26.8.08

Discos e histórias

Eu amo música, acho que desde que eu nasci. Minhas mais antigas lembranças já têm trilha sonora. Lembro quando, ainda muito pequena, tínhamos uma vitrola daquelas tipo maleta. Era uma maleta de couro marrom. Eu pedia pra minha mãe colocar meu disco da Arca de Nóe pra ouvir, sempre. Arca de Noé, pra quem não conhece, é um disco em que grandes da MPB cantam poemas do Vinícius de Moraes. Ouvia também os vários discos de música sertaneja que a minha mãe tinha e uma coletânea do Raul. Louco também era um disco do Tayguara. Ah, claro, uns Robertão pra variar e um Nat King Cole, em espanhol. Isso foram os sons da minha infância.

Na adolescência tudo isso ficou pra trás, ou quase tudo. O do Raul não. Esse foi pra minha coleção, que a cada ida pra Galeria do Rock aumentava. Voltava de lá com vários discos. Depois passei a comprar CDs também, mas os discos continuam até hoje por aqui, no meu quarto. Não sei mais quantos são, perdi a conta.

Outro dia peguei pra arrumar, limpar, escutar alguns. Cada um tem uma história. CADA UM. Alguns são presentes, alguns eu comprei, cada um numa situação, numa época diferente. Dias especiais, pessoas especiais, coisas que ficaram pra trás. Esse da foto é um Secos e Molhados, o segundo deles. Comprei na Relics, uma loja que era parada obrigatória lá na Galeria. Peguei ele na mão só pra ver, sempre via esse disco custando uma fortuna. Olhei o vinil, tinha umas 'coisas' nele, como se tivesse respingado vela ou sei lá o que. Passei a unha e saiu. Olhei o preço, algo equivalente a R$10 hoje. Muito, muito barato. Provavelmente era por conta das coisas respingadas nele. Naquele dia voltei pra casa com o Secos e Molhados e fui logo depois esnobar os amigos, afinal, ninguém tinha aquele, e com encarte! Posso dizer com certeza, esse foi um dia feliz!

Daria pra montar um blog só com as histórias que tenho pra contar sobre esses discos. Como algo pode trazer tanta lembrança junto?

20.8.08

O Chico e eu

Por conta de um antialérgico sedativo que estou tomando tenho passado o dia com um pouco de sono. Hoje cheguei da escola e deitei na cama só pra descansar um pouquinho. Logo 30 minutos depois o telefone tocou, e acordei. O Chico! Eu tava sonhando com o Chico Buarque! Tentei voltar a dormir, e a sonhar, mas não deu. Lembrei que costumo dizer que adoraria ser amiga do Chico. Vamos imaginar...

Você lá, no bar, tomando uma cervejinha com o Chico. Aí bate aquela fome, você sem grana. Aí ele vira aqueles olhos azuis pra você e diz: "Vamos lá em casa que a mulher vai fazer uma feijoada". Eu nem gosto de feijoada, mas diz que vai ter mais um monte de cervejas geladas, um torresminho... Ah, meu amigo!

Imagina ser amigo de um cara que escreve a música Cálice na década de 70? Ou de um cara que inventa um pseudônimo pra escrever letras 'censuráveis' durante a ditadura e não contente, ainda inventa de dar uma entrevista como o pseudônimo?

Ah, mas o cara vem de boa família. Certa vez um repórter, ao visitar a casa dos pais do Chico, escreveu que a mãe dele estava num canto da sala tomando o seu wisky. Chico ficou bravo quando leu tal infâmia e reclamou: Wisky nada, era pinga!

Um cara que consegue ver poesia no cotidiano, no marginal velho e novo, na conquista do Brasil, no carnaval... No mínimo assunto esse cara tem pra conversar. Quem sabe ele até me escrevesse um Samba de Orly, um Bye Bye Brasil?

Quanta prentensão a minha... o remédio deve estar causando alucinações.

17.8.08

Fim de noite

Chegou em casa, tomou um banho. Sentou pra ver e-mails, recados e afins. Queria escrever algo pra alguém. Ligou o rádio pra distrair. Notou que não precisava escrever, já estava escrito e cantado. Apropriou-se das palavras do Lulu.

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Subentendido...

14.8.08

Salvando a noite

Estava eu lendo minha cota diária de inutilidade quando me deparei com o maior achado dos útimos tempos. Lá no flog da minha amiguinha Ally tinha um post dedicado inteirinho ao siteTolices do Orkut. Gente, quem já viu isso? Digo, com toda a certeza, mudou minha vida. Trata-se de uma galera que fica procurando idiotices lá no Yogurt e depois publica no site e na comunidade. Diversão rápida e garantida! E eu que me divertia com a comunidade Anão vestido de palhaço mata oito!

Isso sim é prestação de deserviço!!!!

13.8.08

Cara de anjinha

No início dos anos 90, ele disse pra minha mãe:
- A sua filha é muito boazinha, tem até cara de anjinho, uma gracinha!

Quase vinte anos depois estou trabalhando, levando um aluno doente para a diretoria. Na sala da diretora tem alguém que não conheço, não é da escola. Saí, tomei uma água é já ia voltando pra sala de aula:

- Professora, você não estudou na escola do Jd Ana Maria?
- Sim, por quê?
- Você era sobrinha da Professora Irinéia, filha da Dona Lourdes, não?
E eu olhando para aquele senhor, tentando lembrar ao menos o nome dele. Professor Ivan! O professor de Educação Física, aula que abandonei na primeira oportunidade.
- Nossa, professor! Quanto tempo!
- Você contina jogando a bola na cabeça do professor?
- Putz, achei que só eu lembrava disso...
- E você continua com cara de anjinha!

A conversa se estendeu por mais 10 minutos. Depois o professor ainda passou na minha sala pra ver se conseguia acabar com a concentração da turma, brincando comigo. Está aposentado, foi apenas rever uma antiga colega, a diretora da minha escola.

Será que daqui vinte anos lembrarei de alguma das minhas crianças? Acho que só lembramos de um ou outro, os que marcam mesmo. Mas como eu, tão impopular na escola, teria marcado? Vai ver nem todos eram tão desastrados a ponto de jogar a bola de vôlei direto na cabeça dele.

Voltei pra casa feliz, sem nem saber ao certo o motivo.

7.8.08

Beatles, Beatles, Beatles.

Ontem fui ver uma exposição sobre Beatles num shopping aqui de Santo André. Lá encontrei um grande amigo, e conversando com ele, tive a idéia desse post. Pra provar que Beatles faz parte da nossa vida:

Beatles pra tudo:

  • You know my name (Lookup the number) - Pra diálogos sem pé nem cabeça.
  • I am the walrus - Pra não dizer nada
  • Across the universe - pra curtir um mantra.
  • The ballad of John and Yoko - Pra lembrar algum casal de amigos, ou ex casal, ou só pra falar mal da Yoko.
  • Oh Darling! - Pra cantar berrando com os amigos, ou no carro, sozinha.
  • If I feel - Pra dizer exatamente o que sinto. E pra xingar a Rita Lee, que fez uma versão que eu detestei dessa música.
  • Golden Slumbers - Pra esperar o fim da suite, com a frase "And in the end the love you take is equal to the love you make".
  • Sun King - pra curtir um momento bicho-grilo na praia, num dia bem quente.
  • The fool on the hill - Pra quando me sinto uma idiota, e isso não é raro.
  • I want you (She's so heavy) - Sexo. Só consigo pensar nisso ouvindo essa música.
  • Something - Pra invejar a Pattie Boyd, por ter merecido essa música, mesmo ela tendo sido uma pilantra com o George depois. Tadinho.
  • Good morning, good morning - Pra acordar.
  • I'm only sleeping - Pra não acordar.
  • Getting better - pra ouvir quando estou feliz.
  • She's leaving home - Pra lembrar as vezes que, na adolescência, quis sair de casa. E pra ouvir a voz do Paul, que está linda nessa música.
  • While my guitar gently weeps - pra pensar 'como alguém cria uma melodia dessas?'
  • Don't pass me by - Pra gostar de algo que o Ringo fez na vida.
  • Mr Moonlight - Pras noites de luar.
  • In my life - Pra chorar de saudade dos amigos, do que já foi.
  • Nowhere Man - pra pensar na fantasia de nowhere man pra próxima festa à fatasia.

A lista não termina aí. Coloquei só as que eu mais gosto e consegui pensar agora. Mas acho que ela vai longe. Aceito sugestões!

4.8.08

Brinquedo novo

Sabe criança com um brinquedo novo? Com aquele brinquedo que vinha sonhando tempos atrás? Pois é assim que estou me sentindo. Acabei de comprar minha câmera nova, nem sei mexer direito ainda. Ando pela casa, pelas janelas, lendo o manual e testando. Mas essa já é tradicional, o mal tirado auto-retrato com a nova aquisição. Em breve, lá no multiply, coloco fotos com ela. Assim espero. Aliás, lá também tem o primeiro ensaio fotográfico que fiz com uma grande amiga, a Karen, na casa do Edu. Visitem, comentem, uma moedinha daria sorte também.