Era já o final da aula quando aquele aluno a pediu, em particular, um conselho. Perguntou-lhe sobre teste vocacional, afinal, já estava na oitava série, no curso supletivo, em um ano e meio prestaria vestibular. Na mesma noite ela chegou em casa e foi pesquisar. Aquele rapaz chamava sua atenção. Ela, que nunca foi boa em guardar nomes, sabia muito mais do que seu número da chamada, o 45. Sentava-se na frente da sua mesa, quando tirava dúvidas sobre a aula, olhava-a nos olhos. Chegava a intimidá-la.
Na noite seguinte a professora entregou o bilhete com telefones de locais onde ele poderia realizar o tal teste.
- Professora, sei que está solteira, não quer ir ao cinema comigo hoje?
Ela sentiu como se o chão estivesse tremendo. Suas mãos ficaram geladas, e a voz demorou para sair. Balançou a cabeça, não. Olhou novamente em seus olhos.
- Você é meu aluno, não confunda as coisas.
Seu casamento havia terminado recentemente, não pensava na possibilidade de que alguém poderia convidá-la, sem mais nem menos, para ir ao cinema. Um aluno! Logo depois contou para as pessoas mais próximas e ouviu atentamente todo tipo de palpites:
- Ele é seu aluno, nem pense numa coisa dessas!
- Ele é adulto, você também, são livres. Fora da escola, não existe impedimento.
- Cuidado, você pode perder o controle da situação...
- Que legal! Ele é uma graça, não há problema algum!
A cada palpite ela ficava mais confusa. Resolveu esquecer aquele assunto, só o veria na semana seguinte, até lá já teria esquecido o susto. Mas passou os dias seguintes chocada com a proposta, tentada, e com vergonha de tudo o que estava sentindo.
(continua)
21.2.08
45
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Um comentário:
Ah, a ética profissional... chata, não? Estou ansiosa pela continuação. :)
Obrigadíssima pela visita gentil, moça. Mesmo.
Bjs.
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