5.10.11

Minha Adolescência

Eu era assim. 1996-1997.

Pra ler ouvindo o disco Tudo ao mesmo tempo agora do Titãs. Pode ser também o Titanomaquia.

Minha adolescência se passou entre os anos de 1990 e 1998, aproximadamente. Dizem que a adolescência é um período de descobertas, de grande pegação, etc. Tudo mentira no meu caso. Eu não pegava ninguém. Meu primeiro beijo foi aos 14, mas entre um e outro era uma verdadeira epopéia. A primeira vez de outras coisas então, afff. A adolescência não viu isso acontecer. Hoje, fazendo auto análise, consigo entender alguns motivos.

Acho que só usei vestido, saia, coisas de mulherzinha até os 7 ou 8 anos. Aí fiquei 20 anos usando calça jeans, tênis e camisetas pretas. A partir dos 12 anos era só camiseta de banda. Por um tempo a diferença para os meninos era o batom. Depois eu cortei o cabelo. É, eu tive cabelo curto nessa época também, eles tinham cabelo comprido. Ah, mas eu era cheirosinha, tomava banho todo dia. Mas nenhum menino sabia disso, porque eu sempre estava entre eles. Os que me conheciam, não queriam saber, os que não me conheciam, não me conheceriam porque achavam que eu era um deles, um menino. Pois é. A pior coisa da vida de uma menina é ser tratada como um cara pelos amigos.

Outra coisa engraçada era meu gosto musical. Hoje sou bem eclética, gosto de muita coisa. Mas os meninos tinham um pé atrás com meninas que iam pro bate cabeça no show do Sepultura. Não sei o motivo. Havia um grande problema numa menina que curtia sair pulando e se drogando num show do Raimundos, lááááá naquela época áurea do Raimundos. Alguém que dizia que o Tudo ao Mesmo Tempo Agora do Titãs era o melhor deles, com músicas como Isso Pra Mim é Perfume (quem conhece?), Saia de Mim e Clitóris. Pô, qual o problema da música de escárnio afinal?

Lia Marques de Sade, Carlos Drummond de Andrade e Carmina Burana. Vivia na biblioteca municipal. Não frequentava nenhum lugar pra conhecer meninos. Noites de final de semana no bar mais rock n’ roll da cidade, no centro, num tempo em que carro era luxo de pouquíssimos conhecidos. Mesmo assim de vez em quando rolava uma carona kamikaze.

Era menor, ninguém ligava da gente ficar na rua, beber, encher a cara. Claro, EU não corria perigo nenhum, segundo alguns amigos, era mais macho do que todos eles. Sobrevivi. Ainda bem que aprendi a usar saias.

23.8.11

Coração Dodói?

Hoje descobri (ou assumi? ou aceitei?) que uma parte do meu coração tá dodói. Não é aquela parte que cuida de levar o sangue pro resto do corpo, essa parte faz o seu trabalho direitinho. Nem é aquela parte onde algumas pessoas tem uma casinha com vista pro mar e moram lá. Não. É uma parte que me dizia há muitos e muitos anos o que eu faria da vida, mesmo eu fazendo de conta que não a escutava.

Essa parte do meu coração é a que fazia com que ainda aos 10 anos de idade, eu já juntasse colegas em casa pra repassar algumas lições de matemática (veja só!) e de português numa lousinha dada pelos meus pais. Fazia também com que ao longo de todo o ginásio (hoje Fundamental II) eu juntasse sempre alguns colegas na sala em busca de explicações das matérias. No colégio (atual Ensino Médio) fez com que, mesmo eu odiando estudar, juntasse amigas em algumas casas pra explicar como montar o bendito balancete, ou discutir legislação trabalhista. Fez com que na Telefônica eu ficasse sempre encarregada de ensinar o trabalho aos novos no setor em que eu trabalhava. Fez com que eu escolhesse uma faculdade de Humanas, Ciências Sociais e depois, História. Na segunda fez com que eu fosse praticamente uma monitora em uma ou outra disciplina. Foi na época em que me rendi e fui ganhar pra ensinar. Já se passaram 9 anos da primeira vez em que entrei numa sala de aula. Sim, eu me encontrei lecionando, eu nasci pra isso.

O problema, o que vem adoencendo essa parte do meu coração é tão complexo que nem ao menos vejo uma luz no fim do túnel. Adolescentes cada vez mais desinteressados por tudo, apáticos diante de uma sociedade que valoriza cada vez menos o conhecimento, o sentimento, a educação em geral. Toda uma sociedade em que dia após dia crianças entram nas drogas sem pensar no amanhã. Uma geração que embora ainda sonhem (eu acho que sonham), não fazem absolutamente nada pra seguir seus sonhos. Outro problema é a instituição do Estado, na qual encontro-me empregada. Embora na TV apareça o contrário, a valorização do professor, do conhecimento passado por ele, é zero. A valorização do ser humano que lida com centenas de outras vidas todos os dias não existe. O que existe é uma pressão de todos os lados para se diminuir a evasão, a reprovação e as notas baixas, custe o que custar. A vitrine deve sempre ser bonita, não importa como estamos vivendo lá dentro. Não importa se temos condições precárias, se alunos vão à escola apenas por um benefício em dinheiro, se alunos passam drogas dentro da sua sala, se não existe condição física na escola (falta de água, luz). Importa que o professor atribua boas notas aos alunos.

Como um bichinho, tudo isso corroeu aquela parte do meu coração e começou uma verdadeira devastação em outros setores da minha vida. Sono, bem-estar, humor, auto-estima, auto-confiança, ânimo, tudo isso foi pro ralo. Pela primeira vez na vida preciso me afastar de uma das coisas que mais gosto de fazer, lecionar, pra ver se consigo voltar a fazê-lo como sempre fiz, com amor, como um sacerdócio. Tudo isso é realmente muito novo pra mim, e pretendo voltar a escrever por aqui (promessa velha) e contar como será esse meu retiro. Desejem sorte.

29.5.11

Rabugentices dominicais

Manhã de domingo. Cara inchada de sono no volante. Farol fechado. Estaciona ao lado um carro Nissan, do tipo que eu nem sonho ter um dia. Abaixa o vidro filmado e um moçoilo fala alguma coisa. Lista ordenada de possibilidades:

1. Meu carro ta pegando fogo ou ta com o pneu furado. Ou as duas coisas. Sinto o cheiro, penso um pouco, acho que não.

2. Eu fechei o cara lá atrás. Se eu abrir o vidro ele vai me xingar de vagabunda e ta muito cedo pra isso. Cara de paisagem e não abro o vidro.

3. O imbecil ta perdido e acha que eu conheço alguma coisa, vai me perguntar como chega sei lá onde. Eu não sei, mas vamos ver. Vai que o carro ta pegando fogo mesmo.

Com um bom humor invejável numa manhã dominical de céu azul e sol bonito eu abro o vidro e escuto a infâmia:

- Ooooiii, sabia que você é linda?

Por um momento quase achei que era melhor que o meu carro estivesse pagando fogo. Foi pegadinha isso? Ou tem gente que tem fetiche por mulher com a cara inchada e com o cabelo (ralo) despenteado? Quem o mocinho tava tentando enganar?

Ah, já sei. Ele tava é perdido mesmo e queria alguma informação. Por isso tentou me agradar. Dei uma fungada, que é a minha expressão quando não tenho palavras pra mostrar minha irritação, fechei o vidro e fui embora. O domingo continuava lindo e meu carro não pegou fogo.

1.1.11

Promessas de Ano Novo

Prometo ser mais sociável. Ou pelo menos espero tentar ser. Quero, pelo menos.


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