Gente, que o mundo é podre a gente já sabe. Que o mundo inteiro vai queimar, já desconfiamos. Mas é bom saber o quando você vai queimar. Então entre no link abaixo e veja se você é puro ou corruptível. Como prova de que é sério, concordo com o meu resultado, e exponho aqui: sou 52,6% pura, mas 47,4% do meu ser é facilmente corruptível...
Teste você também a sua pureza social, e depois entra aqui e conta o que deu, claro!
30.5.08
Teste de Pureza Social


Sorte? Que sorte?
Sorte de hoje: Seu grande sonho é constituir família
Olha, nem ligo mais quando dizem que "serei promovida na minha empresa" ou que "chuvas de graças cairão do céu" Agora, constituir família??? Aí também já é demais... Acho que nunca chegarei a ser avó, sabe por quê? Porque não pretendo ser mãe. Nem é que eu não goste de crianças, não. Adoro minhas amigas que tem filhos, só não os quero pra mim. Não sei e não gosto de cuidar nem de mim, imagina de uma família? Sou totalmente o contrário da minha mãe e das minha avós. Essas últimas sim eram mulheres de verdade. Eu não. Eu passo a vez.
Pode ser que um dia mude, mas agora tô contente com os meus pequenos. É, aqueles 400 que educo durante as tardes.


28.5.08
O fogo eterno me espera
Alguém que deseja o mal pra uma criança de 10 anos tem salvação? Acho que vou é queimar no fogo eterno mesmo.
Tenho alunos (pouquíssimos) que realmente me tiram do sério. Como pode uma criança ser mais falsa do que uma nota de quinze? Por aí os vemos e são lindinhos, fofinhos. Tenho um que parece o São João Baptista do da Vinci, tão lindo que é. Mas é o cão na sala de aula. Enquanto pisco os olhos, ele já se levantou e está mexendo com alguém. Hoje ele não foi, deu até pra respirar durante a aula. Entre um suspiro e outro, sonhei, ops, imaginei:
- Morreu? Nossa, mas o que aconteceu?
- Uma professora, sem freio, não conseguiu parar o carro quando ele atravessou na frente.
Ok, isso é muito drástico...
- Ele não vem mais? Nunca mais?
- Não, os pais mudaram-se para a Patagônia.
Ou ainda...
- Professora, ele não vem mais, foi mandado como cobaia viva pra Marte.
Eu sei, eu sei, não sou boa pessoa. Melhor não deixarem seus filhos comigo.


27.5.08
Os sisos e as frases não ditas
Tenho 28 anos, e todos os meus sisos já nasceram, menos um, que está nascendo desde 1800, eu acho. Sei, sei, é tempo demais. O fato é que faz um tempão que o maldito cresce um pouco, dói e pára. De tempos em tempos é isso. Um dia acordo e vejo que está doendo, que a garganta tá meio inflamada, lá pela parte da tarde tenho um pouco de febre, e à noite dói pra caramba, o maxilar, o ouvido, a cabeça, tudo.
O dia hoje foi incômodo. O dente, a garganta, a febre, as crianças, seis aulas em pé, falando, falando, falando. Além disso tudo, uma saudade. Uma vontade de falar das coisas que sinto com tanta facilidade com que dou aula, ou falo coisas inúteis. Mas não sou boa com as palavras, digo tudo pelos gestos que nem ao menos sei se são compreensíveis. Como é que se diz 'gosto de você'?
Mas agora, jogada no sofá, ouvi a música que diz o que sinto, como sempre. Ela é o tema da nova novela das 8 da Globo.
"Como pode ser gostar de alguém, e esse tal aguém não ser seu..."
PS¹:Alguém conhece algum remédio pra acabar com essa dor? Já me entupi de sorvete e de analgésicos, não melhorou. O sorvete me deixou muito mais feliz.
PS²: Alguém pode me ensinar como faz pra essa janelinha maldita do DivShare ficar do tamanho certo? Tenho sempre que postar músicas lá em pastas diferentes mesmo? Afff.
PS³: Antes que alguém indique um dentista, saibam, tenho verdadeira fobia deles. A vida inteira fujo enquanto posso, e de pensar neles, até esqueço da dor.


Mais uma da Parada
Ainda estou indignada com o fato de não ter fotos boas pra publicar. Portanto, como o Edu disse, meu blog anda pop, vou divulgar fotos decentes. Não as minhas, as dele, claro. As minhas não ficaram à altura, literalmente.
No Território da Música, canal Pop vocês encontrarão uma matéria bem melhor do que a minha descrição da Parada, e logo abaixo, o link para as fotos.
É isso. Merchan feito, claro, será cobrado, huhuhu.


26.5.08
Parada, eu fui!
Como disse antes, fui pra Parada Gay nesse domingão de sol. Nunca tinha ido, e gostei muito. Só alguns probleminhas rolaram...
Primeiro, logo no início, o carro do Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) foi impedido de participar. Foi uma verdadeira pancadaria por parte da polícia pra tirar o pessoal da avenida. Não acho que precisamos ver esse tipo de coisa numa festa que pede a liberdade e a igualdade.
Lá pelo início da noite também se podia ver o tamanho do consumo de alcool pelos participantes. Uma coisa é beber pra ficar alegre, outra é beber pra cair, passar mal. E muita gente bebeu pra passar mal.
Tentei tirar várias fotos, mas não saíram grandes coisas... do alto dos meus quase 1,60m não dava pra ver muita coisa. Queria ter, pelo menos, 1,80m de altura.
O movimento estima que compareceram à Parada cerca de 5 milhões de pessoas. Uma grande festa, sem dúvida.


25.5.08
Parada Gay em SP
Hoje vou à Parada Gay que rola em São Paulo. Não, não vou representar a minha opção sexual, não, sou hetero. Vou em nome da diversão, em nome do fim do preconceito, e, claro, em nome de boas fotos.
Triste é o fato de que, ao contar para as pessoas que me cercam, que vou à Parada, algumas dessas pessoas fazem cara de espanto, do tipo "mas o que você vai fazer lá?", ou "Pelamordedeus". Mas com certeza se dizem pessoas sem preconceito nenhum.
É isso aí, tá tarde, quando voltar escrevo algo melhor sobre isso. Acho melhor ser preconceituoso declarado, daquele que não chega perto de gays do que aquele que se diz 'simpatizante' e e não é simpático nem ao mínimo de respeito pelos iguais.


22.5.08
Feriadão começando
Feriadão agitado começou hoje. Pra começo de conversa, tá rolando um concurso de fotos da cidade de São Paulo. Fomos eu e o Edu pra lá, peregrinar em busca do clique ideal. E peregrinamos, viu? Clique ideal não achei, ele ainda não sei. Uma das fotos que mais gostei foi essa, num terreno baldio em frente ao antigo prédio do DOPS, atual Pinacoteca do Estado. Valeu pelo passeio que não fazia há muito tempo, e ainda mais com uma companhia tão agradável ;-)
Hoje por lá teve também a Marcha para Jesus. Não consegui fotografar nada da marcha, mas domingo tem Parada Gay. E lá vou eu de novo pra lá. Essa sim, tô apostando, vai render fotinhas mais interessantes, hehehe.
Aguardem.


Impropérios
Frases soltas ouvidas numa noite estranha, vindas de alguém que, por incrível que pareça, sinto saudades:
"É, casei. Essa vida louca não dava mais pra mim. É igual transporte coletivo: você pode entrar, sair, não precisa se preocupar em conservar... mas uma hora você acaba querendo um carro só pra você."
"Tem 14 mulheres pra cada homem! Imagina todas elas tentando? Uma delas, às vezes consegue, não se culpe e nem espere que seja diferente, é a lei."
"Pra que você quer sair de casa? Tem tudo lá. É só fingir que não é com você, ou que o que seus pais falam não dói. Mulher é boa nisso. Finja que não dói, uma hora pára de doer mesmo."
Eu não acredito que ouvi essas entre outras coisas. O autor das frases aí é um antigo amigo de trabalho, tinha quase um ano que não o via. Gosto dele, mesmo não valendo nada, ele não é falso, é autêntico. É isso aí, quem não gosta, nem se aproxime. Gosto de pessoas autênticas, das que não mudam pra agradar ninguém.
***
Continuo aceitando possíveis participações pro meu possível projeto de blog sobre sonhos bizarros.


19.5.08
Changes
Tudo nessa vida muda, meu cabelo não seria diferente. Desde sexta-feira acabou-se minha fase vermelha, aqui estou eu com meus cabelos pretos. Agora não sou mais a professora do cabelo vermelho. Tatuada sim, cabelo vermelho não.
Hey, quem gostaria de escrever num blog comunitário sobre sonhos bizarros? Eu quero criar, mas nem sempre tenho sonhos realmente estranhos... Aceito propostas.


Enquanto durmo
Eu tenho que contar. Não aguento. Lá vai o sonho que tive hoje.
Eu estava levando minha mãe pra um show do Roberto Carlos. Estava com uma amiga. Minha mãe entrou antes, foi guardar a nossa mesa. Eu e a minha amiga ficamos dando umas voltas antes. Na hora de entrar, tive que apresentar documento de identidade, pois meu ingresso era diferente, de professor. Apresentei minha CNH, e o homem que estava verificando isso rasgou minha habilitação! Como eu iria embora sem a minha habilitação???
Fui tentar falar com o gerente do lugar, minha idéia era ao menos conseguir uma indenização por isso. Peguei a senha pra falar com o homem, mas tinha uma fila imensa, e ele já tinha ido embora. Então decidi ir pro show mesmo. Pra voltar, minha amiga poderia voltar dirigindo. Putz, não era mais minha amiga, era meu irmão. Tudo bem, ele também tem habilitação.
Entrei no show, e quem estava se apresentando não era o Robertão, e sim um cover do rei. Não, não do Roberto, do Elvis! Problema é que era um cover bem vagabundo, dublando as músicas. Caramba, cadê a minha mãe? Ela não estava na nossa mesa, que era atrás do palco. Fui atrás dela.
Acabou o show do Elvis afro-brasileiro (é, um cover do Elvis que nem ao menos se parecia com ele) e fomos embora. Encontrei minha mãe, só faltava encontrar meu irmão pra ir dirigindo. Irmão? Não! Meu primo. Achei, ele estava tomando uma Coca e comendo algo, um frio danado, eu morrendo de fome, resolvi comer também.
O telefone tocou, acordei. O show do Roberto? Não sei. Durante o sonho também apareceram alguns chocolates que eu queria comprar, mas não sei em que momento... Não sei, acho que nunca poderia ser cineasta mesmo, meus pensamentos têm problema de continuidade.


18.5.08
16.5.08
A pergunta da semana
O mundo anda acabando à minha volta. Minhas amigas estão com problemas, vêm me contar coisas tão impossíveis de se resolver quanto opinar. Aí penso, ainda bem que no meu trabalho não existem perguntas e diálogos tão complicados... isso até um dia dessa semana.
- Então, pessoal, a história é dividia nesses cinco períodos (...), e a Idade Contemporânea é a que estamos vivendo hoje, ela começa com o processo da Revolução Francesa, que foi uma das mais famosas revoluções da burguesia (...) e desde então passamos a eleger nossos representantes, coisa que até então não acontecia, pois antes o poder era concentrado na figura do rei.
- Pro, então sempre que acontece uma grande mudança na história, muda o período?
- Mais ou menos. Uma grande mudança para os países mais poderosos, os que "manipulam" a história mundial.
- Então por que com o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os EUA jogaram a bomba lá no Japão, não entramos em outro período? Não foi nessa época que eles se mostraram como o país mais poderoso do mundo? Isso não é o fim de uma era e começo de outra?
- !!!
Pessoas, eu lhes digo: esse aluno veio do Piauí, está na quinta série. Escreve mal pra caramba, mas me deixou sem palavras. Depois da aula fui conversar com o garotinho de sotaque bacana. É maníaco por história, e tem um irmão historiador. Eu heim. Tem alguém de Piauí que me visita? O que andam ensinando pras crianças daí?


13.5.08
A espinha
Como pode uma espinha idiota me fazer pensar na vida? Começo a achar que a minha vida talvez seja idiota também...
Nunca, nem na adolescência, tive espinhas. Mas de ontem pra hoje surgiu um verdadeiro vulcão aqui na minha testa. E ela dói, me lembrando sempre que ela está lá. Aí me vem aquela música maldita "voltamos a viver como a dez anos atrás, e a cada hora que passa envelhecemos dez semanas". Pois é. Aí me ponho a pensar.
Tenho 28 anos, moro com meus pais. Acredito que esse seja o centro dos meus problemas. Não eles, e sim estar na casa deles, pois já não me sinto na minha casa. Passo a maior parte do tempo no meu quarto, ouvindo música, lendo, trabalhando. Não me sinto convidada a assistir TV na sala, nem a fazer algo pra comer na cozinha da minha mãe. Chega o final de semana, e tenho que ficar arrumando álibis pra fazer o que eu quero. Chegar a hora que eu quero? Nem pensar... eu gostaria é de nem chegar de vez em quando, mas sempre volto, para evitar o atrito.
Bom era na adolescência, época em que eu não pensava tanto em evitar o atrito. Mas ao 28 anos, acho ridículo passar por uma discussão do tipo "onde esteve até agora?", ou "onde você dormiu?". Ah, é, estamos na era do celular. Então o atrito começa antes com "Alô? Onde você tá até uma hora dessa?". Tem também o "vai sair de novo?" e o "amanhã você trabalha!".
Pois é, sou professora, trabalho, me sustento, pago contas, não dependo de ninguém, mas vivo ainda, de certa forma, como uma adolescente. Pelo menos hoje tenho dinheiro pra beber e comprar pílulas. Ah é, escondida, claro. Estranho como às vezes uma simples espinha traz sentimentos tão sufocantes à tona...
Ainda vou morar no meu carro.
Ouvindo Sepultura, sons da adolescência.


10.5.08
Mente poluída?
Sexta-feira, por volta das 17h20 um aluno explicava-se para a diretora sobre ter acabado de socar um colega de classe, em defesa de um outro mais espertinho:
- O que aconteceu?
- Ele xingou meu amigo, e amigo é pra defender o outro.
- Mas ele não xingou você, seu amigo que deveria se defender!
- Mas ele disse que queria mesmo era bater nele, então eu fui.
- Tá, então só porque ele é seu amigo você foi lá bater pra ele?


7.5.08
(Des)vendando o meu signo
Ahá!!!! Pois é, dias atrás postei um diálogo infame por aqui, em que uma pessoa mais infame ainda me perguntava o meu signo. Aí várias pessoas perguntaram o mesmo, e aí está. Sim, sou de peixes, mas durante os 28 anos da minha vida nunca tinha parado pra ler essas coisas sobre os signos. Eu nunca acreditei nisso, sempre fui crítica demais pra tudo. Costumo dizer que meus pais devem ter errado na minha educação. Nem o Papai Noel me enganou por muito tempo. Então fui lá no Terra e li sobre mim mesma. Aí está o texto que li, com as devidas ressalvas em vermelho.
PEIXES
O último signo do zodíaco mistura uma pitada de cada um dos onze anteriores - a infantilidade de áries, a sensualidade de touro (sensual, eu?), a suscetibilidade de câncer, a maleabilidade de gêmeos (mentira, sou teimosa), a magnanimidade do leão, a acuidade de virgem, o mimetismo de libra, a sagacidade do escorpião, a benevolência de sagitário (não constumo ser benevolente, não), uma certa reserva própria de capricórnio e uma tendência a desligar típica de aquário (desligar é comigo mesmo). Com tantos atributos contraditórios somados numa só pessoa, o peixes só poderia ser o que é: um tímido.
Nem um replicante conseguiria exprimir essa coisa toda, e o peixes desiste de se fazer entender antes mesmo de começar, refugiando-se no mais seguro mundo da fantasia, onde toda incongruência é bem-vinda (Por favor, me avisem como chegar nesse mundo de fantasia. Estou precisando tirar os pés do chão mesmo). Um peixes introspectivo, portanto, é praticamente um pleonasmo. Ele prefere comunicar-se com aquele olhar vago e enternecedor, seguido de gestos doces e delicados, completados por um único comentário extremamente sensível (Não acho meus comentários sensíveis. Pelo contrário.). Peixes, como escorpião, é um signo que saca tudo de cara - uma espécie de detector de mentiras ambulante, o que provavelmente contribui para acentuar seu ar melancólico. Ao contrário do escorpião, porém, que saca e corta a bola imediatamente, os piscianos vacilam na hora de reagir. Um peixes pode intuir que o camarada ao lado é um perfeito patife, mas nada, em seu sistema imunológico, o leva a proteger-se adequadamente. Talvez porque, ao contrário de escorpião, peixes enxergue sob a superfície de todo patife um ser tão desprotegido quanto ele e o restante da humanidade. Ou porque, no fundo, não se abale muito com as patifarias alheias (Mentira. Sou uma idiota que confia em quase todo mundo. Aí sempre me dou mal por isso.)
Peixes é o símbolo do cristianismo (cristianismo, logo eu?), e sua palavra de ordem é transcender. Não deixa de ser uma boa política: já que as barbaridades que sua intuição constantemente pesca por aí não tem muito jeito nem conserto (como a educação), ele prefere fechar os olhos e passar batido (às vezes, só às vezes, gostaria de conseguir passar batido pelo problema da minha profissão, por ex. Mas continuo me matando). A única ressalva é que esta política de resistência passiva às vezes só funciona entre os acólitos do sr.Ghandi, e não com o taxista que o rouba na corrida, o sócio que o rouba no escritório e o melhor amigo que lhe roubou a mulher. Como a natureza poética de peixes, contudo, lhe permite sublimar a vontade, estas bobagens do dia-a-dia não o atingem muito (Atingem sim, e como.). Ele pode se safar da condição de vítima pintando, compondo ou pondo em versos toda esta chateação (Só sei escrever aqui, nunca fiz nada além. Artisticamente, sou um erro.). Com seu talento natural, terá uma carreira arrasadora. No ramo da fantasia, peixes será sempre the best (Só se for fantasia erótica.).
Devido à sua extrema sensibilidade, o pisciano tende a ouvir demais aos outros, o que é péssimo, pois vão estar sempre diagnosticando torto seus males, e recomendando remédios mais fatais que a doença (Aí eu concordo. As pessoas me procuram aos montes pra contar todo o tipo de coisa, e ainda reclamam quando dou minha opinião. Pra mim chega).
Que falta do que fazer... Pra ler ouvindo O Segundo Sol, versão da Cássia Eller.


4.5.08
Inacabado
Era uma sexta-feira, a semana foi cansativa, corrida. O trabalho pra fazer em casa amontoava-se sobre a cama. Olhou para tudo aquilo enquanto ouvia a previsão do tempo. "O final de semana será de muito sol, céu azul e temperaturas baixas no litoral de São Paulo".
Abriu o guarda-roupas, pegou algumas peças, incensos, velas e o seu perfume. Pegou também a agenda telefônica, discou um número quem nem tinha decorado ainda. Ao atender, disse simplesmente, em tom calmo:
- Separe o que você precisa pra um final de semana. Em 20 minutos passo pra te pegar. Vamos passear um pouco. Quero ser teu pão, ser tua comida, todo amor que ouver nessa vida, só por dois dias. Quero tua língua, quero o teu sexo, e quero tua companhia pra uma cerveja na orla pra descansar. Quero enlouquecer junto com você, quero implorar por palavras doces e sujas, pesadas e carinhosas, pelo desejo, e pelo descanso depois, nos seus braços.***
Está inacabado, mas pretendo continuar. Esse inaugura um novo marcador: surtos. Ah, não, não estive nesse paraíso durante o feriado, essa foto é antiga. Mas seria o lugar perfeito.


3.5.08
Sábado, não sou eu.
DÊ
(Tatá Aeroplano / Fernando Maranho)
Dê amor, dê paixão
Dê espera, dê esperma
Dê prazer, dê fogo,
Dê uma nela, de carinho,
De sacanagem, de sarro, de fato,
Dê amor, dê segurança,
De anca na anca dela
E amanheça de cabeça dentro dela
Dê amor, dê paixão
Dê espera, dê esperma
Dê prazer, dê fogo,
Dê uma nela, de carinho,
De sacanagem, de sarro, de fato,
Dê amor, dê segurança,
De anca na anca dela, cadela
E amanheça de cabeça dentro dela
E amanheça de cabeça dentro dela


1.5.08
Papo de doido
- Posso sentar com vocês?
- Já sentou, tudo bem.
- Não demora que nossos namorados podem chegar a qualquer momento.
- Tudo bem, só tô afim de bater um papo...
- Tá, fala.
- E aí, vc vem sempre aqui, né?
- Papinho furado, né, amigo.
- Qual o seu signo?
- Câncer
- Trancado dentro de mim mesmo eu sou, um canceriano sem lar... E você?
- Detesto signo, detesto quando perguntam sobre ele.
- Tudo bem, não toco mais no assunto, ué.
- Olha lá, seu amigo tá indo embora.
- Tudo bem, depois encontro ele. E aí, o que vocês fazem?
- somos professoras
- !
- Que que tem?
- As duas? Professoras? Aqui, no boteco bebendo?
- ?
- Não é comum, né?
- É sim, mais do que você imagina.
- Professoras de quê?
- História
- Artes
- História? Ah, então que tal me ajudar a saber sobre meus antepassados?
- Não sou exotérica, não vejo o passado, sou professora.
- É que sou descendente dos Fenícios.
- Putz. Legal. Eu trabalho até as 18h, depois disso a aula é mais cara. Mas vou dar uma amostra grátis. Seus antepassados desenvolveram e destacaram-se no comércio marítimo na Antigüidade.
- Caramba, são professoras mesmo! Tô quase acreditando que as duas tem namorados mesmo.
- Temos sim, e já estão chegando.
- Estranho vocês duas aqui, sozinhas.
- Sabe o que é estranho, meu amigo? Nós estamos aqui tentando conversar, mas você sentou, não levantou mais e não deixa a gente conversar com esse papinho furado.
- Puxa. Tá bom, vou embora. Mas qual o seu signo? Deve ser de peixes.
- Tchau!


28.4.08
Participação especial
Gente! Tô ficando importante nesse mundo do blog! Aqui está minha primeira participação especial no blog alheio. O Marcio me intimou, quero dizer, me convidou pra escrever um texto sobre o seguinte tema: "O que eu quero ser quando crescer". Pessoas maldosas, entre elas o próprio, dizem que não vou crescer, então teria que usar a imaginação. Mas o texto tá lá. Entrem, leiam, opinem, xinguem, mandem beijos. O importante é que leiam. Está lá no Três, que o Marcio escreve junto com o Ton e com o Rogério.
E por hoje é só. Pessoas, perdoem meu sumiço nos comentários, tá tudo corrido, muito trampo. Fechamento de bimestre é triste.


27.4.08
Virada Cultural SP 2008
Gente, quero comentar sobre a Virada. Mas ainda não estou em condições físicas e psicológicas para tal. Juro que falo mais sobre isso, mas agora ainda estou chocada e cansada. Vi coisas que achei que nunca veria na vida. Simplesmente lindo. Vai então uma música dos Mutantes, pra mim, uma das melhores deles. Acho que traduz muito bem o que acontece nesses shows.
UMA PESSOA SÓ
Os Mutantes
Eu sou
Você é também
E todos juntos somos nós
Estou aqui reunido
Numa pessoa só
E todos juntos somos nós
Uma pessoa só
Vcê também está tocando
Vcê também está cantando
Estamos numa boa pescando pessoas no mar
Aqui
Numa pessoa só
Eu sou o começo sou o fim
Sou o "a" e o "z"
Todos juntos reunidos
Numa pessoa só


23.4.08
Missão da Mila
Putz, dessa vez foi difícil. A Mila me mandou uma tarefa que eu fiquei um tempão pra fazer. Não por falta de repertório musical, mas por falta do que eu quero. Estranho, não? Tudo o que eu quero se resume a dinheiro, materialmente falando. O resto é tudo imaterial... Bom, a tarefa é a seguinte:
"Se você encontrasse o gênio da lâmpada e ele lhe concedesse três desejos materiais e três desejos imateriais, quais seriam? As respostas deve ser com trechos de música."
Lá vamos nós:
Desejos materiais
"Well now give me money, a lot of money"
Dinheiro, claro, sempre o dinheiro. Como viver sem dinheiro. Que atire o primeiro euro quem não quer também.
"Meu Cadillac, bi-bi, quero consertar meu Cadillac"
Cadillac é modo de dizer. Queria mesmo era uma PT Cruiser preta.
"Eu quero pinga com limão, com limão, com limão!"
Nem só de trabalho vive o homem, né? Nem é pedir demais. Na continuação da música diz que na casa do cara tem duas piscinas, uma pura e a outra com limão. Quero assim.
Desejos imateriais
"Preciso de alguém pra fugir sem avisar ninguém"
Resumindo o espírito do que eu quero. Alguém que tope qualquer coisa a qualquer hora é o meu número certinho.
"Quero uma festa punk!"
Faz tempo que não vou em uma daquelas bem podres. Nem me lembro qual foi a última.
"Eu preciso encontrar um lugar legal pra mim dançar e me descabelar"
Um lugar do Caralho, o nome da música. Por que não tem muitos lugares bem loucos pra se freqüentar, que só role som bacana e gente legal. Tem alguns, mas não muitos, e nada ace$$ívei$.
Perceberam que tudo o que eu quero, até os desejos materiais se resumem em diversão? Isso me deixou pensativa. Acho que é isso o que tá errado na minha vida, só penso em diversão. Já diz a minha mãe, "objetivos, minha filha, você tem que ter objetivos."
Vou mandar o gênio para os visitadores mais assíduos:
Letícia, do Fábrica de Sonhos
Jô, do Fragmentos de Jô
Jô, do Cinema da Vida
Edu, do Sanctuarium
Alec, do InFaces


22.4.08
Vou te encontrar, vestida de cetim...
Hoje acordei com o barulho que a Petroquímica fez logo pela manhã. Era cedo, 8hs. Pô, só entro pra trabalhar às 13h. Bom, enfim. Depois de ouvir o barulho não consegui mais dormir por causa de uma reforma que ocorre aqui bem do lado de casa, mas fiquei deitada pensando na vida. Quero dizer, na morte. É que o barulho me fez lembrar de quando eu era criança e acreditava mesmo que um dia ia morrer por conta de alguma provável explosão na mesma Petroquímica.
Não sei porque, mas ao longo da minha vida, sempre pensei em como vou morrer, acho que é de família, meu pai vive dizendo 'desse inverno eu não passo'. Já tem 28 anos que ouço ele dizer isso.
Bom, quando eu era criança, achava que seria por causa de uma explosão que jogaria Santo André inteira pelos ares. Mais tarde, lá pelos 10 anos, andei doente. Aí pensei que com essa saúde bichada não poderia mesmo chegar a ser adulta. Mas sarei. Quero dizer, o corpo sarou, a mente continuou na mesma.
Então chegou a adolescência, e aí já tudo mudou. Que doença, que Petroquímica que nada. Ia morrer de tanto beber mesmo. Mas eu também tinha um pouco de medo dos amigos que dirigiam, então achava provável também morrer em acidente de carro, ou com os amigos, ou nas inúmeras caronas desconhecidas que nós pegávamos, olha só que insanidade. Se minha mãe soubesse disso, ela mesma me mataria.
Mas virei adulta e fui dar aula. Aí, logo no primeiro ano que estava trabalhando, uma professora aqui nos arredores foi baleada na sala enquanto escrevia na lousa. Pronto, podia continuar bebendo, já tinha arrumado outro obituário. Tive um aluno naquele ano que ia pra escola armado, foi ótimo, aprendi a ditar a lição, não virava de costas pro cara de jeito nenhum. Essa desconfiança ainda me persegue, ainda acho que pode ser que eu morra na aula ou em virtude dela. Após seis anos, a voz já não é mais a mesma, e a sanidade mental também não. Hoje sou bem mais paciente, mas ainda não evito confrontos. Se preciso, sou muito macho na sala de aula, não tenho medo. Talvez devesse ter, mas não tenho. Ah, sim, ainda tem as manifestações do sindicato, mas duvido que um dia aconteça algo por lá. Aquilo, de tão ridículo, não incomoda nem a população mais.
Ah, claro, comecei a dirigir recentemente. Quem anda comigo sabe que o acidente de carro ainda é possível também.
Hoje não tenho mais medo da Petroquímica explodir, mas confesso que o barulho me deixou preocupada.
"Estou aqui de passagem
Sei que adiante um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício
de susto, de bala ou vício"
Soy loco por ti, América, Caetano Veloso
*****
Puuuutzzzzz! O texto já estava terminado e publicado, quando começo a receber ligações. Gente perguntando "você sentiu a terra tremer aí?" Eu heim. Eu não senti, mas várias pessoas menos desligadas que eu sentiram. Mais um possível e novíssimo óbito: soterramento.


18.4.08
Limite
Ela não sabe mais o limite entre o certo e o errado, entre o normal e a loucura. Nem sabe mais exatamente o que prefere. Prefere não pensar, prefere apenas passar a noite com ele. Deseja vê-lo de perto, sentir seus lábios, sua língua, seus dentes, seu cheiro. Suas mãos passando pelas costas dele, seu corpo sendo desvendado pelas mãos dele. O som da respiração dele quando ela beija seu pescoço, sua orelha, seu sexo. Deseja ver os olhos dele encarando os seus enquanto a satisfaz. Os olhos a enlouquecem. Deseja satisfazer-se e satisfazer, ser dominada, abusada, escravizada. Suas unhas, os dentes dele na carne. O suor. Os dedos entre os cabelos. A língua pela pele. Súplicas, gemidos. O abraço, os olhos fechados. O repouso. A música que já estava tocando. E nessa hora deseja sempre dizer algo que não sabe como, algo relativo à importância do que acabou de acontecer. Algo que mostre que não é qualquer um, é um, é único, mas tem medo de parecer boba, patética. Acaba indo embora, sabendo que isso sim pode ser a maior loucura, o maior erro, não compartilhar seu sentimento com medo do não. Acaba preferindo apenas o seu cheiro até o amanhecer do que a sua companhia.
Imagem: "Dánae" (1907/08), de Gustav Kimt


17.4.08
Jogo do Junior
O Junior lá do Gamella me passou uma tarefa. Vou tentar fazer, mas não esperem respostas lá muito bacanas não... As dele estão beeeem mais emocionantes. Vamos lá, a tarefa é fazer uma lista com 8 coisas que eu gostaria de fazer antes de morrer. Ai jisuis...
1 - Viajar com o trem da morte até Matchu Pitchu. Aceito pessoas pra ir comigo, não dá pra ir sozinha.
2 - Passar seis meses fazendo um roteiro histórico pela Europa. Posso dormir em albergues se preciso for.
3 - Fazer faculdade de cinema, rodar um documentário sobre a 'grande' cena musical do Jd Ana Maria, em Santo André, SP (risos, muitos), sua puuuuuta evolução ao longo dos anos, bem como sua fusão com o teatro regional (kkkk, hilário). Gente, vou explicar. Tudo isso não passa de 20 moleques que cresceram comigo e foram fazer música e teatro, mas ninguém saiu do anônimo Jd. Ana Maria. Mas têm público. Nós mesmos, kkkk. Mas é séria a idéia. Cineastas de plantão, nem tentem, tenho exclusividade, acessos, fontes. Tudo meu, tudo dominado.
4 - Fazer meu mestrado em História Social, pela PUC, antes que vá à falência de vez.
5 - Bater com um taco de baseball num radar móvel de trânsito. Pra isso e preciso de alguém pra dirigir pra mim. A cena seria eu, com meio corpo pra fora do vidro do lado do passageiro, passando a pelo menos 100 km/hora e dando com o taco no fdp do agente da arrecadação. Entendam, moro em Santo André, tem mais radar do que carro.
6 - Passar ao menos um mês em Amsterdã, onde, dizem por aí, compra-se drogas com grande facilidade e ainda é permitido transar num parque lá.
7 - Já que falei em sexo... transar na praia, de preferência uma bem escura, com o som da água e só. Luz só da lua e de algumas velas (uhuuuu).
8 - Conhecer alguém que me ame como Oswald de Andrade amava suas mulheres, e que eu ame também, claro. Conhecer, acreditar no amor de novo. Ando meio desacreditada nas coisas do coração, mas ele tá de brincadeira comigo ultimamente.
Já acabou? Putz, nem falei que queria sair com o Chico Buarque, que queria ouvir o Paul cantar Golden Slumbers no meu ouvido, que queria ver o Bowie cantando Moonage Daydream só pra mim, unicamente pra mim, assistir os Mutantes com a formação original, embora ache que a Rita não é digna de tal façanha... Tá. É isso aí. Ah, não está em ordem de importâcia não... é pedir demais.
Vou passar pra quem? Vejamos...
Jô do Cinema da Vida
Marcio, do Estação Visão
Alec, do InFaces
Edu, do Sanctuarium
Anna Flavia, do Improfícuo
Letícia, do Fábrica de Sonhos
E pro pessoal do É de cagar, com exceção da Mila, senão aí não vale, ela já vai responder, aí teria mais 8 coisas pra colocar, aí vira festa. Mila, não, rs.


16.4.08
Papo de bar
Enquanto isso, numa mesa de boteco...
- Ah, mas eu não posso, lá na igreja cobram essas coisas da gente.
- E sexo oral tudo bem?
- É, tudo bem não, mas pelo menos continuo virgem.
- Sexo oral não é sexo? Então anal também não?
- Aí já é introdução.
- Existe uma tabela de aceitáveis e não aceitáveis? Uma chupadinha tudo bem, introdução é fogo eterno na certa?
- Não, a gente usa de bom senso. Eu decidi guardar a parte mais importante pro cara certo.
- E você acha que esse não é o cara certo? Entendi. Então diverte-se com o pobre do errado mesmo...
- Ah, um pouquinho de diversão não faz mal, né?
- Deixa de ser egoísta, fica regulando essa mixaria, dá logo pro cara! Depois a terra te come e você não goza!


Outra vez, não sou eu
Heaven's on fire
KISS
I look at you and my blood boils hot, I feel my temperature rise
I want it all, give me what you got, there's hunger in your eyes
I'm getting closer, baby hear me breathe
You know the way to give me what I need
Just let me love you and you'll never leave
Feel my heat takin' you higher, burn with me, heaven's on fire
Paint the sky with desire, angel fly, heaven's on fire
I got a fever ragin' in my heart, you make me shiver and shake
Baby don't stop, take it to the top, eat it like a piece of cake
You're comin' closer, I can hear you breathe
You drive me crazy when you start to tease
You could bring the devil to his knees
Feel my heat takin' you higher, burn with me, Heaven's on fire
Paint the sky with desire, angel fly, Heaven's on fire
Oho heaven's on fire, oho heaven's on fire, oho
I'm getting closer, baby hear me breathe
You know the way to give me what I need
Just let me love you and you'll never leave
Feel my heat takin' you higher, burn with me, heaven's on fire
Paint the sky with desire, angel fly, heaven's on fire
Vindo pra casa hoje, de carro, parada no trânsito, ouvi essa música, não a ouvia fazia um tempão... Demais, música e letra, principalmente.


15.4.08
Cheiros da infância
Hoje fui ao cinema. Mas não um cinema comum, e sim a uma sessão que rolou no SESI daqui. Logo que entrei no teatro (onde rola a projeção), senti um cheiro que não sei exatamente do que é, mas lembro exatamente onde o senti pela última vez: Na parte da estante da minha tia, em que eram guardados os jogos de mesa, como dominó, ludo, damas, e o que eu mais gostava, o É proibido colar. Sentávamos meu primo, meu irmão e eu na frente da portinha da estante, abríamos pra pegar um dos jogos e lá vinha aquele cheiro. Cheiro de férias de janeiro. Cheiro de feriado de chuva.
Enquanto esperava o início do filme, com um copo cheio de café, me coloquei a relembrar os cheiros que me causam mais saudade. Outro é o cheiro da cozinha da vó Angelina. Mas esse eu sei o que era, era a gordura de porco que ela usava na comida super saudável que preparava pra gente. Perdoem, naquela época não se falava em colesterol, gordura trans, ômega 3 e essas coisas modernas. Eram os anos 80, pô. Aquele cheiro estava presente o tempo todo naquela cozinha, onde passei alguns dos dias mais alegres da minha infância. Quando a vó fazia a gente comer toda a comida, senão não comeria a sobremesa. Quando íamos fazer a "boquinha" antes de dormir, depois de assistir um filme à noite. Quando eu aprendia a pintar as unhas com a minha tia. Quando ficávamos olhando meu tio, ainda solteiro e moço, jogar água gelada em quem estivesse tomando banho pela janela do lado. Quando o vô achava ruim por causa da gritaria. Quando a vó brigava porque montávamos uma mesa de ping pong na cozinha, com a mesa de jantar. Lembro do último dia que senti esse cheiro, um dia triste. Após o enterro da vó, o vô chorando no canto da cozinha, com o lenço da vó na mão. Ainda o vi mais uma vez, e lá se foi o vovô também, e aí parecia a infância indo embora de vez.
O cheiro do perfume da vó Alayde. Esse ela já tinha deixado de usar, mas ainda lembro. Nas últimas vezes que a vi, já não usava mais. Essa vó era meio brava... igual à minha mãe. Minha mãe não gosta de perfumes.
Tem cheiros que me lembram coisas ruins também. O remédio que eu usei quando, aos 9 anos tive uma complicação de uma catapora. Ele era aplicado na pele, pra cicatrizar, e tinha um cheiro que só em alguns hospitais voltei a sentir, era um tipo de mercúrio, vermelho, em spray. Cheiro da gaveta do criado mudo que eu tinha no meu quarto quando, aos 10 anos, fiquei internada por causa de uma infecção nos rins, lá eu guardava meus gibis que li durante a semana de internação. Só de passar na frente de consultórios odontológicos sinto o cheiro do dentista. Esse realmente me apavora.
Os cheiros da infância se encerram com o que eu marco o do início da adolescência e suas descobertas: o cheiro de halls verde, aquele de menta. Era o cheiro da domingueira que eu ia, quando aos 14 anos comecei a sair com as amigas pra ir em algum lugar além do shopping e da biblioteca. Logo que se entrava na Sunshine (danceteria já decadente na época, e que adorávamos), se sentia o cheiro do hálito de todo mundo, era o halls. Ali iniciava outra fase da vida, outras diversões, bem menos simples do que as de antes. Aliás, a vida nunca mais foi muito simples.
Mas continuo com a mesma mania olfativa. Cada pessoa tem um cheiro, independente do perfume, se usa ou não. Todo mundo tem um cheiro, todo lugar tem um cheiro. Não que eu saia por aí cheirando os outros, mas esses cheiros chegam até mim, quase que junto com a imagem, com a voz das pessoas. Quase sempre é involuntário. Outras não.
Uma segunda-feira triste e chuvosa só podia terminar com um texto melancólico mesmo...


13.4.08
Não sou eu
Fiquei na vontade de ouvir essa música ao vivo. Taí a que vai falar por mim hoje.
AMADO
Vanessa da Mata
Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr do sol, postal, mais ninguém
Peço tanto a Deus
Para esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus
Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais
É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Sinto absoluto o dom de existir, não há solidão, nem pena
Nessa doação, milagres do amor
Sinto uma extensão divina
É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você


Show de Graça
Show de graça é sempre lindo. O show pode nem prestar, mas é sempre um acontecimento incrível. Hora de rever pessoas, beber, dançar, cantar, rir, deitar na grama, abraçar, dizer tchau, até o próximo.
Hoje teve showzinho bancado pela Telefonica em terras andreenses, em comemoração do aniversário da cidade. Os Paralamas do Sucesso dividiram o palco com Frejat e Vanessa da Mata. Logo de início imaginei que não seria tão bom, e de fato, o que se viu foi um show que parecia não ter sido ensaiado, participações estranhas, falhas nos vocais. Pô, é triste crescer ouvindo aquela maldita música e quase trinta anos depois o cara errar a letra. E não são músicas que foram esquecidas, não. São aquelas que qualquer ser que escuta rádio conhece. Enfim, valeu pela distração, algumas músicas bacanas e muita gente conhecida. Aliás, a participação da Vanessa da Mata foi quase nula. Ela cantou UMA música dela. UMA. E não foi a que eu queria ouvir. Nem a do banho de chuva, não., foi Good Luck / Boa Sorte. Triste, muito triste.


11.4.08
Dos sentimentos
Pra ler ouvindo Sacarina, da Érika Martins com o Telecats
Já dizia um amigo das antigas: tem dia que a noite é foda. Esse é um dos dias, essa é a noite. O dia foi bom, mas a noite não promete nada. Penso que deve ser alguma compensação divina... se você teve um ótimo dia de trabalho, não terá a mesma sorte na noite. Mas o fato é que tô de mau humor a toa mesmo, sem motivo aparente e, antes que perguntem, não é TPM.
Acho que é só vontade de ser alguém que não sou. Ou que sou, mas não tenho coragem de ser, dá pra entender? Vontade de não dizer onde vou, com quem e até que horas. Vontade de não ter que saber nada disso, apenas ir. Vontade de ser aquela mulher fodástica, que tá afim, vai e consegue. Vontade de ser aquela pessoa que chega sozinha no bar, e as pessoas vão sentar-se ao seu lado. Vontade de chegar e dizer o tamanho do meu querer, do meu desejo bem como sua urgência, sua intensidade. Vontade de perder a classe, a educação, a vergonha na cara. Vontade de não ter vergonha nem medo dos próprios sentimentos, escondendo-os, e sim gritando aos quatro ventos, foda-se quem não estiver feliz com eles. Eu gosto deles, dos meus sentimentos.
São eles que me deixam assim, triste como hoje, feliz como quase sempre. São um pouco idiotas eles, alguns existem sem mais nem menos, alguns desabrocham com o passar do tempo, outros insistem em não morrer quando tento matá-los jungaldo-os desnecessários. O fato é que eles estão sempre brigando com a razão, uma luta que parece eterna, cotidiana, angustiante.
Às vezes, como hoje, acho que eles deveriam se organizar de uma vez por todas, destituir a razão do cargo, e instituir o golpe definitivo. Seria só sentimento, sem nenhuma razão.
Desculpem-me os palavrões e a confusão. Mas escrevi como saiu e não quero mudar. A razão ficou um pouco acoada depois disso. Espero que ela renuncie antes do golpe.


10.4.08
Idéias? Eu tenho, quem quer?
Sorte de hoje: Venda as suas idéias – elas são completamente aceitáveis
Mesmo? Então tá. Como prova de que sou boa pessoa, nem vou vendê-la: dou de graça. Vamos lá.
Aposto que todo mundo que entra aqui, independente da idade, via, lá longe, na mais remota infância, a sua professora preenchendo aquele diário cheio de quadradinhos minúsculos e geralmente de capa azul. Sabe o que mudou até hoje? A cor da capa. Já tem alguns com capa cinza, e até amarela. A burocracia continua a mesma. Um diário por classe, com campos para preencher com nomes e presença dos alunos, conteúdo ministrado aula a aula, notas, pontos, ocorrências e um campo lá no final que só o professor de educação física usa, se é que usa. Ah é, ainda tem as observações espalhadas por todas as folhas. Ok. Só que a partir do ano passado, além de preencher tudo isso, sala por sala, ainda passamos a digitar na internet também, para que os alunos tenham acesso às suas notas pela rede. Ual!
Minha idéia: o governo, afim de facilitar o trabalho pra todo mundo, inclusive para mim e para ele, deveria distribuir palm-tops pra todos os professores. Nele viria um programinha com as planilhas de cada sala de aula, onde poderíamos fazer a chamada, registrar conteúdos, notas e o escambal. Vou além. Nem ligaria de isso tudo estar conectado em tempo real na net. Já pensou na revolução? Você em casa, acessa a internet e vê se seu filho está ou não com presença nas primeiras aulas. Mandou o filho pra escola e ele está com falta? Ahá! Viu o conteúdo lá, dado, e o garoto chegou com o caderno em branco? Aí está!
Sabe, eu, particularmente, nem ligava de ser monitorada, já me sinto assim mesmo trabalhando onde trabalho, apesar no clima de oba-oba. Alguns perguntariam: mas e os professores que não têm conhecimento em internet? Ora, alguma vez alguém perguntou se eu sou alfabetizadora? Não, eu não sou, mas tenho alunos analfabetos na quinta série. e tenho que ensinar mesmo assim. As coisas geralmente são aplicadas assim mesmo, despencadas de cima pra baixo.
Tá aí, uma das minhas brilhantes idéias. Não vou nem cobrar direitos autorais.


9.4.08
As três professoras
As três professoras têm quase a mesma idade, e quase a mesma história de vida. Namoraram desde o início da vida adulta, e de repente, viram-se solteiras, adultas e independentes. Ainda não eram amigas, e talvez essas e outras coincidências tenham aproximado as três. Algumas pessoas falam em destino, outras não acreditam em destino.
Curtiram aproximadamente 6 meses de uma vida que nem conheciam direito. Elas mesmas se impressionavam quando chegava o domingo, e viam que estavam saindo desde quinta-feira, sem parar. A vida noturna às vezes é traiçoeira. Ao mesmo tempo que diverte, te satisfaz, causa, logo depois, uma sensação de vazio, solidão. Só notaram isso alguns meses depois. Durante os seis meses, divertiram-se como nunca haviam feito antes. Lugares, pessoas, atitudes, horários, ritmos que quem as conhecia não acreditava. Até apelido o trio ganhou: as panteras, uma loira, uma morena e uma ruiva.
Um dia, numa balada, uma delas conheceu alguém especial. Envolveu-se com esse alguém e, pouco a pouco, distanciou-se das outras duas, que seguiram firme e forte, porém, já não tão entusiasmadas com a vida noturna. Como disse, cansaram.
A segunda conheceu alguém que a princípio não representou grande importância, mas ao longo dos dias, meses, essa importância aumentou. A terceira, quase ao mesmo tempo, também conheceu alguém bacana, e deixou-se envolver. Essas duas continuam se vendo com razoável freqüência, mas já andam disponibilizando tempo a mais para alguém que não a amiga.
Feriado na cidade, as três aproveitaram pra se encontrar. Depois de um dia de desencontros, ali estavam as três, na mesa de um bar, rindo do que viveram até ali e de como as coisas estão agora. Contaram das novidades, ouviram as das amigas e beberam, em plena terça-feira. Afinal, pantera que é pantera, não tem dia pra sair, e uma vez pantera, pantera para sempre. Lembraram do trato feito meses atrás, que mesmo que conhecessem alguém, continuariam se vendo.
Engraçado como a vida das três mudou de forma tão rápida meses atrás, numa sincronia assustadora. Dizem coincidência. E agora outra vez acontece. As três passam pelas mesmas sensações de novo. São três situações diferentes, mas sensações, sentimentos muito semelhantes. Assustador. Uma diz que é destino. Outra não acredita em destino. Outra ainda acredita mas não confia, prefere chamar todo mundo pra casa dela de vez em quando. E assim pagam a conta, e vão seguir a vida de cada uma, acreditando que contiuarão se vendo por anos e anos, as três professoras.


7.4.08
A primeira resenha a gente nunca esquece
Não que eu nunca tenha escrito nenhum texto sobre algo que vi ou ouvi, mas esse foi o primeiro a ser publicado em algum lugar que não o meu fotolog. Então, como estou numa completa falta do que falar, lá vai o texto na íntegra. E não que meu final de semana tenha sido tedioso, bem pelo contrário, mas não pretendo fazer deste blog um "meu querido diário", apesar de ter o nome de Diário. Ah, chega. Vamos ao que interessa:
Ozzy Osbourne, Black Label Society e Korn: Estádio Palestra Itália - São Paulo/SP
por Bel Gasparotto
Os portões do Parque Antárctica foram abertos por volta das 16h30, quando já se podia ver uma verdadeira multidão em frente ao estádio. Apesar do grande número de pessoas, a entrada foi tranqüila e relativamente rápida.
O show do Black Label Society iniciou às 19h30 em ponto, e a impressão que dava é de que muitos estavam ali no estádio para ver, exclusivamente, a banda de Zakk Wylde. O grupo tocou por cerca de 40 minutos, agitando muito os que já a conheciam e prendendo a atenção dos que não são ainda familiarizados com o som do Black Label Society. O primeiro show termina com Zakk pedindo ao público que o esperem voltar com o Ozzy.
Às 20h30 o Korn sobe ao palco. Aparentemente, o show que teve uma duração aproximada de uma hora, não animou. Realmente as pessoas que estavam ali queriam Ozzy e mesmo durante o show do Korn gritavam sem cessar pelo “príncipe das trevas”.
Às 22h15 as luzes do estádio se apagam e os telões começam a exibir um vídeo com várias cenas satirizando grandes sucessos da mídia norte-americana, como Lost, Piratas do Caribe e Família Soprano. Ainda nos bastidores, Ozzy provoca o público dizendo que quer levá-los à loucura. E enfim sobe ao palco com a música “I Don’t Wanna Stop”, de seu novo trabalho, “Black Rain”.
Ozzy segue quase o mesmo ‘set list’ das apresentações anteriores, tocando em seguida “Bark at the Moon”, “Suicide Solution”, “Mr. Crowley” e mais uma do novo álbum, “Not Going Away”. O público, sempre fiel, parece bem familiarizado com as músicas novas, cantando junto como o faz nos maiores sucessos da carreira de Ozzy. Aos que queriam um pouco de Black Sabbath, Ozzy cantou “War Pigs”, com as tradicionais cenas de guerra no imenso telão no fundo do palco, “Iron Man” e “Paranoid”, música que encerrou a apresentação que durou pouco mais de uma hora e meia.
Para quem esperava encontrar ali uma simples lembrança do que foi Ozzy Osbourne, o show impressionou. O homem não pára durante a apresentação, não fica devendo nada: incita o público, abaixa as calças e joga baldes de água na galera, tudo como sempre fez, e como sempre todos querem vê-lo fazendo.
Ao final, o público saiu satisfeito, comparando a apresentação com a que ocorreu em 1995. Esse público, composto em sua maioria por pessoas de 20 a 30 anos, deseja não ter que esperar tanto tempo para ver o bondoso velhinho de novo, desejando boa noite e que Deus os abençoe.
Texto publicado originalmente no Território da Música, dia 07/04/2008


4.4.08
Fernando Pessoa e eu
116.
Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e o representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é esse o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego


2.4.08
Meme Se eu fosse...
Li hoje no InFaces o Meme que o Alec respondeu, e como ele deixou lá, quebrado, pra quem quisesse se meter à besta, lá fui eu, como sempre. À primeira vista lembra muito aqueles cadernos de enquete que tínhamos na época da escola, com aquelas perguntas bobinhas, e tal. Mas não é muito fácil responder isso não. Aí vai a minha tentativa:
Se eu fosse um mês seria… Janeiro
Se eu fosse um dia da semana seria… Sexta-Feira
Se eu fosse um número seria… Cinco
Se eu fosse um planeta seria… Marte
Se eu fosse uma direção seria… Pra frente
Se eu fosse um móvel seria… Cama
Se eu fosse um liquido seria… Café
Se eu fosse um pecado seria… (esse é difícil, sou um por dia) Ira (hoje)
Se eu fosse uma pedra seria… Quartzo rosa
Se eu fosse um metal seria… Prata
Se eu fosse uma árvore seria… Ipê Amarelo
Se eu fosse uma fruta seria… Banana (bem doce)
Se eu fosse uma flor seria… alguma orquídea amarela
Se eu fosse um clima seria… Quente com tempestades no final da tarde
Se eu fosse um instrumento musical seria… Piano
Se eu fosse um elemento seria… Fogo
Se eu fosse uma cor seria… Preto
Se eu fosse um animal seria… Cachorro
Se eu fosse um som seria… O que o vento faz nas árvores
Se eu fosse uma letra de música seria… Bola de meia, bola de gude (14 Bis)
Se eu fosse uma canção seria… She's Leaving Home (Beatles)
Se eu fosse um estilo de musica seria… Rock
Se eu fosse um perfume seria… Angel
Se eu fosse um sentimento seria… Paixão
Se eu fosse um momento seria… Agora
Se eu fosse um livro seria… A Rosa do Povo (Carlos Drummond de Andrade)
Se eu fosse uma comida seria… (Sorvete vale?) Sushi
Se eu fosse um lugar (cidade) seria… Amparo (SP)
Se eu fosse um gosto seria… Doce
Se eu fosse um cheiro seria… Chuva caindo na terra
Se eu fosse uma palavra seria… Ósculo
Se eu fosse um verbo seria… Pensar
Se eu fosse um objeto seria… Caneta
Se eu fosse uma roupa seria… Camiseta preta
Se eu fosse um chapéu seria… Boina
Se eu fosse uma parte do corpo seria… Olhos
Se eu fosse uma expressão seria… Alegre
Se eu fosse um desenho animado seria… Bob Esponja
Se eu fosse um filme seria… O Fabuloso Destino de Amelie Poulain
Se eu fosse forma seria… Círculo
Se eu fosse uma estação seria… Verão
Se eu fosse uma frase seria… "And in the end, the love you take is equal to the love you make" (The End, Beatles)
Não vou passar pra ninguém, assim como o Alec fez. Deixo aí pra quem quiser responder, assim como eu fiz. E se for responder, me avisa, quero ler.


1.4.08
Dia da Mentira
Depois de dois dias de planejamento na escola eu só posso crer que de metira é a minha profissão. Eu disse planejamento? Ah, ele já veio pronto, é só aceitarmos. Cumpra-se, dizem por aí. Ele tá prontinho, e engana-se quem acha que será possível inserir algo que não está nele. O tempo, por esse plano, é corrido. Um exemplo? Amanhã tenho duas aulas para explicar tudo sobre o feudalismo e, de preferência, avaliar o aprendizado do aluno. Putz, nem eu queria ser minha aluna nessa aula.
Não bastando toda a frustração de não poder preparar uma aula à altura, de não dispor do tempo necessário para sua execução, ainda tem colegas que não sei o que fazem na profissão, francamente. Já passava das 15h, eu estava desde às 7h lendo as propostas do governo, elaborando da melhor forma possível minhas aulas, quando uma senhora que atende por professora chega:
- Olá, o que vocês estão fazendo desde cedo?
- O planejamento, já fiz a sua parte. Dividimos as sextas séries, mesmo eu tendo só duas das sete salas, já fiz o seu plano também. Depois você pede uma cópia pra diretora, ok?
- Ah, obrigada! Eu não pude vir antes, estava trabalhando até agora.
- Que nada! Eu tô aqui desde às 7h coçando, rindo, me divertindo. Por que não faria isso?
Levantei com a maior cara de puta que minha raiva me permitiu, juntei minhas coisas e fui embora. Ninguém merece ouvir essas coisas. Trabalhando? A fdp só aparece na escola pra entregar atestados médicos! Aliás, por isso fiz a parte dela, pois dependia disso e ficaria na mão. Aí vem todo mundo dizer que professores faltam, não fazem nada, que a culpa dos males do mundo é dos professores. Acho que é mesmo, não somos comprometidos com a profissão. Eu, por exemplo, deveria ter esfaqueado essa maldita.
Pra ler ouvindo Nem sempre se pode ser Deus, do Titãs


31.3.08
A primeira vez
A primeira vez a gente nunca esquece. Hehehe. Foi o primeiro selo que recebi! E ainda dizendo que sou uma Diva! Obrigada, Mila!!!!Ah, agora tenho que passar pra alguém, né? Então, é um selo de mocinhas, vou passar pras poucas que andam por aqui e ainda não tem:
Cinema da Vida, pois ser professora é ser Diva;
Letícia, que tem um blog tão gracinha que só pode ser Diva também.
Meninos, o dia que eu ganhar um adequado, mando pra vocês.
29.3.08
Quase Édipo
Cruel das criancinhas
Com seus comentários desconcertantes?
Adivinham tudo
E sabem que a vida é bela
(Só as mães são felizes, Cazuza e R. Frejat)
Era um dia comum. Na última aula, a professora foi dispensando os alunos que já haviam terminado a atividade. No final ficou apenas um, um dos mais inteligentes e articulados da sala. Ela estranhou, e foi ver o que estava acontecendo. Ele já havia terminado, estava fazendo pequenas correções.
- Professora, desculpe te fazer esperar, já estou terminando.
- Não tem problema, espero o tempo que for preciso.
- A senhora é casada?
- Não.
- Namora? Mora sozinha?
- Não, e moro com meus pais, assim como você.
- Por que a senhora não namora?
- Por que não, que pergunta... terminou?
- Se eu fosse dez anos mais velho, ia querer namorar com a senhora.
- Querido, se você tivesse dez anos a mais, teria 21 anos, ainda seria mais velha que você, e de onde você tirou essa idéia? Some daqui que a van tá te esperando!
- Quando eu tiver 20 anos, com quantos anos a senhora estará?
- Velha. Tchau.
E ele se foi. Ela juntou as coisas, pegou a bolsa no armário e foi para o carro. Durante os dez minutos que leva da escola pra casa foi pensando.
- Quantas vezes ainda terei que passar por isso? Onde é que estou errando na minha aula? O problema sou eu?


Citações do dia
No Orkut:
Sorte de hoje: Há uma carta ou mensagem alegre chegando para você
Digo logo: quer me falar algo, fala logo, não mande mensagem. Sou amigável, por mais que eu não goste, sou uma lady, não vou te mandar pra pqp tão fácil. E tô precisando de notícias alegres, please. Agredeceria um aumento no salário. Por algumas aulas na escola particular, seria eternamente grata.
No rádio, voltando pra casa:
Chorando No Campo
(Lobão - Bernardo Vilhena)
A chuva cai chorando
E o meu amor vai e vem
No céu, no chão
A rede vai e vai levando
A noite além da noite
Me faz lembrar o que eu não vivi
Toda essa história esse segredo
Memórias num vendaval
Pela estrada enquanto eu passo
O cinema é só ilusão
Vou chorando pelo campo
No meio do temporal
A chuva dá saudades
De um lugar que eu nunca fui
E o vento vai soprando
Um choro tão distante
Pela estrada enquanto eu passo
O cinema é só ilusão
Vou chorando pelo campo
No meio do temporal.
Essa música, com a chuva realmente caindo, triste, fina, fria, e eu só, no carro, no trânsito parado próximo ao cruzamento da linha do trem, me sensibilizou. Puta cena surrealmente triste. Acho que tenho me sensibilizado com pouco. E hoje é sábado, putz.


26.3.08
Não sou eu hoje
Hoje não vou escrever aqui. Quem vai escrever por mim, quem fala por mim hoje é Carlos Drummond de Andrade. Acabei de ler esse poema, não tem como não publicá-lo. Caro Drummond, somos íntimos, perdoe-me se te uso às vezes. Esse poema foi publicado no livro Sentimento do Mundo, de 1940. Acabou de ser lançado na coleção da Folha.
POEMA DA NECESSIDADE
É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir todos nós.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas,
e anunciar o FIM DO MUNDO


24.3.08
Mais inutilidade pública
Sabe o desenho do South Park? Então, tem um site que já faz um tempo que conheço, e relembrei ontem. Você entra lá e monta o seu bonequinho, com as suas características, ou dos seus amigos, enfim, se diverte mais ou menos enquanto não tem o que fazer, claro.
Pessoas maldosas podem até dizer que é falta do que fazer, eu não ligo. Digo mais, aposto que todo mundo vai lá montar o seu. Vou além e ameaço, sou capaz de montar o de muita gente, e ainda publicar, só o meu é que não ficou tão legal, mas os dos outros, eu me divirto montando. Aviso dado, rsrs
O meu é esse aí, e até que ficou parecido...
Depois dessa e do nome em grego, até criei um marcador novo: Prestação de (de)Serviço. Aposto que, com o tédio que anda a minha vida, esse marcador vai bombar! Aguardem!


23.3.08
Hit Greek!
Quer saber como se escreve seu nome em grego? Eu fui lá e digitei o meu:
Ah, sou Isabel.
Putz, isso sim é falta do que fazer... Chocólatra assumida, estou passando o dia totalmente entregue ao vício. Amanhã é o dia da ressaca. Dizem que o chocolate substitui algumas coisas... será?


22.3.08
Salve, salve, torrão Andreense, gigantesco viveiro industrial!
Hoje vou escrever sobre a cidade em que nasci e vivo até hoje, Santo André. Por que? Oras, primeiro, pela total falta do que falar, segundo, fiquei com inveja da Mila. Então vamos lá.
Santo André é uma cidade que começou errada. Comemora a data de aniversário no dia da fundação da Vila de Santo André da Borda do Campo, que existiu realmente por aqui, na região, mas nenhum historiador sabe dizer exatamente onde foi. O povoado foi fundado pelo misterioso João Ramalho, português provavelmente degredado, e em 8 de abril de 1553, foi elevado a categoria de Vila pelo então governador-geral Tomé de Souza. Tá, tá. Só tem um probleminha aí: essa vila foi extinta em 1560, quando a sua população foi transferida para a Vila de São Paulo, devido aos estressados vizinhos Tamoios. Aí, em 1889 é criada a cidade de São Bernardo do Campo, que incluía toda a região hoje conhecida como Grande ABC, e só em 1910 é que resurge a cidade de Santo André, primeiramente como um bairro de São Bernardo, o bairro da Estação, por onde passava a linha de ferro da São Paulo Railway. Viva Dom Pedro II e o Barão de Mauá. Bom, adivinhem quando se comemora o aniversário da cidade? Sim, dia 8 de abril, esse ano comemoraremos 455 anos. Ainda no campo histórico, existe uma verdadeira 'corrida ao ouro' entre os historiadores daqui, todos em busca de qualquer vestígio da antiga vila. Um deles afirma que nem foi em Santo André mesmo. Enfim, uma cidade que comemora o dia de aniversário na data errada, não deve ser séria mesmo.
Saindo do campo histórico e teórico, vamos à prática. De Santo André até o centro de São Paulo, levamos em média 30 minutos de carro. É relativamente perto, mas tente pegar uma balada na Vila Madalena ou em Pinheiros sem carro. Você não chegará nunca. Não temos um sistema de transporte dos melhores nem dentro da cidade, muito menos para fora dela. Dependendo do percurso, é possível que você tenha que pegar três conduções para ir de um ponto a outro dentro da cidade.
A cidade é grande, mas com ares de interior. Tem a Rua Figueiras, onde todos se encontram pra balada em algum dos milhares de bares todos iguais. Sexta-feira, depois das 23h, não tem onde comer. Sábado, após a 1h da manhã, não se entra mais em bar nenhum, estão todos 'fechando'. Domingo não há o que fazer. Temos três shoppings, e é esse o grande programa da família andreense. Sim, temos alguns parques públicos também, bem agradáveis por sinal. Tem um que é aberto 24h, o atual Pq. Prefeito Celso Daniel. É, tem essa ainda, temos um prefeito assassinado. Lembram? A cidade parou naquela ocasião. Ah, junto com São Bernardo, somos o reduto do sindicalismo, o berço do PT. Isso sem citar ainda o movimento anarquista que houve por aqui também, do qual até Adoniram Barbosa teve pequena participação, antes de virar o cara do Samba do Arnesto.Ah, claro. Ainda temos uma cidade histórica, Paranapiacaba, que foi contruída pelos ingleses na ocasião da construção da linha de ferro, a São Paulo Railway. Mas essa rende outro post bem grande, hoje fiquem apenas com as fotos. Apenas saibam que pra chegar nela, passamos por outras três cidades! Mas é um programão ir pra lá, vale a pena.
Acho que, em linhas gerais, consegui falar bem daqui. Nasci aqui, vivo aqui, e não sei se um dia saio daqui. Apesar de tudo, gosto daqui. Mas que a cidade é estranha, isso é. Ainda em tempo, se quiser ver na Desciclopédia, tem um panorama mais ou menos verídico daqui.


19.3.08
Carta desapaixonada
Ontem nos vimos, hoje também, na mesma carona. Isso não significa que as coisas sejam como antes, entenda. Muita coisa mudou desde aquele novembro, quando nos conhecemos e fiz de tudo por um contato, qualquer coisa que viesse de você, migalhas dormidas do teu pão.
Não é estranho, não sou má, nem quis brincar com você, apenas tudo mudou. Não tenho alguém e nem quero mais ter você. Não imagine que te quero mal, apenas não te quero mais, já quis, já passou. Sim, quero outro, não você.
Se você tem perguntado sobre mim, deve sabe que a ordem das coisas na minha vida segue rápido, a mesma rotina: quero, tento (às vezes muito), não consigo, desisto. E hoje eu sigo sozinha, sempre no meu caminho, solta e apaixonada. Coração ligado...
Ironicamente, quando desisti você lembrou de mim, passou a perguntar a todos que me conhecem, rodear, chegando cada vez mais perto. Sei, sei, entendo. Fiz o mesmo alguns meses atrás. E mesmo todos dizendo o que devo fazer, ninguém vai me dizer o que sentir.
Hoje a única coisa que te ofereço é uma carona se te encontrar no caminho, mas não me espere. Sinto muito. Aliás, não sinto. Não tenho culpa, nem você, apenas não aconteceu, e nem vai acontecer.
SOU MAIS FELIZ
Pedra
Se já disse tudo o que tinha a dizer,
esse papo já não dá mais pé, pra nós.
O amanhã se pode escrever diferente,
se sou eu que traço a linha do que me faz bem.
Mas já não quero mais, teu amor já não me satisfaz.
Quem sabe sou mais feliz.
Mas venho me acompanhando há mais de um ano.
E tô sempre comigo mesmo,
Da hora que acordo, até a hora que consigo dormir.
Então, se disse tudo o que tinha a dizer.
Esta noite eu tenho planos, e já não incluem você.
Mas já não quero mais, teu amor já não me satisfaz.
Quem sabe sou mais feliz.
Amigos que já nem temos mais, pelas portas que trancamos.
Costuram a nossa solidão.
Mas já não quero mais, teu amor já não me satisfaz.
Quem sabe sou mais feliz.
18.3.08
Números
Hoje completa exatamente um mês de aula. 30 dias em sala de aula. Hoje completei as atividades de uma sala de aula para a chamada "quarentena", o período que o governo do Estado determinou como sendo a "recuperação". Foram 177 atividades corrigidas, de 41 alunos, o que dá uma média de 4,32 atividades por aluno. Deveria ter sido, na realidade, 5 por aluno, mas que seja.
Isso foi só de uma sala. Tenho 10, faltam 9. Cada uma com uma média de 40 alunos. Contando com os que simplesmente não fazem, terei mais ou menos 180 atividades de cada sala pra corrigir ainda, portanto, 1620 atividades. Juntado com as que acabei de corrigir serão aproximadamente 1800 atividades. Em um mês. Ah, é, ainda tem a redação que será a avaliação final da "quarentena", coloca aí mais 400 folhinhas. Total 2200 Isso se alguns não fizerem...
Sou péssima de matemática, pode ter algum erro, mas é só pra ter uma base do meu desespero nesse momento.
Ainda dizem que professor não trabalha, só dá aula.


No Orkut
Sorte de hoje: Pare de procurar eternamente; a felicidade está bem ao seu lado.
Direito ou esquerdo? Poderia dar a hora em que isso acontece? Please?
Falando em sorte e felicidade, estou concorrendo a um par de ingressos pro Rod Stewart e pro Doors. Ozzy? Não, obrigada, pra esse eu já comprei. A esperança é a última que morre. E como diria uma professora da época da faculdade de Ciências Sociais, "mas um dia morre".


17.3.08
Santo André, 18h20 pm
Hoje choveu o dia todo na cidade de Santo André. Escolas já possuem uma arquitetura, ao meu ver, depressivas (ou repressivas?). Num dia escuro como o de hoje, é angustiante passar a tarde trabalhando numa escola, chego a agradecer aos alunos por terem vindo.
Mas hoje, ao final da última aula, parecia que os deuses pintaram, sob encomenda, um lindo pôr do sol. Sim, com chuva e tudo. Pela janela quadriculada da sala de aula, entre as cortinas quase brancas, lá estava ele, o crepúsculo, o horizonte com aquele tom alaranjado, lindo, lindo.
Existe algum deus responsável pelo entardecer? Aceito grego ou romano, tanto faz.
...
Em tempo: hoje faz aniversário o Plano Collor. Lá se vão vinte anos daquela patuscada, como diria o próprio. Eu tinha dez anos, e embora meus pais não tivessem um puto pra ser confiscado, eu lembro do episódio, sempre gostei de noticiários, plantões e pronunciamentos oficiais. Fui procurar no youtube o vídeo, e não achei o original, só reportagens relembrando o fato. Uma pena. Me fez lembrar do filme Terra Estrangeira, do Walter Salles, em que a mãe de um dos personagens principais morre, logo no início, em decorrência de um ataque do coração, por causa do confisco. Aí aparece a cena da Zélia na TV, dizendo que era necessário "fechar as torneirinhas". Pô, esse filme é demais, assistam. Destaque para a cena da Zélia e para a que a Fernanda Torres canta Vapor Barato. Só vendo.
...Ainda, em tempo:
Foto tirada sexta-feira, na minha primeira comemoração de aniversário. Primeira porque teve a segunda, que foi no sábado. Essa foi na Thaberna da Bruxa, e a de sábado, no Autobahn. Dias agitados... Essa é a única foto em que apareço, acho que é o primeiro aniversário que não tiro fotos, por que será?
Por que não fiz três posts separados, heim? Quantas perguntas!


16.3.08
Sobre a Bel
A Bel, a dona desse blog, é uma pessoa legal, mas um tanto complicada.
É carente de amigos, mas à vezes manda todos passear pra ficar sozinha. Às vezes também faz coisas que gosta, mas não deve. Às vezes gosta mais do que o normal de alguma pessoa e não se aguenta, tem logo que falar. Detesta joguinhos de sedução, gosta das coisas práticas. Precipitada ao extremo, é acostumada a sofrer por antecedência. Não gosta de contar tempo, nem passado, nem futuro, detesta cronologias, embora seja professora de história. Acredita que o tempo é sempre relativo. Paciência nunca foi o seu forte, imediatista, detesta as palavras SE e AMANHÃ.
Detesta o dinheiro, odeia, gasta tudo o que tem, com qualquer coisa e com as pessoas que gosta, sem um pingo de dó. Gosta muito de uma boa balada, mas se diverte com coisas simples também, como um passeio no parque, um filme no sofá de casa, uma cerveja na cozinha com alguém.
É simples, não gosta de mulherices, adora andar de tênis. Ama perfume, doces e mordidas na orelha. Tem grande dificuldade em manter longas amizades e iniciar relacionamentos. Trabalha no que gosta, mas às vezes não gosta de trabalhar.
Já descobriu que é uma só, imperfeita, teimosa e agora tenta aprender a viver um dia de cada vez, e essa, no momento, tem sido a maior dificuldade da sua vida. Afinal, por que as coisas demoram tanto pra acontecer?


14.3.08
14 de março
Hoje, no Brasil é o dia nacional da Poesia.
Na Irlanda, é dia das Sereias e dos seres do mar.
Também é o dia em que nasceram Albert Einstein, Glauber Rocha e Johann Strauss. Morreu Karl Marx.
28 anos atrás, eu nasci.

