9.4.08

As três professoras


As três professoras têm quase a mesma idade, e quase a mesma história de vida. Namoraram desde o início da vida adulta, e de repente, viram-se solteiras, adultas e independentes. Ainda não eram amigas, e talvez essas e outras coincidências tenham aproximado as três. Algumas pessoas falam em destino, outras não acreditam em destino.

Curtiram aproximadamente 6 meses de uma vida que nem conheciam direito. Elas mesmas se impressionavam quando chegava o domingo, e viam que estavam saindo desde quinta-feira, sem parar. A vida noturna às vezes é traiçoeira. Ao mesmo tempo que diverte, te satisfaz, causa, logo depois, uma sensação de vazio, solidão. Só notaram isso alguns meses depois. Durante os seis meses, divertiram-se como nunca haviam feito antes. Lugares, pessoas, atitudes, horários, ritmos que quem as conhecia não acreditava. Até apelido o trio ganhou: as panteras, uma loira, uma morena e uma ruiva.

Um dia, numa balada, uma delas conheceu alguém especial. Envolveu-se com esse alguém e, pouco a pouco, distanciou-se das outras duas, que seguiram firme e forte, porém, já não tão entusiasmadas com a vida noturna. Como disse, cansaram.

A segunda conheceu alguém que a princípio não representou grande importância, mas ao longo dos dias, meses, essa importância aumentou. A terceira, quase ao mesmo tempo, também conheceu alguém bacana, e deixou-se envolver. Essas duas continuam se vendo com razoável freqüência, mas já andam disponibilizando tempo a mais para alguém que não a amiga.

Feriado na cidade, as três aproveitaram pra se encontrar. Depois de um dia de desencontros, ali estavam as três, na mesa de um bar, rindo do que viveram até ali e de como as coisas estão agora. Contaram das novidades, ouviram as das amigas e beberam, em plena terça-feira. Afinal, pantera que é pantera, não tem dia pra sair, e uma vez pantera, pantera para sempre. Lembraram do trato feito meses atrás, que mesmo que conhecessem alguém, continuariam se vendo.

Engraçado como a vida das três mudou de forma tão rápida meses atrás, numa sincronia assustadora. Dizem coincidência. E agora outra vez acontece. As três passam pelas mesmas sensações de novo. São três situações diferentes, mas sensações, sentimentos muito semelhantes. Assustador. Uma diz que é destino. Outra não acredita em destino. Outra ainda acredita mas não confia, prefere chamar todo mundo pra casa dela de vez em quando. E assim pagam a conta, e vão seguir a vida de cada uma, acreditando que contiuarão se vendo por anos e anos, as três professoras.

3 comentários:

Mila disse...

Tão bom ter amigas assim...

E esse sentimento de vazio após (ou durante) as baladas, eu conheço muito bem.
Aliás, tô vivendo exatamente assim.

Beijos

Mike disse...

Bacana...
Não acho q são coincidências, não!
É sintonia!
Tão bom reencontrar amigos que se distanciam, mas que, ainda assim, permanecem íntimos...
Belo texto
Sincero
Grande abraço
Mike

Edu Guimarães disse...

No sentido horário:
Karen, você e a Keka. Acertei?