23.6.08

Hoje sem título

Há mais de cinco anos decidi que queria ser professora, entrei na sala de aula e nunca mais pensei em sair. Mentira, pensei sim. Às vezes ainda penso, principalmente em dias como os de hoje.

Hoje fui até a escola, pra fazer um balanço, junto com os colegas, da manifestação de sexta, das decisões tomadas lá etc. Me surpreendi ao saber que vários colegas que estavam paralisados desde quarta-feira, resolveram voltar ao trabalho. Mas não é isso que mais me surpreende. É a falta de esperança do povo. Eu não sou a pessoa mais otimista do mundo, mas não quero essas condições de trabalho pro resto da minha vida! Já dei aula pra classes com quase 60 alunos; já quase fui agredida; já enfrentei, presenciei fatos dentro de uma escola, que pessoas não acreditam quando conto; além do trabalho em sala de aula, tem o realizado em casa, corrigindo avaliações, e por esse, eu não sou remunerada; falando em remuneração, ganho bem menos do que muitos com o mesmo grau de instrução que o meu; não tenho um plano de carreira decente; não tenho FGTS; não espero pela aposentadoria. Definitivamente, não quero isso pra sempre.

Mas tem pessoas que pelo jeito já reclamaram tanto disso, que acostumaram a só reclamar. Não consigo chegar a uma conclusão sobre isso, só me angustia. Me amedronta a possibilidade de um dia ser assim, acostumar com o ruim que está piorando. E só piora. Eu continuo de greve por enquanto.

Mas tem coisas que valem a pena no magistério:Esse trabalho foi feito em sala de aula, pelos meninos da quinta série. Isso vale a pena.

Um comentário:

Juliana Poggi disse...

só quem está na greve sabe o que é!
eu posso dizer que tem horas que dá uma vontade de jogar tudo pro alto e largar pra lá, mais ver os resultados depois é como lavar a alma.
A greve que fizemos na fundação ano passado ta fazendo efeito agora e apesar das reposição de aula em janeiro valeu a pena.