, era a gordura de porco que ela usava na comida super saudável que preparava pra gente. Perdoem, naquela época não se falava em colesterol, gordura trans, ômega 3 e essas coisas modernas. Eram os anos 80, pô. Aquele cheiro estava presente o tempo todo naquela cozinha, onde passei alguns dos dias mais alegres da minha infância. Quando a vó fazia a gente comer toda a comida, senão não comeria a sobremesa. Quando íamos fazer a "boquinha" antes de dormir, depois de assistir um filme à noite. Quando eu aprendia a pintar as unhas com a minha tia. Quando ficávamos olhando meu tio, ainda solteiro e moço, jogar água gelada em quem estivesse tomando banho pela janela do lado. Quando o vô achava ruim por causa da gritaria. Quando a vó brigava porque montávamos uma mesa de ping pong na cozinha, com a mesa de jantar. Lembro do último dia que senti esse cheiro, um dia triste. Após o enterro da vó, o vô chorando no canto da cozinha, com o lenço da vó na mão. Ainda o vi mais uma vez, e lá se foi o vovô também, e aí parecia a infância indo embora de vez.

O cheiro do perfume da vó Alayde. Esse ela já tinha deixado de usar, mas ainda lembro. Nas últimas vezes que a vi, já não usava mais. Essa vó era meio brava... igual à minha mãe. Minha mãe não gosta de perfumes.

Tem cheiros que me lembram coisas ruins também. O remédio que eu usei quando, aos 9 anos tive uma complicação de uma catapora. Ele era aplicado na pele, pra cicatrizar, e tinha um cheiro que só em alguns hospitais voltei a sentir, era um tipo de mercúrio, vermelho, em spray. Cheiro da gaveta do criado mudo que eu tinha no meu quarto quando, aos 10 anos, fiquei internada por causa de uma infecção nos rins, lá eu guardava meus gibis que li durante a semana de internação. Só de passar na frente de consultórios odontológicos sinto o cheiro do dentista. Esse realmente me apavora.

Os cheiros da infância se encerram com o que eu marco o do início da adolescência e suas descobertas: o cheiro de halls verde, aquele de menta. Era o cheiro da domingueira que eu ia, quando aos 14 anos comecei a sair com as amigas pra ir em algum lugar além do shopping e da biblioteca. Logo que se entrava na Sunshine (danceteria já decadente na época, e que adorávamos), se sentia o cheiro do hálito de todo mundo, era o halls. Ali iniciava outra fase da vida, outras diversões, bem menos simples do que as de antes. Aliás, a vida nunca mais foi muito simples.

Mas continuo com a mesma mania olfativa. Cada pessoa tem um cheiro, independente do perfume, se usa ou não. Todo mundo tem um cheiro, todo lugar tem um cheiro. Não que eu saia por aí cheirando os outros, mas esses cheiros chegam até mim, quase que junto com a imagem, com a voz das pessoas. Quase sempre é involuntário. Outras não.

Uma segunda-feira triste e chuvosa só podia terminar com um texto melancólico mesmo...

13.4.08

Não sou eu

Fiquei na vontade de ouvir essa música ao vivo. Taí a que vai falar por mim hoje.

AMADO

Vanessa da Mata

Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr do sol, postal, mais ninguém

Peço tanto a Deus
Para esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus

Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer

Sinto absoluto o dom de existir, não há solidão, nem pena
Nessa doação, milagres do amor
Sinto uma extensão divina

É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você

Show de Graça

Show de graça é sempre lindo. O show pode nem prestar, mas é sempre um acontecimento incrível. Hora de rever pessoas, beber, dançar, cantar, rir, deitar na grama, abraçar, dizer tchau, até o próximo.

Hoje teve showzinho bancado pela Telefonica em terras andreenses, em comemoração do aniversário da cidade. Os Paralamas do Sucesso dividiram o palco com Frejat e Vanessa da Mata. Logo de início imaginei que não seria tão bom, e de fato, o que se viu foi um show que parecia não ter sido ensaiado, participações estranhas, falhas nos vocais. Pô, é triste crescer ouvindo aquela maldita música e quase trinta anos depois o cara errar a letra. E não são músicas que foram esquecidas, não. São aquelas que qualquer ser que escuta rádio conhece. Enfim, valeu pela distração, algumas músicas bacanas e muita gente conhecida. Aliás, a participação da Vanessa da Mata foi quase nula. Ela cantou UMA música dela. UMA. E não foi a que eu queria ouvir. Nem a do banho de chuva, não., foi Good Luck / Boa Sorte. Triste, muito triste.

11.4.08

Dos sentimentos

Pra ler ouvindo Sacarina, da Érika Martins com o Telecats

Já dizia um amigo das antigas: tem dia que a noite é foda. Esse é um dos dias, essa é a noite. O dia foi bom, mas a noite não promete nada. Penso que deve ser alguma compensação divina... se você teve um ótimo dia de trabalho, não terá a mesma sorte na noite. Mas o fato é que tô de mau humor a toa mesmo, sem motivo aparente e, antes que perguntem, não é TPM.

Acho que é só vontade de ser alguém que não sou. Ou que sou, mas não tenho coragem de ser, dá pra entender? Vontade de não dizer onde vou, com quem e até que horas. Vontade de não ter que saber nada disso, apenas ir. Vontade de ser aquela mulher fodástica, que tá afim, vai e consegue. Vontade de ser aquela pessoa que chega sozinha no bar, e as pessoas vão sentar-se ao seu lado. Vontade de chegar e dizer o tamanho do meu querer, do meu desejo bem como sua urgência, sua intensidade. Vontade de perder a classe, a educação, a vergonha na cara. Vontade de não ter vergonha nem medo dos próprios sentimentos, escondendo-os, e sim gritando aos quatro ventos, foda-se quem não estiver feliz com eles. Eu gosto deles, dos meus sentimentos.

São eles que me deixam assim, triste como hoje, feliz como quase sempre. São um pouco idiotas eles, alguns existem sem mais nem menos, alguns desabrocham com o passar do tempo, outros insistem em não morrer quando tento matá-los jungaldo-os desnecessários. O fato é que eles estão sempre brigando com a razão, uma luta que parece eterna, cotidiana, angustiante.

Às vezes, como hoje, acho que eles deveriam se organizar de uma vez por todas, destituir a razão do cargo, e instituir o golpe definitivo. Seria só sentimento, sem nenhuma razão.

Desculpem-me os palavrões e a confusão. Mas escrevi como saiu e não quero mudar. A razão ficou um pouco acoada depois disso. Espero que ela renuncie antes do golpe.

10.4.08

Idéias? Eu tenho, quem quer?

Sorte de hoje: Venda as suas idéias – elas são completamente aceitáveis

Mesmo? Então tá. Como prova de que sou boa pessoa, nem vou vendê-la: dou de graça. Vamos lá.

Aposto que todo mundo que entra aqui, independente da idade, via, lá longe, na mais remota infância, a sua professora preenchendo aquele diário cheio de quadradinhos minúsculos e geralmente de capa azul. Sabe o que mudou até hoje? A cor da capa. Já tem alguns com capa cinza, e até amarela. A burocracia continua a mesma. Um diário por classe, com campos para preencher com nomes e presença dos alunos, conteúdo ministrado aula a aula, notas, pontos, ocorrências e um campo lá no final que só o professor de educação física usa, se é que usa. Ah é, ainda tem as observações espalhadas por todas as folhas. Ok. Só que a partir do ano passado, além de preencher tudo isso, sala por sala, ainda passamos a digitar na internet também, para que os alunos tenham acesso às suas notas pela rede. Ual!

Minha idéia: o governo, afim de facilitar o trabalho pra todo mundo, inclusive para mim e para ele, deveria distribuir palm-tops pra todos os professores. Nele viria um programinha com as planilhas de cada sala de aula, onde poderíamos fazer a chamada, registrar conteúdos, notas e o escambal. Vou além. Nem ligaria de isso tudo estar conectado em tempo real na net. Já pensou na revolução? Você em casa, acessa a internet e vê se seu filho está ou não com presença nas primeiras aulas. Mandou o filho pra escola e ele está com falta? Ahá! Viu o conteúdo lá, dado, e o garoto chegou com o caderno em branco? Aí está!

Sabe, eu, particularmente, nem ligava de ser monitorada, já me sinto assim mesmo trabalhando onde trabalho, apesar no clima de oba-oba. Alguns perguntariam: mas e os professores que não têm conhecimento em internet? Ora, alguma vez alguém perguntou se eu sou alfabetizadora? Não, eu não sou, mas tenho alunos analfabetos na quinta série. e tenho que ensinar mesmo assim. As coisas geralmente são aplicadas assim mesmo, despencadas de cima pra baixo.

Tá aí, uma das minhas brilhantes idéias. Não vou nem cobrar direitos autorais.

9.4.08

As três professoras


As três professoras têm quase a mesma idade, e quase a mesma história de vida. Namoraram desde o início da vida adulta, e de repente, viram-se solteiras, adultas e independentes. Ainda não eram amigas, e talvez essas e outras coincidências tenham aproximado as três. Algumas pessoas falam em destino, outras não acreditam em destino.

Curtiram aproximadamente 6 meses de uma vida que nem conheciam direito. Elas mesmas se impressionavam quando chegava o domingo, e viam que estavam saindo desde quinta-feira, sem parar. A vida noturna às vezes é traiçoeira. Ao mesmo tempo que diverte, te satisfaz, causa, logo depois, uma sensação de vazio, solidão. Só notaram isso alguns meses depois. Durante os seis meses, divertiram-se como nunca haviam feito antes. Lugares, pessoas, atitudes, horários, ritmos que quem as conhecia não acreditava. Até apelido o trio ganhou: as panteras, uma loira, uma morena e uma ruiva.

Um dia, numa balada, uma delas conheceu alguém especial. Envolveu-se com esse alguém e, pouco a pouco, distanciou-se das outras duas, que seguiram firme e forte, porém, já não tão entusiasmadas com a vida noturna. Como disse, cansaram.

A segunda conheceu alguém que a princípio não representou grande importância, mas ao longo dos dias, meses, essa importância aumentou. A terceira, quase ao mesmo tempo, também conheceu alguém bacana, e deixou-se envolver. Essas duas continuam se vendo com razoável freqüência, mas já andam disponibilizando tempo a mais para alguém que não a amiga.

Feriado na cidade, as três aproveitaram pra se encontrar. Depois de um dia de desencontros, ali estavam as três, na mesa de um bar, rindo do que viveram até ali e de como as coisas estão agora. Contaram das novidades, ouviram as das amigas e beberam, em plena terça-feira. Afinal, pantera que é pantera, não tem dia pra sair, e uma vez pantera, pantera para sempre. Lembraram do trato feito meses atrás, que mesmo que conhecessem alguém, continuariam se vendo.

Engraçado como a vida das três mudou de forma tão rápida meses atrás, numa sincronia assustadora. Dizem coincidência. E agora outra vez acontece. As três passam pelas mesmas sensações de novo. São três situações diferentes, mas sensações, sentimentos muito semelhantes. Assustador. Uma diz que é destino. Outra não acredita em destino. Outra ainda acredita mas não confia, prefere chamar todo mundo pra casa dela de vez em quando. E assim pagam a conta, e vão seguir a vida de cada uma, acreditando que contiuarão se vendo por anos e anos, as três professoras.

7.4.08

A primeira resenha a gente nunca esquece

Não que eu nunca tenha escrito nenhum texto sobre algo que vi ou ouvi, mas esse foi o primeiro a ser publicado em algum lugar que não o meu fotolog. Então, como estou numa completa falta do que falar, lá vai o texto na íntegra. E não que meu final de semana tenha sido tedioso, bem pelo contrário, mas não pretendo fazer deste blog um "meu querido diário", apesar de ter o nome de Diário. Ah, chega. Vamos ao que interessa:

Ozzy Osbourne, Black Label Society e Korn: Estádio Palestra Itália - São Paulo/SP

por Bel Gasparotto

Os portões do Parque Antárctica foram abertos por volta das 16h30, quando já se podia ver uma verdadeira multidão em frente ao estádio. Apesar do grande número de pessoas, a entrada foi tranqüila e relativamente rápida.

O show do Black Label Society iniciou às 19h30 em ponto, e a impressão que dava é de que muitos estavam ali no estádio para ver, exclusivamente, a banda de Zakk Wylde. O grupo tocou por cerca de 40 minutos, agitando muito os que já a conheciam e prendendo a atenção dos que não são ainda familiarizados com o som do Black Label Society. O primeiro show termina com Zakk pedindo ao público que o esperem voltar com o Ozzy.

Às 20h30 o Korn sobe ao palco. Aparentemente, o show que teve uma duração aproximada de uma hora, não animou. Realmente as pessoas que estavam ali queriam Ozzy e mesmo durante o show do Korn gritavam sem cessar pelo “príncipe das trevas”.

Às 22h15 as luzes do estádio se apagam e os telões começam a exibir um vídeo com várias cenas satirizando grandes sucessos da mídia norte-americana, como Lost, Piratas do Caribe e Família Soprano. Ainda nos bastidores, Ozzy provoca o público dizendo que quer levá-los à loucura. E enfim sobe ao palco com a música “I Don’t Wanna Stop”, de seu novo trabalho, “Black Rain”.

Ozzy segue quase o mesmo ‘set list’ das apresentações anteriores, tocando em seguida “Bark at the Moon”, “Suicide Solution”, “Mr. Crowley” e mais uma do novo álbum, “Not Going Away”. O público, sempre fiel, parece bem familiarizado com as músicas novas, cantando junto como o faz nos maiores sucessos da carreira de Ozzy. Aos que queriam um pouco de Black Sabbath, Ozzy cantou “War Pigs”, com as tradicionais cenas de guerra no imenso telão no fundo do palco, “Iron Man” e “Paranoid”, música que encerrou a apresentação que durou pouco mais de uma hora e meia.

Para quem esperava encontrar ali uma simples lembrança do que foi Ozzy Osbourne, o show impressionou. O homem não pára durante a apresentação, não fica devendo nada: incita o público, abaixa as calças e joga baldes de água na galera, tudo como sempre fez, e como sempre todos querem vê-lo fazendo.

Ao final, o público saiu satisfeito, comparando a apresentação com a que ocorreu em 1995. Esse público, composto em sua maioria por pessoas de 20 a 30 anos, deseja não ter que esperar tanto tempo para ver o bondoso velhinho de novo, desejando boa noite e que Deus os abençoe.

Texto publicado originalmente no Território da Música, dia 07/04/2008

4.4.08

Fernando Pessoa e eu

116.

Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e o representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.

Não é esse o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego

2.4.08

Meme Se eu fosse...

Li hoje no InFaces o Meme que o Alec respondeu, e como ele deixou lá, quebrado, pra quem quisesse se meter à besta, lá fui eu, como sempre. À primeira vista lembra muito aqueles cadernos de enquete que tínhamos na época da escola, com aquelas perguntas bobinhas, e tal. Mas não é muito fácil responder isso não. Aí vai a minha tentativa:

Se eu fosse um mês seria… Janeiro
Se eu fosse um dia da semana seria… Sexta-Feira
Se eu fosse um número seria… Cinco
Se eu fosse um planeta seria… Marte
Se eu fosse uma direção seria… Pra frente
Se eu fosse um móvel seria… Cama
Se eu fosse um liquido seria… Café
Se eu fosse um pecado seria… (esse é difícil, sou um por dia) Ira (hoje)
Se eu fosse uma pedra seria… Quartzo rosa
Se eu fosse um metal seria… Prata
Se eu fosse uma árvore seria… Ipê Amarelo
Se eu fosse uma fruta seria… Banana (bem doce)
Se eu fosse uma flor seria… alguma orquídea amarela
Se eu fosse um clima seria… Quente com tempestades no final da tarde
Se eu fosse um instrumento musical seria… Piano
Se eu fosse um elemento seria… Fogo
Se eu fosse uma cor seria… Preto
Se eu fosse um animal seria… Cachorro
Se eu fosse um som seria… O que o vento faz nas árvores
Se eu fosse uma letra de música seria… Bola de meia, bola de gude (14 Bis)
Se eu fosse uma canção seria… She's Leaving Home (Beatles)
Se eu fosse um estilo de musica seria… Rock
Se eu fosse um perfume seria… Angel
Se eu fosse um sentimento seria… Paixão
Se eu fosse um momento seria… Agora
Se eu fosse um livro seria… A Rosa do Povo (Carlos Drummond de Andrade)
Se eu fosse uma comida seria… (Sorvete vale?) Sushi
Se eu fosse um lugar (cidade) seria… Amparo (SP)
Se eu fosse um gosto seria… Doce
Se eu fosse um cheiro seria… Chuva caindo na terra
Se eu fosse uma palavra seria… Ósculo
Se eu fosse um verbo seria… Pensar
Se eu fosse um objeto seria… Caneta
Se eu fosse uma roupa seria… Camiseta preta
Se eu fosse um chapéu seria… Boina
Se eu fosse uma parte do corpo seria… Olhos
Se eu fosse uma expressão seria… Alegre
Se eu fosse um desenho animado seria… Bob Esponja
Se eu fosse um filme seria… O Fabuloso Destino de Amelie Poulain
Se eu fosse forma seria… Círculo
Se eu fosse uma estação seria… Verão
Se eu fosse uma frase seria… "And in the end, the love you take is equal to the love you make" (The End, Beatles)

Não vou passar pra ninguém, assim como o Alec fez. Deixo aí pra quem quiser responder, assim como eu fiz. E se for responder, me avisa, quero ler.

1.4.08

Dia da Mentira

Depois de dois dias de planejamento na escola eu só posso crer que de metira é a minha profissão. Eu disse planejamento? Ah, ele já veio pronto, é só aceitarmos. Cumpra-se, dizem por aí. Ele tá prontinho, e engana-se quem acha que será possível inserir algo que não está nele. O tempo, por esse plano, é corrido. Um exemplo? Amanhã tenho duas aulas para explicar tudo sobre o feudalismo e, de preferência, avaliar o aprendizado do aluno. Putz, nem eu queria ser minha aluna nessa aula.

Não bastando toda a frustração de não poder preparar uma aula à altura, de não dispor do tempo necessário para sua execução, ainda tem colegas que não sei o que fazem na profissão, francamente. Já passava das 15h, eu estava desde às 7h lendo as propostas do governo, elaborando da melhor forma possível minhas aulas, quando uma senhora que atende por professora chega:

- Olá, o que vocês estão fazendo desde cedo?
- O planejamento, já fiz a sua parte. Dividimos as sextas séries, mesmo eu tendo só duas das sete salas, já fiz o seu plano também. Depois você pede uma cópia pra diretora, ok?
- Ah, obrigada! Eu não pude vir antes, estava trabalhando até agora.
- Que nada! Eu tô aqui desde às 7h coçando, rindo, me divertindo. Por que não faria isso?

Levantei com a maior cara de puta que minha raiva me permitiu, juntei minhas coisas e fui embora. Ninguém merece ouvir essas coisas. Trabalhando? A fdp só aparece na escola pra entregar atestados médicos! Aliás, por isso fiz a parte dela, pois dependia disso e ficaria na mão. Aí vem todo mundo dizer que professores faltam, não fazem nada, que a culpa dos males do mundo é dos professores. Acho que é mesmo, não somos comprometidos com a profissão. Eu, por exemplo, deveria ter esfaqueado essa maldita.

Pra ler ouvindo Nem sempre se pode ser Deus, do Titãs