13.5.08

A espinha

Como pode uma espinha idiota me fazer pensar na vida? Começo a achar que a minha vida talvez seja idiota também...

Nunca, nem na adolescência, tive espinhas. Mas de ontem pra hoje surgiu um verdadeiro vulcão aqui na minha testa. E ela dói, me lembrando sempre que ela está lá. Aí me vem aquela música maldita "voltamos a viver como a dez anos atrás, e a cada hora que passa envelhecemos dez semanas". Pois é. Aí me ponho a pensar.

Tenho 28 anos, moro com meus pais. Acredito que esse seja o centro dos meus problemas. Não eles, e sim estar na casa deles, pois já não me sinto na minha casa. Passo a maior parte do tempo no meu quarto, ouvindo música, lendo, trabalhando. Não me sinto convidada a assistir TV na sala, nem a fazer algo pra comer na cozinha da minha mãe. Chega o final de semana, e tenho que ficar arrumando álibis pra fazer o que eu quero. Chegar a hora que eu quero? Nem pensar... eu gostaria é de nem chegar de vez em quando, mas sempre volto, para evitar o atrito.

Bom era na adolescência, época em que eu não pensava tanto em evitar o atrito. Mas ao 28 anos, acho ridículo passar por uma discussão do tipo "onde esteve até agora?", ou "onde você dormiu?". Ah, é, estamos na era do celular. Então o atrito começa antes com "Alô? Onde você tá até uma hora dessa?". Tem também o "vai sair de novo?" e o "amanhã você trabalha!".

Pois é, sou professora, trabalho, me sustento, pago contas, não dependo de ninguém, mas vivo ainda, de certa forma, como uma adolescente. Pelo menos hoje tenho dinheiro pra beber e comprar pílulas. Ah é, escondida, claro. Estranho como às vezes uma simples espinha traz sentimentos tão sufocantes à tona...

Ainda vou morar no meu carro.

Ouvindo Sepultura, sons da adolescência.

9 comentários:

Madame Mim disse...

olá!

sou leitora do seu blog ha um tempinho e gosto mto!

quando ao post, vc não é a unica que passa por situações assim, de ser independente mas ainda morar com os pais. Minha vida também é assim, as vezes eu gosto, é comodo, mas as vezes é incomodo, principalmente qurer dormir fora, pra mim, simplesmente não dá. Mas um dia a "liberdade" chegará! tudo a seu tempo... ah! quanto as espinhas, vc deu sorte, só tem uma! eu vivo com cremes e remedios pra acne desde adolescente...

bjs!!!

Mila disse...

Eu já tive espinhas, mas nunca tive problemas com horários.
Meus pais são tão liberais (comigo) que de vez em quando eu sinto falta de certos limites.
Mas na maioria das vezes, eu acho é muito bom.
O direito de ir e vir é plenamente exercido aqui em casa. rs
Talvez, quando eu tiver meus 28, também me sinta assim.
Se bem que, mesmo com 22, minha vontade já é a de pular fora e ter meu canto.

Bom, melhoras pra sua espinha e para tudo o que ela trouxe junto.
=)

leticia sayuri * disse...

ahaha... comprar pírulas escondido aos 28 anos é muito estranho.

tenho quase 20 e estou morando sozinha desde o começo do ano.
é muito bom, mas só agora dei valor pros serviços domésticos da minha mãe.
além disso, como estou sem paitrocínio, agora tenho que gastar com aluguel o que antes eu gastava com besteiras.

mas o custo de oportunidade compensa...


bjo*

Anônimo disse...

Tem também "você é livre, pode ir embora quando quiser" e no meu caso, como quase não páro em casa com meus trabalhos, tem o "você precisa arrumar seu quarto!" Esse mata!
Menina, lembre-se que o tempo que vivemos precisamos de muito mais para sair de casa. Senão, a gente sai... e a gente volta rapidinho.
Beijos

Unknown disse...

é, pai-e-mãe tem de "virar visita" depois de um tempo.

grande abraço.

Mike disse...

Morar no carro? Coisa boa!!!
Sair por aí, em alta velocidade, sem destino... sem censura alguma!!!
(e sem espinhas)

Anônimo disse...

Puxa, por lhe ajudar a refletir tanto, isso é mais que uma simples espinha!!!! Antes dela sair vc deveria tirar uma foto dela.
Tenho 25 e moro com minha mãe e meu irmão; minha mãe deixa eu sair e voltar a hora que quiser, mas preciso da minha independência porque ela me ajuda a pagar a facu e então fica em cima de quanto eu gasto ainda. Esse sentimento de preocupação exagerada dos pais é complicado, pois pra eles nunca saberemos fazer nada sozinhos ou não crescemos ainda.

Tay F. disse...

Tenho 23. Mas juro que suuuper me identifiquei com seu texto. Moro em uma rep, trabalho, tô formada. Mas ainda é assim msm qdo vou para casa.

Anônimo disse...

sair de casa por sentimento de culpa ou po achar que alí você não é bem vinda talvez pode não resolver o problema, porque o tal sentimento de culpa vai com você. não, não estou falando em ficar ou ir, mas na maneira de conviver com uma situação adversa. talvez o centro dessa desconexão pode ser a sua visão dos fatos, e o seu próximo destino também poderá te trazer outros problemas insuportáveis. sair é satisfatório quando se tem vontade. ficar também.