19.8.10

Do inferno ao céu em uma tarde

Hoje, 15h25:

- Quero ver se vou embora dessa escola hoje sem o meu boné! Vou pegar nem que seja a força, quem é você pra ficar com o meu boné?

Essas foram as palavras de um aluno logo após eu ter pego o boné dele. Dentro da minha escola existem algumas regras, embora não pareça, e eu as faço valer dentro da minha sala. O uso do boné, por exemplo, é proibido e todos estão cansados de saber. Por isso mesmo, esse costuma ser o artifício que alguns alunos utilizam quando querem provocar, ou mesmo testar o professor. A ‘criança’ em questão atrapalha as aulas, não faz absolutamente nenhuma tarefa, não usa uniforme, e costuma desacatar professores. Sim, eu também usei o boné dele pra testá-lo. Após dois pedidos para que retirasse o boné, na terceira eu mesma fiz, fui até ele e tirei. Agora só devolvo na presença do responsável. Resolvi, ou pelo menos estou tentando resolver dois problemas: provavelmente ele não usará mais o boné na sala, e eu ainda conseguirei chamar alguém responsável pelo garoto pra mostrar a situação dele na escola. Fato é que tudo tem seu preço, fiquei nervosa a ponto de tremer as mãos diante da ameaça que ele fez de arrombamento do meu armário.

Hoje, 17h20

- Professora, sabia que a senhora é a professora que eu mais gosto? A senhora é sempre carinhosa com os alunos, atenciosa, explica tudo várias vezes pra todo mundo, ta sempre sorrindo. Mesmo quando perde a paciência com alguém, continua tratando todos os outros muito bem. É como se a senhora fosse uma amiga nossa!

Essa foi uma aluna da sala que dei a última aula do dia, nos últimos minutos de aula. Parece que alguma coisa disse pra ela que eu precisava ouvir isso. Mas afinal, o que seria do bom se não existisse o mau, né? Problema é que damos maior atenção ao que nos desagrada e às vezes perdemos a chance de ouvir esse tipo de coisa.

17.8.10

Eu e minhas neuras

Essa sou eu em dois momentos totalmente diferentes da minha vida.

Do lado esquerdo, em Minas Gerais, 2007, com 107kg, no auge do meu peso. Depois disso passei a me cuidar mais, principalmente a tentar mudar meus hábitos alimentares. Nesse ano eu ainda trabalhava a noite, chegava em casa por volta das 23h30 e ainda jantava. Além da péssima alimentação, era totalmente sedentária.

Do lado direito, em casa, semana passada, com 78kg. Não lembro de uma época da minha vida que eu tenha tido esse peso. Claro que tive, mas não lembro. Vejo pelas roupas que uso quanto tempo fazia que eu não tinha esse peso. Meu maior passatempo hoje é experimentar minhas roupas velhas guardadas sabe-se lá por que motivo. Roupas guardadas há mais de 10 anos hoje servem, como a calça comentada aqui no outro post. Roupas que eu usava há 8, 9 anos, já não servem, estão grandes. Vejo o tanto de roupa que guardamos e que agora eu fico com pena de me desfazer.

O fato é que realmente, a cabeça tem que estar muito legal pra passar por esse emagrecimento todo em tão pouco tempo. Sim, é ótimo! Quando coloco uma roupa que não servia a autoestima vai lá pra cima! Mas também tem o outro lado, o de continuar me vendo com 107kg, continuar me sentindo assim, mesmo sabendo que não estou. Tem a deprê de olhar fotos como essa aí em cima e não acreditar, não entender como é que eu fui deixar chegar nisso. Afinal, isso foi opção? Ou não? Como é que naquela época eu não conseguia enxergar meu próprio tamanho? Por que esperei tanto tempo.

Me dizem que tudo tem sua hora, me dizem que estou ótima. Mas a grande pergunta que me angustia é esse dilema: antes eu era imensa e não me via assim, hoje estou com um peso que não me lembro de ter tido, e me sinto imensa.

Bom, ainda falta 18kg, cheguei na metade da minha meta. Boa sorte pra mim.

16.8.10

Tamanho 44!

Eu sempre quis ter uma calça velha. Acontece que todas que eu comprava deixavam de ser usadas antes de ficarem velhas, afinal, eu só engordei ao longo desses 30 anos. Mas eis que agora eu tenho uma calça realmente velha, no mais correto sentido da palavra.

Certo dia, no desespero de não ter mais roupas pra usar após a partida de 18kg do meu peso corporal, me deparo com essa preciosidade. Uma calça jeans, jeans mesmo, de verdade, sem lycra, porque na época em que ela foi comprada ainda não existia essa facilidade tá acessível assim. Achei-a entre as roupas da minha mãe e lembrei que como ela não servia mais, passei pra ela, que acabou não usando também pelo mesmo motivo, eu acho. E ela estava lá, me esperando por mais de dez anos. Tamanho 44, e agora ela me serve.