Gente! Tô ficando importante nesse mundo do blog! Aqui está minha primeira participação especial no blog alheio. O Marcio me intimou, quero dizer, me convidou pra escrever um texto sobre o seguinte tema: "O que eu quero ser quando crescer". Pessoas maldosas, entre elas o próprio, dizem que não vou crescer, então teria que usar a imaginação. Mas o texto tá lá. Entrem, leiam, opinem, xinguem, mandem beijos. O importante é que leiam. Está lá no Três, que o Marcio escreve junto com o Ton e com o Rogério.
E por hoje é só. Pessoas, perdoem meu sumiço nos comentários, tá tudo corrido, muito trampo. Fechamento de bimestre é triste.
28.4.08
Participação especial


27.4.08
Virada Cultural SP 2008
Gente, quero comentar sobre a Virada. Mas ainda não estou em condições físicas e psicológicas para tal. Juro que falo mais sobre isso, mas agora ainda estou chocada e cansada. Vi coisas que achei que nunca veria na vida. Simplesmente lindo. Vai então uma música dos Mutantes, pra mim, uma das melhores deles. Acho que traduz muito bem o que acontece nesses shows.
UMA PESSOA SÓ
Os Mutantes
Eu sou
Você é também
E todos juntos somos nós
Estou aqui reunido
Numa pessoa só
E todos juntos somos nós
Uma pessoa só
Vcê também está tocando
Vcê também está cantando
Estamos numa boa pescando pessoas no mar
Aqui
Numa pessoa só
Eu sou o começo sou o fim
Sou o "a" e o "z"
Todos juntos reunidos
Numa pessoa só


23.4.08
Missão da Mila
Putz, dessa vez foi difícil. A Mila me mandou uma tarefa que eu fiquei um tempão pra fazer. Não por falta de repertório musical, mas por falta do que eu quero. Estranho, não? Tudo o que eu quero se resume a dinheiro, materialmente falando. O resto é tudo imaterial... Bom, a tarefa é a seguinte:
"Se você encontrasse o gênio da lâmpada e ele lhe concedesse três desejos materiais e três desejos imateriais, quais seriam? As respostas deve ser com trechos de música."
Lá vamos nós:
Desejos materiais
"Well now give me money, a lot of money"
Dinheiro, claro, sempre o dinheiro. Como viver sem dinheiro. Que atire o primeiro euro quem não quer também.
"Meu Cadillac, bi-bi, quero consertar meu Cadillac"
Cadillac é modo de dizer. Queria mesmo era uma PT Cruiser preta.
"Eu quero pinga com limão, com limão, com limão!"
Nem só de trabalho vive o homem, né? Nem é pedir demais. Na continuação da música diz que na casa do cara tem duas piscinas, uma pura e a outra com limão. Quero assim.
Desejos imateriais
"Preciso de alguém pra fugir sem avisar ninguém"
Resumindo o espírito do que eu quero. Alguém que tope qualquer coisa a qualquer hora é o meu número certinho.
"Quero uma festa punk!"
Faz tempo que não vou em uma daquelas bem podres. Nem me lembro qual foi a última.
"Eu preciso encontrar um lugar legal pra mim dançar e me descabelar"
Um lugar do Caralho, o nome da música. Por que não tem muitos lugares bem loucos pra se freqüentar, que só role som bacana e gente legal. Tem alguns, mas não muitos, e nada ace$$ívei$.
Perceberam que tudo o que eu quero, até os desejos materiais se resumem em diversão? Isso me deixou pensativa. Acho que é isso o que tá errado na minha vida, só penso em diversão. Já diz a minha mãe, "objetivos, minha filha, você tem que ter objetivos."
Vou mandar o gênio para os visitadores mais assíduos:
Letícia, do Fábrica de Sonhos
Jô, do Fragmentos de Jô
Jô, do Cinema da Vida
Edu, do Sanctuarium
Alec, do InFaces


22.4.08
Vou te encontrar, vestida de cetim...
Hoje acordei com o barulho que a Petroquímica fez logo pela manhã. Era cedo, 8hs. Pô, só entro pra trabalhar às 13h. Bom, enfim. Depois de ouvir o barulho não consegui mais dormir por causa de uma reforma que ocorre aqui bem do lado de casa, mas fiquei deitada pensando na vida. Quero dizer, na morte. É que o barulho me fez lembrar de quando eu era criança e acreditava mesmo que um dia ia morrer por conta de alguma provável explosão na mesma Petroquímica.
Não sei porque, mas ao longo da minha vida, sempre pensei em como vou morrer, acho que é de família, meu pai vive dizendo 'desse inverno eu não passo'. Já tem 28 anos que ouço ele dizer isso.
Bom, quando eu era criança, achava que seria por causa de uma explosão que jogaria Santo André inteira pelos ares. Mais tarde, lá pelos 10 anos, andei doente. Aí pensei que com essa saúde bichada não poderia mesmo chegar a ser adulta. Mas sarei. Quero dizer, o corpo sarou, a mente continuou na mesma.
Então chegou a adolescência, e aí já tudo mudou. Que doença, que Petroquímica que nada. Ia morrer de tanto beber mesmo. Mas eu também tinha um pouco de medo dos amigos que dirigiam, então achava provável também morrer em acidente de carro, ou com os amigos, ou nas inúmeras caronas desconhecidas que nós pegávamos, olha só que insanidade. Se minha mãe soubesse disso, ela mesma me mataria.
Mas virei adulta e fui dar aula. Aí, logo no primeiro ano que estava trabalhando, uma professora aqui nos arredores foi baleada na sala enquanto escrevia na lousa. Pronto, podia continuar bebendo, já tinha arrumado outro obituário. Tive um aluno naquele ano que ia pra escola armado, foi ótimo, aprendi a ditar a lição, não virava de costas pro cara de jeito nenhum. Essa desconfiança ainda me persegue, ainda acho que pode ser que eu morra na aula ou em virtude dela. Após seis anos, a voz já não é mais a mesma, e a sanidade mental também não. Hoje sou bem mais paciente, mas ainda não evito confrontos. Se preciso, sou muito macho na sala de aula, não tenho medo. Talvez devesse ter, mas não tenho. Ah, sim, ainda tem as manifestações do sindicato, mas duvido que um dia aconteça algo por lá. Aquilo, de tão ridículo, não incomoda nem a população mais.
Ah, claro, comecei a dirigir recentemente. Quem anda comigo sabe que o acidente de carro ainda é possível também.
Hoje não tenho mais medo da Petroquímica explodir, mas confesso que o barulho me deixou preocupada.
"Estou aqui de passagem
Sei que adiante um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício
de susto, de bala ou vício"
Soy loco por ti, América, Caetano Veloso
*****
Puuuutzzzzz! O texto já estava terminado e publicado, quando começo a receber ligações. Gente perguntando "você sentiu a terra tremer aí?" Eu heim. Eu não senti, mas várias pessoas menos desligadas que eu sentiram. Mais um possível e novíssimo óbito: soterramento.


18.4.08
Limite
Ela não sabe mais o limite entre o certo e o errado, entre o normal e a loucura. Nem sabe mais exatamente o que prefere. Prefere não pensar, prefere apenas passar a noite com ele. Deseja vê-lo de perto, sentir seus lábios, sua língua, seus dentes, seu cheiro. Suas mãos passando pelas costas dele, seu corpo sendo desvendado pelas mãos dele. O som da respiração dele quando ela beija seu pescoço, sua orelha, seu sexo. Deseja ver os olhos dele encarando os seus enquanto a satisfaz. Os olhos a enlouquecem. Deseja satisfazer-se e satisfazer, ser dominada, abusada, escravizada. Suas unhas, os dentes dele na carne. O suor. Os dedos entre os cabelos. A língua pela pele. Súplicas, gemidos. O abraço, os olhos fechados. O repouso. A música que já estava tocando. E nessa hora deseja sempre dizer algo que não sabe como, algo relativo à importância do que acabou de acontecer. Algo que mostre que não é qualquer um, é um, é único, mas tem medo de parecer boba, patética. Acaba indo embora, sabendo que isso sim pode ser a maior loucura, o maior erro, não compartilhar seu sentimento com medo do não. Acaba preferindo apenas o seu cheiro até o amanhecer do que a sua companhia.
Imagem: "Dánae" (1907/08), de Gustav Kimt


17.4.08
Jogo do Junior
O Junior lá do Gamella me passou uma tarefa. Vou tentar fazer, mas não esperem respostas lá muito bacanas não... As dele estão beeeem mais emocionantes. Vamos lá, a tarefa é fazer uma lista com 8 coisas que eu gostaria de fazer antes de morrer. Ai jisuis...
1 - Viajar com o trem da morte até Matchu Pitchu. Aceito pessoas pra ir comigo, não dá pra ir sozinha.
2 - Passar seis meses fazendo um roteiro histórico pela Europa. Posso dormir em albergues se preciso for.
3 - Fazer faculdade de cinema, rodar um documentário sobre a 'grande' cena musical do Jd Ana Maria, em Santo André, SP (risos, muitos), sua puuuuuta evolução ao longo dos anos, bem como sua fusão com o teatro regional (kkkk, hilário). Gente, vou explicar. Tudo isso não passa de 20 moleques que cresceram comigo e foram fazer música e teatro, mas ninguém saiu do anônimo Jd. Ana Maria. Mas têm público. Nós mesmos, kkkk. Mas é séria a idéia. Cineastas de plantão, nem tentem, tenho exclusividade, acessos, fontes. Tudo meu, tudo dominado.
4 - Fazer meu mestrado em História Social, pela PUC, antes que vá à falência de vez.
5 - Bater com um taco de baseball num radar móvel de trânsito. Pra isso e preciso de alguém pra dirigir pra mim. A cena seria eu, com meio corpo pra fora do vidro do lado do passageiro, passando a pelo menos 100 km/hora e dando com o taco no fdp do agente da arrecadação. Entendam, moro em Santo André, tem mais radar do que carro.
6 - Passar ao menos um mês em Amsterdã, onde, dizem por aí, compra-se drogas com grande facilidade e ainda é permitido transar num parque lá.
7 - Já que falei em sexo... transar na praia, de preferência uma bem escura, com o som da água e só. Luz só da lua e de algumas velas (uhuuuu).
8 - Conhecer alguém que me ame como Oswald de Andrade amava suas mulheres, e que eu ame também, claro. Conhecer, acreditar no amor de novo. Ando meio desacreditada nas coisas do coração, mas ele tá de brincadeira comigo ultimamente.
Já acabou? Putz, nem falei que queria sair com o Chico Buarque, que queria ouvir o Paul cantar Golden Slumbers no meu ouvido, que queria ver o Bowie cantando Moonage Daydream só pra mim, unicamente pra mim, assistir os Mutantes com a formação original, embora ache que a Rita não é digna de tal façanha... Tá. É isso aí. Ah, não está em ordem de importâcia não... é pedir demais.
Vou passar pra quem? Vejamos...
Jô do Cinema da Vida
Marcio, do Estação Visão
Alec, do InFaces
Edu, do Sanctuarium
Anna Flavia, do Improfícuo
Letícia, do Fábrica de Sonhos
E pro pessoal do É de cagar, com exceção da Mila, senão aí não vale, ela já vai responder, aí teria mais 8 coisas pra colocar, aí vira festa. Mila, não, rs.


16.4.08
Papo de bar
Enquanto isso, numa mesa de boteco...
- Ah, mas eu não posso, lá na igreja cobram essas coisas da gente.
- E sexo oral tudo bem?
- É, tudo bem não, mas pelo menos continuo virgem.
- Sexo oral não é sexo? Então anal também não?
- Aí já é introdução.
- Existe uma tabela de aceitáveis e não aceitáveis? Uma chupadinha tudo bem, introdução é fogo eterno na certa?
- Não, a gente usa de bom senso. Eu decidi guardar a parte mais importante pro cara certo.
- E você acha que esse não é o cara certo? Entendi. Então diverte-se com o pobre do errado mesmo...
- Ah, um pouquinho de diversão não faz mal, né?
- Deixa de ser egoísta, fica regulando essa mixaria, dá logo pro cara! Depois a terra te come e você não goza!


Outra vez, não sou eu
Heaven's on fire
KISS
I look at you and my blood boils hot, I feel my temperature rise
I want it all, give me what you got, there's hunger in your eyes
I'm getting closer, baby hear me breathe
You know the way to give me what I need
Just let me love you and you'll never leave
Feel my heat takin' you higher, burn with me, heaven's on fire
Paint the sky with desire, angel fly, heaven's on fire
I got a fever ragin' in my heart, you make me shiver and shake
Baby don't stop, take it to the top, eat it like a piece of cake
You're comin' closer, I can hear you breathe
You drive me crazy when you start to tease
You could bring the devil to his knees
Feel my heat takin' you higher, burn with me, Heaven's on fire
Paint the sky with desire, angel fly, Heaven's on fire
Oho heaven's on fire, oho heaven's on fire, oho
I'm getting closer, baby hear me breathe
You know the way to give me what I need
Just let me love you and you'll never leave
Feel my heat takin' you higher, burn with me, heaven's on fire
Paint the sky with desire, angel fly, heaven's on fire
Vindo pra casa hoje, de carro, parada no trânsito, ouvi essa música, não a ouvia fazia um tempão... Demais, música e letra, principalmente.


15.4.08
Cheiros da infância
Hoje fui ao cinema. Mas não um cinema comum, e sim a uma sessão que rolou no SESI daqui. Logo que entrei no teatro (onde rola a projeção), senti um cheiro que não sei exatamente do que é, mas lembro exatamente onde o senti pela última vez: Na parte da estante da minha tia, em que eram guardados os jogos de mesa, como dominó, ludo, damas, e o que eu mais gostava, o É proibido colar. Sentávamos meu primo, meu irmão e eu na frente da portinha da estante, abríamos pra pegar um dos jogos e lá vinha aquele cheiro. Cheiro de férias de janeiro. Cheiro de feriado de chuva.
Enquanto esperava o início do filme, com um copo cheio de café, me coloquei a relembrar os cheiros que me causam mais saudade. Outro é o cheiro da cozinha da vó Angelina. Mas esse eu sei o que era, era a gordura de porco que ela usava na comida super saudável que preparava pra gente. Perdoem, naquela época não se falava em colesterol, gordura trans, ômega 3 e essas coisas modernas. Eram os anos 80, pô. Aquele cheiro estava presente o tempo todo naquela cozinha, onde passei alguns dos dias mais alegres da minha infância. Quando a vó fazia a gente comer toda a comida, senão não comeria a sobremesa. Quando íamos fazer a "boquinha" antes de dormir, depois de assistir um filme à noite. Quando eu aprendia a pintar as unhas com a minha tia. Quando ficávamos olhando meu tio, ainda solteiro e moço, jogar água gelada em quem estivesse tomando banho pela janela do lado. Quando o vô achava ruim por causa da gritaria. Quando a vó brigava porque montávamos uma mesa de ping pong na cozinha, com a mesa de jantar. Lembro do último dia que senti esse cheiro, um dia triste. Após o enterro da vó, o vô chorando no canto da cozinha, com o lenço da vó na mão. Ainda o vi mais uma vez, e lá se foi o vovô também, e aí parecia a infância indo embora de vez.
O cheiro do perfume da vó Alayde. Esse ela já tinha deixado de usar, mas ainda lembro. Nas últimas vezes que a vi, já não usava mais. Essa vó era meio brava... igual à minha mãe. Minha mãe não gosta de perfumes.
Tem cheiros que me lembram coisas ruins também. O remédio que eu usei quando, aos 9 anos tive uma complicação de uma catapora. Ele era aplicado na pele, pra cicatrizar, e tinha um cheiro que só em alguns hospitais voltei a sentir, era um tipo de mercúrio, vermelho, em spray. Cheiro da gaveta do criado mudo que eu tinha no meu quarto quando, aos 10 anos, fiquei internada por causa de uma infecção nos rins, lá eu guardava meus gibis que li durante a semana de internação. Só de passar na frente de consultórios odontológicos sinto o cheiro do dentista. Esse realmente me apavora.
Os cheiros da infância se encerram com o que eu marco o do início da adolescência e suas descobertas: o cheiro de halls verde, aquele de menta. Era o cheiro da domingueira que eu ia, quando aos 14 anos comecei a sair com as amigas pra ir em algum lugar além do shopping e da biblioteca. Logo que se entrava na Sunshine (danceteria já decadente na época, e que adorávamos), se sentia o cheiro do hálito de todo mundo, era o halls. Ali iniciava outra fase da vida, outras diversões, bem menos simples do que as de antes. Aliás, a vida nunca mais foi muito simples.
Mas continuo com a mesma mania olfativa. Cada pessoa tem um cheiro, independente do perfume, se usa ou não. Todo mundo tem um cheiro, todo lugar tem um cheiro. Não que eu saia por aí cheirando os outros, mas esses cheiros chegam até mim, quase que junto com a imagem, com a voz das pessoas. Quase sempre é involuntário. Outras não.
Uma segunda-feira triste e chuvosa só podia terminar com um texto melancólico mesmo...


13.4.08
Não sou eu
Fiquei na vontade de ouvir essa música ao vivo. Taí a que vai falar por mim hoje.
AMADO
Vanessa da Mata
Como pode ser gostar de alguém
E esse tal alguém não ser seu
Fico desejando nós gastando o mar
Pôr do sol, postal, mais ninguém
Peço tanto a Deus
Para esquecer
Mas só de pedir me lembro
Minha linda flor
Meu jasmim será
Meus melhores beijos serão seus
Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais
É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Sinto absoluto o dom de existir, não há solidão, nem pena
Nessa doação, milagres do amor
Sinto uma extensão divina
É tanta graça lá fora passa
O tempo sem você
Mas pode sim
Ser sim amado e tudo acontecer
Quero dançar com você
Dançar com você
Quero dançar com você
Dançar com você


Show de Graça
Show de graça é sempre lindo. O show pode nem prestar, mas é sempre um acontecimento incrível. Hora de rever pessoas, beber, dançar, cantar, rir, deitar na grama, abraçar, dizer tchau, até o próximo.
Hoje teve showzinho bancado pela Telefonica em terras andreenses, em comemoração do aniversário da cidade. Os Paralamas do Sucesso dividiram o palco com Frejat e Vanessa da Mata. Logo de início imaginei que não seria tão bom, e de fato, o que se viu foi um show que parecia não ter sido ensaiado, participações estranhas, falhas nos vocais. Pô, é triste crescer ouvindo aquela maldita música e quase trinta anos depois o cara errar a letra. E não são músicas que foram esquecidas, não. São aquelas que qualquer ser que escuta rádio conhece. Enfim, valeu pela distração, algumas músicas bacanas e muita gente conhecida. Aliás, a participação da Vanessa da Mata foi quase nula. Ela cantou UMA música dela. UMA. E não foi a que eu queria ouvir. Nem a do banho de chuva, não., foi Good Luck / Boa Sorte. Triste, muito triste.


11.4.08
Dos sentimentos
Pra ler ouvindo Sacarina, da Érika Martins com o Telecats
Já dizia um amigo das antigas: tem dia que a noite é foda. Esse é um dos dias, essa é a noite. O dia foi bom, mas a noite não promete nada. Penso que deve ser alguma compensação divina... se você teve um ótimo dia de trabalho, não terá a mesma sorte na noite. Mas o fato é que tô de mau humor a toa mesmo, sem motivo aparente e, antes que perguntem, não é TPM.
Acho que é só vontade de ser alguém que não sou. Ou que sou, mas não tenho coragem de ser, dá pra entender? Vontade de não dizer onde vou, com quem e até que horas. Vontade de não ter que saber nada disso, apenas ir. Vontade de ser aquela mulher fodástica, que tá afim, vai e consegue. Vontade de ser aquela pessoa que chega sozinha no bar, e as pessoas vão sentar-se ao seu lado. Vontade de chegar e dizer o tamanho do meu querer, do meu desejo bem como sua urgência, sua intensidade. Vontade de perder a classe, a educação, a vergonha na cara. Vontade de não ter vergonha nem medo dos próprios sentimentos, escondendo-os, e sim gritando aos quatro ventos, foda-se quem não estiver feliz com eles. Eu gosto deles, dos meus sentimentos.
São eles que me deixam assim, triste como hoje, feliz como quase sempre. São um pouco idiotas eles, alguns existem sem mais nem menos, alguns desabrocham com o passar do tempo, outros insistem em não morrer quando tento matá-los jungaldo-os desnecessários. O fato é que eles estão sempre brigando com a razão, uma luta que parece eterna, cotidiana, angustiante.
Às vezes, como hoje, acho que eles deveriam se organizar de uma vez por todas, destituir a razão do cargo, e instituir o golpe definitivo. Seria só sentimento, sem nenhuma razão.
Desculpem-me os palavrões e a confusão. Mas escrevi como saiu e não quero mudar. A razão ficou um pouco acoada depois disso. Espero que ela renuncie antes do golpe.


10.4.08
Idéias? Eu tenho, quem quer?
Sorte de hoje: Venda as suas idéias – elas são completamente aceitáveis
Mesmo? Então tá. Como prova de que sou boa pessoa, nem vou vendê-la: dou de graça. Vamos lá.
Aposto que todo mundo que entra aqui, independente da idade, via, lá longe, na mais remota infância, a sua professora preenchendo aquele diário cheio de quadradinhos minúsculos e geralmente de capa azul. Sabe o que mudou até hoje? A cor da capa. Já tem alguns com capa cinza, e até amarela. A burocracia continua a mesma. Um diário por classe, com campos para preencher com nomes e presença dos alunos, conteúdo ministrado aula a aula, notas, pontos, ocorrências e um campo lá no final que só o professor de educação física usa, se é que usa. Ah é, ainda tem as observações espalhadas por todas as folhas. Ok. Só que a partir do ano passado, além de preencher tudo isso, sala por sala, ainda passamos a digitar na internet também, para que os alunos tenham acesso às suas notas pela rede. Ual!
Minha idéia: o governo, afim de facilitar o trabalho pra todo mundo, inclusive para mim e para ele, deveria distribuir palm-tops pra todos os professores. Nele viria um programinha com as planilhas de cada sala de aula, onde poderíamos fazer a chamada, registrar conteúdos, notas e o escambal. Vou além. Nem ligaria de isso tudo estar conectado em tempo real na net. Já pensou na revolução? Você em casa, acessa a internet e vê se seu filho está ou não com presença nas primeiras aulas. Mandou o filho pra escola e ele está com falta? Ahá! Viu o conteúdo lá, dado, e o garoto chegou com o caderno em branco? Aí está!
Sabe, eu, particularmente, nem ligava de ser monitorada, já me sinto assim mesmo trabalhando onde trabalho, apesar no clima de oba-oba. Alguns perguntariam: mas e os professores que não têm conhecimento em internet? Ora, alguma vez alguém perguntou se eu sou alfabetizadora? Não, eu não sou, mas tenho alunos analfabetos na quinta série. e tenho que ensinar mesmo assim. As coisas geralmente são aplicadas assim mesmo, despencadas de cima pra baixo.
Tá aí, uma das minhas brilhantes idéias. Não vou nem cobrar direitos autorais.


9.4.08
As três professoras
As três professoras têm quase a mesma idade, e quase a mesma história de vida. Namoraram desde o início da vida adulta, e de repente, viram-se solteiras, adultas e independentes. Ainda não eram amigas, e talvez essas e outras coincidências tenham aproximado as três. Algumas pessoas falam em destino, outras não acreditam em destino.
Curtiram aproximadamente 6 meses de uma vida que nem conheciam direito. Elas mesmas se impressionavam quando chegava o domingo, e viam que estavam saindo desde quinta-feira, sem parar. A vida noturna às vezes é traiçoeira. Ao mesmo tempo que diverte, te satisfaz, causa, logo depois, uma sensação de vazio, solidão. Só notaram isso alguns meses depois. Durante os seis meses, divertiram-se como nunca haviam feito antes. Lugares, pessoas, atitudes, horários, ritmos que quem as conhecia não acreditava. Até apelido o trio ganhou: as panteras, uma loira, uma morena e uma ruiva.
Um dia, numa balada, uma delas conheceu alguém especial. Envolveu-se com esse alguém e, pouco a pouco, distanciou-se das outras duas, que seguiram firme e forte, porém, já não tão entusiasmadas com a vida noturna. Como disse, cansaram.
A segunda conheceu alguém que a princípio não representou grande importância, mas ao longo dos dias, meses, essa importância aumentou. A terceira, quase ao mesmo tempo, também conheceu alguém bacana, e deixou-se envolver. Essas duas continuam se vendo com razoável freqüência, mas já andam disponibilizando tempo a mais para alguém que não a amiga.
Feriado na cidade, as três aproveitaram pra se encontrar. Depois de um dia de desencontros, ali estavam as três, na mesa de um bar, rindo do que viveram até ali e de como as coisas estão agora. Contaram das novidades, ouviram as das amigas e beberam, em plena terça-feira. Afinal, pantera que é pantera, não tem dia pra sair, e uma vez pantera, pantera para sempre. Lembraram do trato feito meses atrás, que mesmo que conhecessem alguém, continuariam se vendo.
Engraçado como a vida das três mudou de forma tão rápida meses atrás, numa sincronia assustadora. Dizem coincidência. E agora outra vez acontece. As três passam pelas mesmas sensações de novo. São três situações diferentes, mas sensações, sentimentos muito semelhantes. Assustador. Uma diz que é destino. Outra não acredita em destino. Outra ainda acredita mas não confia, prefere chamar todo mundo pra casa dela de vez em quando. E assim pagam a conta, e vão seguir a vida de cada uma, acreditando que contiuarão se vendo por anos e anos, as três professoras.


7.4.08
A primeira resenha a gente nunca esquece
Não que eu nunca tenha escrito nenhum texto sobre algo que vi ou ouvi, mas esse foi o primeiro a ser publicado em algum lugar que não o meu fotolog. Então, como estou numa completa falta do que falar, lá vai o texto na íntegra. E não que meu final de semana tenha sido tedioso, bem pelo contrário, mas não pretendo fazer deste blog um "meu querido diário", apesar de ter o nome de Diário. Ah, chega. Vamos ao que interessa:
Ozzy Osbourne, Black Label Society e Korn: Estádio Palestra Itália - São Paulo/SP
por Bel Gasparotto
Os portões do Parque Antárctica foram abertos por volta das 16h30, quando já se podia ver uma verdadeira multidão em frente ao estádio. Apesar do grande número de pessoas, a entrada foi tranqüila e relativamente rápida.
O show do Black Label Society iniciou às 19h30 em ponto, e a impressão que dava é de que muitos estavam ali no estádio para ver, exclusivamente, a banda de Zakk Wylde. O grupo tocou por cerca de 40 minutos, agitando muito os que já a conheciam e prendendo a atenção dos que não são ainda familiarizados com o som do Black Label Society. O primeiro show termina com Zakk pedindo ao público que o esperem voltar com o Ozzy.
Às 20h30 o Korn sobe ao palco. Aparentemente, o show que teve uma duração aproximada de uma hora, não animou. Realmente as pessoas que estavam ali queriam Ozzy e mesmo durante o show do Korn gritavam sem cessar pelo “príncipe das trevas”.
Às 22h15 as luzes do estádio se apagam e os telões começam a exibir um vídeo com várias cenas satirizando grandes sucessos da mídia norte-americana, como Lost, Piratas do Caribe e Família Soprano. Ainda nos bastidores, Ozzy provoca o público dizendo que quer levá-los à loucura. E enfim sobe ao palco com a música “I Don’t Wanna Stop”, de seu novo trabalho, “Black Rain”.
Ozzy segue quase o mesmo ‘set list’ das apresentações anteriores, tocando em seguida “Bark at the Moon”, “Suicide Solution”, “Mr. Crowley” e mais uma do novo álbum, “Not Going Away”. O público, sempre fiel, parece bem familiarizado com as músicas novas, cantando junto como o faz nos maiores sucessos da carreira de Ozzy. Aos que queriam um pouco de Black Sabbath, Ozzy cantou “War Pigs”, com as tradicionais cenas de guerra no imenso telão no fundo do palco, “Iron Man” e “Paranoid”, música que encerrou a apresentação que durou pouco mais de uma hora e meia.
Para quem esperava encontrar ali uma simples lembrança do que foi Ozzy Osbourne, o show impressionou. O homem não pára durante a apresentação, não fica devendo nada: incita o público, abaixa as calças e joga baldes de água na galera, tudo como sempre fez, e como sempre todos querem vê-lo fazendo.
Ao final, o público saiu satisfeito, comparando a apresentação com a que ocorreu em 1995. Esse público, composto em sua maioria por pessoas de 20 a 30 anos, deseja não ter que esperar tanto tempo para ver o bondoso velhinho de novo, desejando boa noite e que Deus os abençoe.
Texto publicado originalmente no Território da Música, dia 07/04/2008


4.4.08
Fernando Pessoa e eu
116.
Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e o representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é esse o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego


2.4.08
Meme Se eu fosse...
Li hoje no InFaces o Meme que o Alec respondeu, e como ele deixou lá, quebrado, pra quem quisesse se meter à besta, lá fui eu, como sempre. À primeira vista lembra muito aqueles cadernos de enquete que tínhamos na época da escola, com aquelas perguntas bobinhas, e tal. Mas não é muito fácil responder isso não. Aí vai a minha tentativa:
Se eu fosse um mês seria… Janeiro
Se eu fosse um dia da semana seria… Sexta-Feira
Se eu fosse um número seria… Cinco
Se eu fosse um planeta seria… Marte
Se eu fosse uma direção seria… Pra frente
Se eu fosse um móvel seria… Cama
Se eu fosse um liquido seria… Café
Se eu fosse um pecado seria… (esse é difícil, sou um por dia) Ira (hoje)
Se eu fosse uma pedra seria… Quartzo rosa
Se eu fosse um metal seria… Prata
Se eu fosse uma árvore seria… Ipê Amarelo
Se eu fosse uma fruta seria… Banana (bem doce)
Se eu fosse uma flor seria… alguma orquídea amarela
Se eu fosse um clima seria… Quente com tempestades no final da tarde
Se eu fosse um instrumento musical seria… Piano
Se eu fosse um elemento seria… Fogo
Se eu fosse uma cor seria… Preto
Se eu fosse um animal seria… Cachorro
Se eu fosse um som seria… O que o vento faz nas árvores
Se eu fosse uma letra de música seria… Bola de meia, bola de gude (14 Bis)
Se eu fosse uma canção seria… She's Leaving Home (Beatles)
Se eu fosse um estilo de musica seria… Rock
Se eu fosse um perfume seria… Angel
Se eu fosse um sentimento seria… Paixão
Se eu fosse um momento seria… Agora
Se eu fosse um livro seria… A Rosa do Povo (Carlos Drummond de Andrade)
Se eu fosse uma comida seria… (Sorvete vale?) Sushi
Se eu fosse um lugar (cidade) seria… Amparo (SP)
Se eu fosse um gosto seria… Doce
Se eu fosse um cheiro seria… Chuva caindo na terra
Se eu fosse uma palavra seria… Ósculo
Se eu fosse um verbo seria… Pensar
Se eu fosse um objeto seria… Caneta
Se eu fosse uma roupa seria… Camiseta preta
Se eu fosse um chapéu seria… Boina
Se eu fosse uma parte do corpo seria… Olhos
Se eu fosse uma expressão seria… Alegre
Se eu fosse um desenho animado seria… Bob Esponja
Se eu fosse um filme seria… O Fabuloso Destino de Amelie Poulain
Se eu fosse forma seria… Círculo
Se eu fosse uma estação seria… Verão
Se eu fosse uma frase seria… "And in the end, the love you take is equal to the love you make" (The End, Beatles)
Não vou passar pra ninguém, assim como o Alec fez. Deixo aí pra quem quiser responder, assim como eu fiz. E se for responder, me avisa, quero ler.


1.4.08
Dia da Mentira
Depois de dois dias de planejamento na escola eu só posso crer que de metira é a minha profissão. Eu disse planejamento? Ah, ele já veio pronto, é só aceitarmos. Cumpra-se, dizem por aí. Ele tá prontinho, e engana-se quem acha que será possível inserir algo que não está nele. O tempo, por esse plano, é corrido. Um exemplo? Amanhã tenho duas aulas para explicar tudo sobre o feudalismo e, de preferência, avaliar o aprendizado do aluno. Putz, nem eu queria ser minha aluna nessa aula.
Não bastando toda a frustração de não poder preparar uma aula à altura, de não dispor do tempo necessário para sua execução, ainda tem colegas que não sei o que fazem na profissão, francamente. Já passava das 15h, eu estava desde às 7h lendo as propostas do governo, elaborando da melhor forma possível minhas aulas, quando uma senhora que atende por professora chega:
- Olá, o que vocês estão fazendo desde cedo?
- O planejamento, já fiz a sua parte. Dividimos as sextas séries, mesmo eu tendo só duas das sete salas, já fiz o seu plano também. Depois você pede uma cópia pra diretora, ok?
- Ah, obrigada! Eu não pude vir antes, estava trabalhando até agora.
- Que nada! Eu tô aqui desde às 7h coçando, rindo, me divertindo. Por que não faria isso?
Levantei com a maior cara de puta que minha raiva me permitiu, juntei minhas coisas e fui embora. Ninguém merece ouvir essas coisas. Trabalhando? A fdp só aparece na escola pra entregar atestados médicos! Aliás, por isso fiz a parte dela, pois dependia disso e ficaria na mão. Aí vem todo mundo dizer que professores faltam, não fazem nada, que a culpa dos males do mundo é dos professores. Acho que é mesmo, não somos comprometidos com a profissão. Eu, por exemplo, deveria ter esfaqueado essa maldita.
Pra ler ouvindo Nem sempre se pode ser Deus, do Titãs


31.3.08
A primeira vez
A primeira vez a gente nunca esquece. Hehehe. Foi o primeiro selo que recebi! E ainda dizendo que sou uma Diva! Obrigada, Mila!!!!Ah, agora tenho que passar pra alguém, né? Então, é um selo de mocinhas, vou passar pras poucas que andam por aqui e ainda não tem:
Cinema da Vida, pois ser professora é ser Diva;
Letícia, que tem um blog tão gracinha que só pode ser Diva também.
Meninos, o dia que eu ganhar um adequado, mando pra vocês.
29.3.08
Quase Édipo
Cruel das criancinhas
Com seus comentários desconcertantes?
Adivinham tudo
E sabem que a vida é bela
(Só as mães são felizes, Cazuza e R. Frejat)
Era um dia comum. Na última aula, a professora foi dispensando os alunos que já haviam terminado a atividade. No final ficou apenas um, um dos mais inteligentes e articulados da sala. Ela estranhou, e foi ver o que estava acontecendo. Ele já havia terminado, estava fazendo pequenas correções.
- Professora, desculpe te fazer esperar, já estou terminando.
- Não tem problema, espero o tempo que for preciso.
- A senhora é casada?
- Não.
- Namora? Mora sozinha?
- Não, e moro com meus pais, assim como você.
- Por que a senhora não namora?
- Por que não, que pergunta... terminou?
- Se eu fosse dez anos mais velho, ia querer namorar com a senhora.
- Querido, se você tivesse dez anos a mais, teria 21 anos, ainda seria mais velha que você, e de onde você tirou essa idéia? Some daqui que a van tá te esperando!
- Quando eu tiver 20 anos, com quantos anos a senhora estará?
- Velha. Tchau.
E ele se foi. Ela juntou as coisas, pegou a bolsa no armário e foi para o carro. Durante os dez minutos que leva da escola pra casa foi pensando.
- Quantas vezes ainda terei que passar por isso? Onde é que estou errando na minha aula? O problema sou eu?


Citações do dia
No Orkut:
Sorte de hoje: Há uma carta ou mensagem alegre chegando para você
Digo logo: quer me falar algo, fala logo, não mande mensagem. Sou amigável, por mais que eu não goste, sou uma lady, não vou te mandar pra pqp tão fácil. E tô precisando de notícias alegres, please. Agredeceria um aumento no salário. Por algumas aulas na escola particular, seria eternamente grata.
No rádio, voltando pra casa:
Chorando No Campo
(Lobão - Bernardo Vilhena)
A chuva cai chorando
E o meu amor vai e vem
No céu, no chão
A rede vai e vai levando
A noite além da noite
Me faz lembrar o que eu não vivi
Toda essa história esse segredo
Memórias num vendaval
Pela estrada enquanto eu passo
O cinema é só ilusão
Vou chorando pelo campo
No meio do temporal
A chuva dá saudades
De um lugar que eu nunca fui
E o vento vai soprando
Um choro tão distante
Pela estrada enquanto eu passo
O cinema é só ilusão
Vou chorando pelo campo
No meio do temporal.
Essa música, com a chuva realmente caindo, triste, fina, fria, e eu só, no carro, no trânsito parado próximo ao cruzamento da linha do trem, me sensibilizou. Puta cena surrealmente triste. Acho que tenho me sensibilizado com pouco. E hoje é sábado, putz.


26.3.08
Não sou eu hoje
Hoje não vou escrever aqui. Quem vai escrever por mim, quem fala por mim hoje é Carlos Drummond de Andrade. Acabei de ler esse poema, não tem como não publicá-lo. Caro Drummond, somos íntimos, perdoe-me se te uso às vezes. Esse poema foi publicado no livro Sentimento do Mundo, de 1940. Acabou de ser lançado na coleção da Folha.
POEMA DA NECESSIDADE
É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir todos nós.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbado,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas,
e anunciar o FIM DO MUNDO


24.3.08
Mais inutilidade pública
Sabe o desenho do South Park? Então, tem um site que já faz um tempo que conheço, e relembrei ontem. Você entra lá e monta o seu bonequinho, com as suas características, ou dos seus amigos, enfim, se diverte mais ou menos enquanto não tem o que fazer, claro.
Pessoas maldosas podem até dizer que é falta do que fazer, eu não ligo. Digo mais, aposto que todo mundo vai lá montar o seu. Vou além e ameaço, sou capaz de montar o de muita gente, e ainda publicar, só o meu é que não ficou tão legal, mas os dos outros, eu me divirto montando. Aviso dado, rsrs
O meu é esse aí, e até que ficou parecido...
Depois dessa e do nome em grego, até criei um marcador novo: Prestação de (de)Serviço. Aposto que, com o tédio que anda a minha vida, esse marcador vai bombar! Aguardem!


23.3.08
Hit Greek!
Quer saber como se escreve seu nome em grego? Eu fui lá e digitei o meu:
Ah, sou Isabel.
Putz, isso sim é falta do que fazer... Chocólatra assumida, estou passando o dia totalmente entregue ao vício. Amanhã é o dia da ressaca. Dizem que o chocolate substitui algumas coisas... será?


22.3.08
Salve, salve, torrão Andreense, gigantesco viveiro industrial!
Hoje vou escrever sobre a cidade em que nasci e vivo até hoje, Santo André. Por que? Oras, primeiro, pela total falta do que falar, segundo, fiquei com inveja da Mila. Então vamos lá.
Santo André é uma cidade que começou errada. Comemora a data de aniversário no dia da fundação da Vila de Santo André da Borda do Campo, que existiu realmente por aqui, na região, mas nenhum historiador sabe dizer exatamente onde foi. O povoado foi fundado pelo misterioso João Ramalho, português provavelmente degredado, e em 8 de abril de 1553, foi elevado a categoria de Vila pelo então governador-geral Tomé de Souza. Tá, tá. Só tem um probleminha aí: essa vila foi extinta em 1560, quando a sua população foi transferida para a Vila de São Paulo, devido aos estressados vizinhos Tamoios. Aí, em 1889 é criada a cidade de São Bernardo do Campo, que incluía toda a região hoje conhecida como Grande ABC, e só em 1910 é que resurge a cidade de Santo André, primeiramente como um bairro de São Bernardo, o bairro da Estação, por onde passava a linha de ferro da São Paulo Railway. Viva Dom Pedro II e o Barão de Mauá. Bom, adivinhem quando se comemora o aniversário da cidade? Sim, dia 8 de abril, esse ano comemoraremos 455 anos. Ainda no campo histórico, existe uma verdadeira 'corrida ao ouro' entre os historiadores daqui, todos em busca de qualquer vestígio da antiga vila. Um deles afirma que nem foi em Santo André mesmo. Enfim, uma cidade que comemora o dia de aniversário na data errada, não deve ser séria mesmo.
Saindo do campo histórico e teórico, vamos à prática. De Santo André até o centro de São Paulo, levamos em média 30 minutos de carro. É relativamente perto, mas tente pegar uma balada na Vila Madalena ou em Pinheiros sem carro. Você não chegará nunca. Não temos um sistema de transporte dos melhores nem dentro da cidade, muito menos para fora dela. Dependendo do percurso, é possível que você tenha que pegar três conduções para ir de um ponto a outro dentro da cidade.
A cidade é grande, mas com ares de interior. Tem a Rua Figueiras, onde todos se encontram pra balada em algum dos milhares de bares todos iguais. Sexta-feira, depois das 23h, não tem onde comer. Sábado, após a 1h da manhã, não se entra mais em bar nenhum, estão todos 'fechando'. Domingo não há o que fazer. Temos três shoppings, e é esse o grande programa da família andreense. Sim, temos alguns parques públicos também, bem agradáveis por sinal. Tem um que é aberto 24h, o atual Pq. Prefeito Celso Daniel. É, tem essa ainda, temos um prefeito assassinado. Lembram? A cidade parou naquela ocasião. Ah, junto com São Bernardo, somos o reduto do sindicalismo, o berço do PT. Isso sem citar ainda o movimento anarquista que houve por aqui também, do qual até Adoniram Barbosa teve pequena participação, antes de virar o cara do Samba do Arnesto.Ah, claro. Ainda temos uma cidade histórica, Paranapiacaba, que foi contruída pelos ingleses na ocasião da construção da linha de ferro, a São Paulo Railway. Mas essa rende outro post bem grande, hoje fiquem apenas com as fotos. Apenas saibam que pra chegar nela, passamos por outras três cidades! Mas é um programão ir pra lá, vale a pena.
Acho que, em linhas gerais, consegui falar bem daqui. Nasci aqui, vivo aqui, e não sei se um dia saio daqui. Apesar de tudo, gosto daqui. Mas que a cidade é estranha, isso é. Ainda em tempo, se quiser ver na Desciclopédia, tem um panorama mais ou menos verídico daqui.


19.3.08
Carta desapaixonada
Ontem nos vimos, hoje também, na mesma carona. Isso não significa que as coisas sejam como antes, entenda. Muita coisa mudou desde aquele novembro, quando nos conhecemos e fiz de tudo por um contato, qualquer coisa que viesse de você, migalhas dormidas do teu pão.
Não é estranho, não sou má, nem quis brincar com você, apenas tudo mudou. Não tenho alguém e nem quero mais ter você. Não imagine que te quero mal, apenas não te quero mais, já quis, já passou. Sim, quero outro, não você.
Se você tem perguntado sobre mim, deve sabe que a ordem das coisas na minha vida segue rápido, a mesma rotina: quero, tento (às vezes muito), não consigo, desisto. E hoje eu sigo sozinha, sempre no meu caminho, solta e apaixonada. Coração ligado...
Ironicamente, quando desisti você lembrou de mim, passou a perguntar a todos que me conhecem, rodear, chegando cada vez mais perto. Sei, sei, entendo. Fiz o mesmo alguns meses atrás. E mesmo todos dizendo o que devo fazer, ninguém vai me dizer o que sentir.
Hoje a única coisa que te ofereço é uma carona se te encontrar no caminho, mas não me espere. Sinto muito. Aliás, não sinto. Não tenho culpa, nem você, apenas não aconteceu, e nem vai acontecer.
SOU MAIS FELIZ
Pedra
Se já disse tudo o que tinha a dizer,
esse papo já não dá mais pé, pra nós.
O amanhã se pode escrever diferente,
se sou eu que traço a linha do que me faz bem.
Mas já não quero mais, teu amor já não me satisfaz.
Quem sabe sou mais feliz.
Mas venho me acompanhando há mais de um ano.
E tô sempre comigo mesmo,
Da hora que acordo, até a hora que consigo dormir.
Então, se disse tudo o que tinha a dizer.
Esta noite eu tenho planos, e já não incluem você.
Mas já não quero mais, teu amor já não me satisfaz.
Quem sabe sou mais feliz.
Amigos que já nem temos mais, pelas portas que trancamos.
Costuram a nossa solidão.
Mas já não quero mais, teu amor já não me satisfaz.
Quem sabe sou mais feliz.
18.3.08
Números
Hoje completa exatamente um mês de aula. 30 dias em sala de aula. Hoje completei as atividades de uma sala de aula para a chamada "quarentena", o período que o governo do Estado determinou como sendo a "recuperação". Foram 177 atividades corrigidas, de 41 alunos, o que dá uma média de 4,32 atividades por aluno. Deveria ter sido, na realidade, 5 por aluno, mas que seja.
Isso foi só de uma sala. Tenho 10, faltam 9. Cada uma com uma média de 40 alunos. Contando com os que simplesmente não fazem, terei mais ou menos 180 atividades de cada sala pra corrigir ainda, portanto, 1620 atividades. Juntado com as que acabei de corrigir serão aproximadamente 1800 atividades. Em um mês. Ah, é, ainda tem a redação que será a avaliação final da "quarentena", coloca aí mais 400 folhinhas. Total 2200 Isso se alguns não fizerem...
Sou péssima de matemática, pode ter algum erro, mas é só pra ter uma base do meu desespero nesse momento.
Ainda dizem que professor não trabalha, só dá aula.


No Orkut
Sorte de hoje: Pare de procurar eternamente; a felicidade está bem ao seu lado.
Direito ou esquerdo? Poderia dar a hora em que isso acontece? Please?
Falando em sorte e felicidade, estou concorrendo a um par de ingressos pro Rod Stewart e pro Doors. Ozzy? Não, obrigada, pra esse eu já comprei. A esperança é a última que morre. E como diria uma professora da época da faculdade de Ciências Sociais, "mas um dia morre".


17.3.08
Santo André, 18h20 pm
Hoje choveu o dia todo na cidade de Santo André. Escolas já possuem uma arquitetura, ao meu ver, depressivas (ou repressivas?). Num dia escuro como o de hoje, é angustiante passar a tarde trabalhando numa escola, chego a agradecer aos alunos por terem vindo.
Mas hoje, ao final da última aula, parecia que os deuses pintaram, sob encomenda, um lindo pôr do sol. Sim, com chuva e tudo. Pela janela quadriculada da sala de aula, entre as cortinas quase brancas, lá estava ele, o crepúsculo, o horizonte com aquele tom alaranjado, lindo, lindo.
Existe algum deus responsável pelo entardecer? Aceito grego ou romano, tanto faz.
...
Em tempo: hoje faz aniversário o Plano Collor. Lá se vão vinte anos daquela patuscada, como diria o próprio. Eu tinha dez anos, e embora meus pais não tivessem um puto pra ser confiscado, eu lembro do episódio, sempre gostei de noticiários, plantões e pronunciamentos oficiais. Fui procurar no youtube o vídeo, e não achei o original, só reportagens relembrando o fato. Uma pena. Me fez lembrar do filme Terra Estrangeira, do Walter Salles, em que a mãe de um dos personagens principais morre, logo no início, em decorrência de um ataque do coração, por causa do confisco. Aí aparece a cena da Zélia na TV, dizendo que era necessário "fechar as torneirinhas". Pô, esse filme é demais, assistam. Destaque para a cena da Zélia e para a que a Fernanda Torres canta Vapor Barato. Só vendo.
...Ainda, em tempo:
Foto tirada sexta-feira, na minha primeira comemoração de aniversário. Primeira porque teve a segunda, que foi no sábado. Essa foi na Thaberna da Bruxa, e a de sábado, no Autobahn. Dias agitados... Essa é a única foto em que apareço, acho que é o primeiro aniversário que não tiro fotos, por que será?
Por que não fiz três posts separados, heim? Quantas perguntas!


16.3.08
Sobre a Bel
A Bel, a dona desse blog, é uma pessoa legal, mas um tanto complicada.
É carente de amigos, mas à vezes manda todos passear pra ficar sozinha. Às vezes também faz coisas que gosta, mas não deve. Às vezes gosta mais do que o normal de alguma pessoa e não se aguenta, tem logo que falar. Detesta joguinhos de sedução, gosta das coisas práticas. Precipitada ao extremo, é acostumada a sofrer por antecedência. Não gosta de contar tempo, nem passado, nem futuro, detesta cronologias, embora seja professora de história. Acredita que o tempo é sempre relativo. Paciência nunca foi o seu forte, imediatista, detesta as palavras SE e AMANHÃ.
Detesta o dinheiro, odeia, gasta tudo o que tem, com qualquer coisa e com as pessoas que gosta, sem um pingo de dó. Gosta muito de uma boa balada, mas se diverte com coisas simples também, como um passeio no parque, um filme no sofá de casa, uma cerveja na cozinha com alguém.
É simples, não gosta de mulherices, adora andar de tênis. Ama perfume, doces e mordidas na orelha. Tem grande dificuldade em manter longas amizades e iniciar relacionamentos. Trabalha no que gosta, mas às vezes não gosta de trabalhar.
Já descobriu que é uma só, imperfeita, teimosa e agora tenta aprender a viver um dia de cada vez, e essa, no momento, tem sido a maior dificuldade da sua vida. Afinal, por que as coisas demoram tanto pra acontecer?


14.3.08
14 de março
Hoje, no Brasil é o dia nacional da Poesia.
Na Irlanda, é dia das Sereias e dos seres do mar.
Também é o dia em que nasceram Albert Einstein, Glauber Rocha e Johann Strauss. Morreu Karl Marx.
28 anos atrás, eu nasci.


12.3.08
Do limite ao milagre
Qual o exato momento que começamos a gostar de alguém? Como e quando isso acontece? Se soubessemos o momento exato, o limite, poderíamos brecar, pensar se é viável ou não, e seguir em frente, ou não.
Mas alguém me perguntará, "Mas onde é que estaria a graça?". E eu responderei: Onde é que está a graça de se gostar de alguém e não conseguir continuar a história? Seja por timidez, por incompatibilidade de interesses, por falta de tempo, por falta de auto-confiança, sempre tem algo que emperra.
Aí, diante desse monte de obstáculos, pessoas acabam aderindo ao famoso amor platônico. Sim, aquele que a pessoa fica feliz só de ver o ser amado. Falar com ele já deixa o apaixonado nervoso, com o coração palpitando, com as mãos suando, dependendo do assunto. Pior é quando se encotram, o apaixonado fica sempre procurando a hora exata de dizer o que quer dizer, e nada, não sai, não consegue. Nessa hora, não consegue sequer olhar nos olhos da pessoa em questão. Prefere ficar com o olhar distante, esperando alguma providência divina, um milagre mesmo, que faça o outro ler seus pensamentos. Mas milagres não acontecem, nós é que temos que fazê-los. Incompetência divina...
E nem tô falando de amor, tô falando daquele sentimento que se tem, que não se sabe ao certo o que é ainda, quando se pensa na pessoa o tempo todo, espera um tempão por um simples 'oi', ou ainda, quando fica procurando motivos, dos mais idiotas só pra um encontro. Deve ser obcessão. A paixão é obcessiva, não?
Situação ridícula essa. De aniversário, quero um milagre.


11.3.08
Mudanças
Estou quase fazendo 28 anos. Faço na sexta, daqui dois dias. 28 é quase 30. A crise de idade vai me acompanhar pra sempre? Tanta coisa tá mudando...
Pela primeira vez na vida não quero mais morar com meus pais. Pela primeira vez na vida sou independente, faço o que quero, quando quero, com quem quero, até a hora que quiser. Pela primeira vez na vida, estou mandando o mundo pro inferno pra poder fazer o que eu quero.
Não lembro de ter perdido uma calça jeans por estar larga, pelo contrário. Hoje vesti uma que não deu pra usar, nem com o cinto. Dizem que o amor engorda, logo, a falta dele deve emagrecer. E ainda não sei se estou emagrecendo pra mim ou pro mundo. O mundo é cruel quanto a isso.
Nunca tive problemas em dizer o que sinto, agora tenho. Nunca me senti tão contraditória dentro de mim mesma, com tantos conflitos internos, tantos "como?", "quando?", "por quê?". Nunca quis tanto uma coisa que não sei como conseguir, e é isso que tem me deixado angustiada. Acho que é isso, mas nunca foi assim. É a idade que deixa a gente idiota? Não deveria ser o contrário?
Pra ler ouvindo Changes, do David Bowie
"Changes
(turn and face the strange)
Changes
Don't wanna be a richer man
Changes
(turn and face the strange)
Changes
Just gonna have to be a different man
Time may change me
But I can't trace time"


9.3.08
Professores vão ao cinema
O aviso foi feito. "Cinema no sábado à noite, cruzcredo!", disse o sábio Edu. Mesmo assim fui. Cheguei no shopping já passava das 21h, e ainda estava daquele jeito que a gente conhece, lotado, pessoas se matando por uma vaga, por um banco no corredor, por uma mesa na praça de alimentação. Fomos pro cinema, eu e minha fiel companheira pra qualquer coisa, a Karen.
Escolhemos um filme "inteligente"... 10.000 a.C.. E foi aí que começou o verdadeiro problema. Sou professora, a Karen também. Eu de história, ela de Artes, matérias muito ligadas. O filme deveria tratar de uma época interessantíssima, que, por sinal, quase não é retratada em filmes, o período Neolítico, que vai de 10.000 a.C. até 6.000 a.C. E o que se vê? Um pano de fundo mal feito, mal pesquisado.
Pra se ter uma idéia, aparecem protótipos de caravelas, quando ainda não se fazia tecido... Ouro fundido quando não se conhecia essa tecnologia. E nem vou falar da domesticação dos mamutes na construção das pirâmides que, imaginamos, do Egito.
Enfim, palhaçada total. Saímos as duas putas da vida, olhando em volta e pensando... só nós somos professoras aqui? Ninguém mais notou nada de errado mesmo?


8.3.08
Nosso dia
Sempre penso nessa história de emancipação feminina. Quem diria, 100 anos atrás, que estaríamos onde estamos? Mulheres sustentando casas, criando filhos sozinhas, trabahando em jornadas triplas. Falo isso com conhecimento apenas da minha classe, o professorado, onde é muito comum quem se divide em dois cargos na educação e os serviços domésticos. Mas não é isso que me deixa agoniada.
Hoje não há nada de errado em uma mulher tomar a frente numa conquista amorosa. Mas qual é a mulher que realmente gosta de assumir esse papel? Falo isso por mim. Me vejo cada vez mais independente em todos os sentidos, menos nos assuntos amorosos. Profissionalmente fazemos e acontecemos, mas no campo sentimental, continuamos esperando alguém para fazer e acontecer pela gente. Digo isso por pessoas próximas a mim também. Sempre esperamos um convite, uma ligação no dia seguinte, uma palavrinha que levante o ego da gente. Sim, às vezes damos uma forcinha, demonstramos interesse, e até partimos pra cima mesmo, mas não é isso que queremos fazer sempre. Até porque nos preocupamos de forma exagerada com o que "ele" vai pensar da gente.
Nesse dia mundial das mulheres, eu queria de presente um manual da mente masculina, com alguns passo-a-passo para determinadas situações... Prometo que se eu ganhar, copio e passo pras amigas.


6.3.08
No Orkut
Sorte de hoje: Em breve você mudará seu método de trabalho atual
Boa idéia! Estava mesmo pensando em comprar um radinho, daqueles vagabundos, só pra tocar música durante as aulas. Quem não gostaria de assistir aula de história ouvindo música ambiente? Mas nada de democracia, não sou boa nisso. Começaria com Genesis na segunda; tocaria um pouco de Pink Floyd na terça; quarta um som mais gliter, um David Bowie, um Marc Bolan, Gary Glitter; quinta, o clima mais cansado pede mais hard, então iria variar entre AC/DC, Whitesnake, Purple, Sabbath; sexta, grande dia, só som de pista, começando por Depeche Mode, Front 242, Kraftwerk.
Que tal?


Na aula
- Posso copiar de caneta?
- Posso responder com lápis?
- Posso desenhar?
- Posso virar a folha?
- Posso fazer com lápis de cor?
- Posso usar caneta colorida?
- Posso usar folha pequena?
- Posso usar folha colorida? E com cheirinho?
- Posso usar branquinho?
- Posso responder?
Eu, professora, posso ter um treco no final da aula? Posso surtar? Às vezes eu só queria voltar a ter essa idade e fazer perguntas sem a menor importância.
- Pode, pode quase tudo.


5.3.08
No café (meses antes)
Ele ainda estava chegando quando a viu, colocando sua mala no ônibus. Aquele rosto não era estranho, de onde a conhecia? Não foram em acentos próximos, mas podia ouvir a voz dela quase o tempo todo, e sua gargalhada. Que professora extrovertida, pensou ele.
Chegaram no Hotel onde já preparavam o início do Congresso. "Minha chance, sento perto dela, puxo assunto". Ela sentou com as amigas, que não eram poucas. Ele preferiu ficar longe, só olhando. Ela era tratada de forma diferente pelas colegas, era a mais nova delas, muito mais nova, tornava-a quase uma mascote da turma. Ela andava por toda a plenária, acompanhada ou não, falava com gente de toda parte do estado.
Várias vezes notou ser observado por ela também. Conversando, lendo ou apenas ouvindo as falas da mesa, ela desviava o olhar, procurava por ele. Olhava, via que ele retribuía, desviava o olhar. Depois de quase oito horas nessa troca de olhares, encorajou-se e foi falar com ela.
- Você tem algum remédio pra dor no corpo?
- Sim, tenho, mas tá na mala. Em que chalé você está? Eu levo lá.
Ela levou o remédio, já era quase 2h da manhã. Ele ficou surpreso, era a chance! Mas ela não puxava assunto, foi com as amigas. Desviava o olhar quando a encarava. Ofereceu uma cerveja, ela aceitou. Cigarro? Não, ela não fuma.
Dois dias se passaram no mesmo ritmo. Olhares, café, cigarro. Ela gostava de café, tomava o tempo todo. Na última noite, o sindicato promoveu um baile de confraternização. Última chance. Passou no seu chalé com os amigos, ela estava lá, terminando de se arrumar, linda. Não disse uma palavra diretamente a ele, mas tomou do vinho que trouxe.
No baile bebeu pra criar coragem de falar com ela. Não lembra como voltou pro chalé, mas um amigo veio com a novidade, sorridente, quase gargalhando, meses atrás:
- Já sei o que aconteceu naquela noite, foi aquela professora que te levou e te colocou na cama, depois de dar banho, claro.
- Mentira. Como você sabe?
- É, é mentira, mas ela disse isso só pra você procurá-la e dessa vez terem do que falar.
Pra ler ouvindo Qualquer Bobagem, dos Mutantes.


4.3.08
No café
- Luiz perguntou de você no sindicato. O que, de fato, aconteceu? De onde se conhecem, afinal?
- Nada. Três dias no congresso e nada, apenas litros e litros de café, tentando falar com ele, mas não trocamos nem dez minutos de conversa.
- Ele contou de outro jeito essa história. Disse que aconteceu algo entre vocês, mas não entrou em detalhes.
- Aconteceu. Pensa que é fácil, três dias procurando assunto pra falar com alguém, com copos e mais copos de café, pensando em começar a fumar pra ter desculpa pra chegar perto? E o remédio que fomos levar no chalé dele, depois da 1h da manhã?
- Não conversaram? Nada? Que tá acontecendo com você? Você não era assim...
- Não sei. Tô cada dia mais tímida, mais sem atitude diante dessas situações.
- Mas agora ele tá atrás de você, já sabe até a escola em que você está.
- Mas depois de tanto tempo já passou a vontade. Não quero mais. Nisso ainda não mudei, quero, tento, espero, não consigo, desisto. A fila anda, bola pra frente.
- Mas você anda diferente, por isso pensei que fosse o Luiz.
- Ah é, mas o amor platônico continua sendo meu forte.
Pra ler ouvindo Timidez, do Biquini Cavadão, versão da Penélope, que é mais legal.
Na verdade nada esconde essa minha timidez...


3.3.08
Indecisão
Putz, detesto escolher template pros meus sites! Estou na terceira mudança por aqui. Espero que tooooodos os meus leitores não se incomodem com tanta mudança. A casa tá bagunçada, mas puxa a cadeira, e senta no chão. Quer um café?


45 (Entreato)
Numa tarde comum, quente, quando a ela saía da escola, ele a esperava na porta. Não dava pra fugir.
- E se a gente fosse tomar alguma coisa, pra conversar sobre o que aconteceu?
Ela não resistiu, foi. Sentaram-se na mesa de uma padaria, pediram uma cerveja. Antes de terminar a segunda, pediram a conta. 15 minutos depois estavam num quarto, à meia luz. Ouviu a chave girando atrás dela, as mãos suando, como sempre.
Abraçou-a por trás e começou a tirar sua roupa. Com suas mãos no cabelo dela, puxando-os, decidia o que fazer e o que ela deveria fazer, controlava-a. Queria fazer daquela noite algo inesquecível para aquela mulher que acreditava ter acabado de conquistar. Iria dominá-la.
Ela não ofereceu resitência alguma, divertiu-se com seu jeito, entrou na brincadeira. "Só em pensamentos isso teria acontecido até então", pensou enquanto ele prendia suas mãos para trás com seu cinto. Permitiu-se viver suas fantasias, a loucura já estava feita.
Chegaram ao final quase juntos, numa sintonia que ela nunca havia experimentado. Ele se deitou sobre peito suado dela, ambos ofegantes, trocando delicadas carícias. De repente se ouviu um silêncio tão ensurdecedor quanto a fala que o sucedeu:
- E agora, "professora"?
Dias atrás já não a chamava mais assim. A pergunta desconcertou-a.
- Como assim?
- Ainda somos aluno e professora, seremos até o final do ano. Como vou te encarar na sala de aula? Manter distância, prestar atenção na aula com você em pé, na minha frente, depois do que aconteceu aqui? Não sei se consigo.
- Eu também não sei.
Tomaram banho, cada um foi para a sua casa. Ela levou quase uma semana pra conseguir contar pra amiga mais íntima. Ele ficou uma semana sem aparecer naquela aula.
Para quem não entendeu, as outras partes da história estão aqui:
45
45 (último ato)


Pelo MSN
- Professora, o pessoal da sala tá morrendo de saudades, sabia?
- É, eu também, Nina. Sua sala era um inferno, mas gostava dela, a gente se entendia, né?
-Sabe Pro, estou gostando de um menino novo da sala. Ele é super bonitinho e super inteligente...
- Ah é? Então fazem um casal perfeito! Mas e aí? Ele já sabe? Já rolou algo?
- Não, não sei como falar isso pra ele. A gente ficou amigo. O que você acha que eu deveria fazer pra ele perceber que eu tô afim dele?
- Acho que deveria falar pra ele, com jeito, sutilmente, mas falar mesmo.
- Ai, Pro, você teria coragem de fazer isso??? Eu não consigo!!!
- Não, Nina, eu também não tenho coragem não, acabo deixando passar. Já ouviu aquela frase? "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço"?


2.3.08
Já?
Já quis demais alguma coisa? Já conseguiu? Já desistiu?
Já amou muito alguém? Já achou que amava? Já descobriu que não amava mais? Já descobriu tarde demais?
Já saiu sem rumo? Já apareceu sem ser convidado? Já convidou quem nunca apareceu?
Já ouviu a mesma música milhões de vezes seguidas? Já desejou nunca mais ouvir uma música?
Já se envergonhou de alguma atitude tomada? Já se arrependeu de tê-la tomado? Já se arrependeu de não ter feito algo?
Já acordou com a pessoa errada? Já viu o sol nascer com alguém? Já viu o sol se pôr?
Já falou demais? Já riu demais? Já chorou demais?
Já sentiu saudade de quem você mesmo expulsou da sua vida? Já sentiu saudade de quem está todos os dias com você? Já sentiu saudade sem saber do quê?
Já desejou algo que nunca conseguiu?
Já quis demais alguma coisa?
Já?
Pra ler ouvindo Já, do Titãs.


1.3.08
Dias mornos
Tudo o que é morno não tem graça. Chá, morninho... não tem graça nenhuma, ou é gelado, pra refrescar, ou é quente, pra esquentar a noite fria. Banho morno não serve também. Tempo morno, nem blusa, nem sem ela. Relacionamento morno, nenhuma grande emoção, nem boa, nem má. Hoje é um sábado morno, sem graça nenhuma. Tédio!
Tão longe de tudo
(Guto Goffi)
Solidão amiga do peito
Me dê tudo que eu tenha por direito
Me diga, me ensina
Ao dormir não sinto medo
Há um sol, existe vida
Me trate com jeito
Eu tenho saída
Eu quero calor, o mundo é frio
Minha vaidade não encherga o paraíso
Eu preciso de alguém
Pra fugir sem avisar ninguém
Não vou olhar pra trás
A saudade está morta
E já não me importo
De estar longe demais
Longe demais de tudo
Eu tô longe demais
Longe demais de tudo
Eu tô longe demais
Tão perto de mim
Tão longe de tudo


O que é pior?
O que é pior? Ir a um lugar que você não gosta muito, ou ficar em casa curtindo uma leve deprê, sem mais nem por quê? Ficar deprê por algum motivo, ou sem motivo algum? Acho melhor ficar deprê por algum motivo...
Acho que estou só cansada. Nunca cuidei de tantas crianças de uma vez só. Tem horas em que até as professoras precisam de alguém que cuide delas.
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára...
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara.
Paciência, do Lenine


29.2.08
PRECISO DIZER QUE TE AMO
Cazuza, Dé, Bebel Gilberto
Quando a gente conversa
Contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu não sei que hora dizer
Me dá um medo, que medo
Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo
Tanto
E até o tempo passa arrastado
Só pr’eu ficar do teu lado
Você me chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo
E nessa novela eu não quero
Ser seu amigo
É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo, tanto
Eu já nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando cada gesto teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira
Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo, tanto
Ouvi essa música hoje, tanto tempo que não a escutava... gosto demais do Cazuza. A minha geração cresceu dizendo que Renato Russo explicava como ninguém os nossos sentimentos. Eu discordo, os meus, quem explica é o Cazuza. Na minha humilde e leiga opinião, muito mais guerreiro, desbocado, abusado. Suas letras são todas carregadas, seja de amor, de tesão, de raiva, de álcool. Desde a minha adolescência, é ele quem me traduz quase sempre.


Ano Bissexto
Eu entrei, logo cedo, no Wikipédia pra pesquisar a origem do ano bissexto. Não que eu não saiba o por quê, mas queria uma explicação científica pra colocar aqui. Lá tem, científica e histórica. Mas, cá entre nós... sacanagem, não? Tudo bem que precise enfiar aquelas horas que sobram todo ano em algum dia, mas, daí a obrigar a gente a trabalhar mais um dia no ano, também já é demais!
Já que esse é um dia composto de "sobras", devíamos decidir o que fazer dele. Quando sobra uma grana no fim do mês, decidimos o que fazer com ele. Podemos guardar, gastar, doar. E quando sobra umas horas no seu dia? Dicidimos se queremos utilizá-las em outras atividades ou se queremos apenas direcioná-las para o ócio.
Eu quero decidir o que fazer com esse dia que sobra. E com certeza não gastaria indo trabalhar.
O que você faria com um dia todinho pra gastar? 24hs todas suas, pra você? O que faria?


26.2.08
Eu não sou dessas!
- Professora, que escândalo! O que os alunos vão pensar de você com essa tatuagem à mostra?
- Vão pensar que sou quase normal, dona Diretora...
Por que professor não pode ser como todos os outros seres vivos da face da terra? Vejam os publicitários. Conheço uns que são verdadeiros porra-loucas, e nem por isso deixam de exercer de forma competente a sua profissão. Outro exemplo? Médicos fumam e bebem. Mais um? Engenheiros e analistas de sistemas também bebem, praticam body art e ainda assim, trabalham bonitinho. Por que raio de motivo professores devem ser os seres mais imaculados do mundo?
Tenho tatuagens, tenho piercings, tenho o cabelo tão vermelho que tá quase rosa, gosto de rock e durante seis horas por dia, em média, leciono. Onde está a incompatibilidade? Ah, nas horas vagas saio, danço, rio, choro, e ainda falo palavrão.
Mas é estranho, tem pessoas que acham que existe uma forma pré-definida de professora. Ela deve ser casada, ter pelo menos um filho, vestir-se discretamente, não falar alto, não dar gargalhada (muito menos em sala de aula!), não sair, não beber, e acompanhar o BBB no começo do ano. Cinema só com os filhos e música só MPB da mais pop.
Francamente! Eu não pertenço à esse mundo, nem sou atriz, como já disse, sou professora. Não sei fingir o que eu não sou. Tem alunos que cumprimento com beijo no rosto mesmo, sento pra conversar com eles mesmo, e sei muito bem o meu lugar na sala de aula. Sou muito "macho" pra garantir a ordem e o bom andamento das aulas. Sei também que graças a esse meu jeito, muitos alunos e alunas que não tem com quem conversar em casa, vêm, se abrem, escutam alguns conselhos e deixam de fazer algumas besteiras. Ou ser professor é só falar sobre a matéria? Eu não consigo. E ainda garanto meu planejamento, pode crer.


25.2.08
45 (último ato)
Sexta-feira. Trabalhava na parte da tarde, tomava um banho e saía correndo rumo à outra escola. Seria exibido naquela noite o último capítulo da novela das oito, evasão escolar garantida. Provavelmente ela sairia mais cedo e encontraria suas amigas, vestiu-se mais à vontade, de vestido. Fazia um calor dos infernos.
As expectativas se confirmaram, poucos alunos na escola. Provavelmente ele não estaria por lá também. Ela subiu pra sala, encontrou pouco mais de meia dúzia esperando sua aula, mas ele estava lá.
Quarenta e cinco minutos depois bate o sinal, intervalo. Todos saem da sala, menos um, ele. Ela recolhe os materiais com a mão já suando, gelada. Só queria não querer, só pensava em não pensar. Caminhou até a porta, onde ele a esperava.
Pensamentos mil: não faça; faça; aproveite; fuja; corra, fique; encoste a porta; vá embora.
Ele fechou a porta, veio ao seu encontro.
- Professora, eu não estou brincando, você está me deixando louco.
- Você também está me deixando louca.
Beijaram-se. Os pensamentos na cabeça dela agora pareciam ferver, correr. Uma loucura, não conseguia mais pensar em nada, sentia as mãos, o cheiro, a pele, seu corpo de encontro ao dele, os sons que daquele beijo proibido. Deixou-se levar, completamente dominada por aquele rapaz. Sempre foi louca por homens dominadores, que não dão oportunidade de resistência, mas isso nunca tinha ido além dos seus sonhos secretos.
Ficaram ainda uma meia hora ali, sem falar quase nada, seguindo apenas suas vontades. A escola estava já vazia, os poucos presentes foram embora. Também não poderiam continuar ali. Fizeram o trato de jamais contar a ninguém, arrumaram-se e ele foi embora antes dela. Ela desceu as escadas ainda sem ouvir som nenhum, chocada com o que acabara de acontecer. Sentia suas pernas tremerem.
- Professora, me espere!
Susto. Uma colega chamando, tinha ficado um tempo na sala de aula corrigindo provas. No mesmo andar. Teria visto algo? Escutado algo? Teriam eles feito barulho? Ela não conseguia pensar mais, nem lembrar.
Nas semana que se seguiu voltaram a se encontrar, não na escola. Ela tinha quase todas as noites livres. Ele ainda faltou dois dias, só pra encontrá-la. Até o dia em que ele sugeriu algo mais sério. Entendia que na escola não poderiam se encontrar, mas queria uma coisa séria.
A professora não aceitou, mas foi ver seu prontuário na secretaria. Número 45 da oitava, suplência, por favor. Nome completo, filiação, endereço, nascido em 1989. 18 anos. Não era possível. Não estava apaixonada, mas foi um outro choque. Como pode sentir tamanha atração por alguém 10 anos mais jovem? E ele, o que viu numa professora, por que ela e não as meninas da idade dele?
Viram-se ainda uma vez fora da escola, e nunca mais se encontraram. Nunca ninguém soube de nada, exceto amigos muito íntimos dela, e dele, provavelmente. Ela ainda se pergunta o que ele teria visto nela.


24.2.08
Chega de Saudade
É, a professora foi aluna também, e não faz tanto tempo assim. Nessa época, confesso, não fui boa aluna. Não desrespeitava professores, pelo contrário, tinha uma baita admiração por eles, mas isso não tinha nada a ver com os meus objetivos dentro (e fora) da escola.
Adorava a escola, era lá que estavam meus melhores amigos. Esse aí da foto é o Rômulo, não lembro ao certo quando e por quem essa foto foi tirada, só sei que foi em 1996, segundo ano do colégio.
Época em que a gente não tava nem aí para o que os outros falavam. Foda-se (ops) se a sala toda achava que a gente tinha algo, o que importava era a comapanhia fiel, sempre. Como toda amizade que tive, não foi sempre lindo, brigamos muito também, mas isso sempre fez parte da minha vida. Sempre gostei de pessoas que não concordam em tudo comigo, e esse era o Rômulo. Entre uma confissão e outra, me recriminava, dizia que eu estava fazendo errado, e o pior, ainda dizia que meu futuro era com ele, rsrs. Ah, éramos as ovelhas negras da sala, onde já se viu, amizade entre menino e menina, e os dois roqueiros, ninguém dava bola pra gente. Por um tempo, fomos só nós dois.
Mas por que a foto dele, por que entre tantos, exatamente a foto dele aí hoje? Porque ontem, no show da banda Destroyer nos encontramos. Na verdade ele me encontrou, eu tive que perguntar seu nome. Ele mudou muito, parece que nem era tão alto, engordou também. É professor também, percorreu o mesmo caminho que eu, contabilidade, Ciências Sociais, sala de aula, bares rock n' roll. Trocamos telefone, até sexta nos falamos e marcamos a cerveja de 12 anos atrás.
Even flow, thoughts arrive like butterflies
Oh, he don't know, so he chases them away
Someday yet, he'll begin his life again
Life again, life again...
Pearl Jam, Even Flow, o que ouvíamos naquela época.

