19.10.10

5 meses

Saúde física x saúde mental

Hoje faço 5 meses de cirurgia. Inegável o ganho de saúde física. Operei com 96kg, mas cheguei a pesar 107kg. Hoje, com 76kg, não sinto mais cansaço, dor nos pés, dor no corpo, falta de ar. Estou comendo menos e melhor, pouco me satisfaz e aprendi comer bem. A pressão baixou também, embora nunca tenha sido alta, e até os exames ginecológicos vieram sem nenhuma alteração. Se tem a ver, acredito que não, mas é só mais um exemplo de que nunca estive tão bem de saúde em toda a minha vida. Até a infecção de urina que eu tinha praticamente durante todo o tempo me livrou. Hoje consigo fazer quase duas horas de academia e não chego em casa morrendo, nem tenho que parar por causa da falta de ar.

Mas parece que tudo tem um preço, e esse tá sendo bem alto. Não falo das guloseimas que hoje me fazem mal. Falo da minha cabeça, dos meus pensamentos, das minhas angústias, essas sim estão me fazendo mal de verdade.

Minha auto estima nunca foi tão baixa, nem na época em que pesei 107kg, pelo contrário, até me achava bem interessante. Estranho como antes eu não sentia tanto a necessidade de elogios, e hoje, mesmo os tendo esporadicamente, não me bastam. Nunca basta, nada basta. Poucas coisas ou quase nada me traz satisfação. Tenho a impressão que começo a perder o prazer de fazer várias coisas, e nem comprar roupas mais me atrai. Vontades eu tenho várias. Vontade mesmo de comprar roupas, sapatos, fazer tatuagens, mudar drasticamente o cabelo, sumir do trabalho, vender o carro e gastar todo o dinheiro em inutilidades, viajar, passear. Mas é óbvio que não faço absolutamente nada disso pela falta de grana e coragem.

Mas o que mais dói mesmo é a falta da auto estima, a impressão de que estou tanto quanto ou mais gorda do que antes. A sensação de que nunca vou ser vista como alguém magra, desejável. Junto com as neuras quanto ao corpo é inevitável que sujam outras neuras, como a sensação de que gostaria de ter mais atenção das pessoas, ou de que apenas enche o saco de todos, e que todos podem realmente estar de saco cheio de você. Penso às vezes que talvez o desejo de aceitação tenha ajudado muito na minha decisão pela cirurgia, mas que passando o tempo, meu corpo mudou, não meus defeitos. Talvez eu continue chata, carente, grudenta e na verdade, solitária, sem lá muitos amigos e amigas, sem muitos ombros onde eu possa chorar tudo isso. Solitária, acho que é assim que hoje estou me sentindo.

Balanço final? Não sei.  A razão diz que é positivo. Mas tenho saudade de me sentir bem.



Música linda, do Itamar Assumpção e Alice Ruiz, cantada pela Zélia Duncan e Anelis Assumpção. Hoje ela me faz bem.

4 comentários:

*Vanessa* disse...

Sei o q vc precisa...

Balada não é a melhor coisa do mundo, mas vc sai de lá com o ego inflado, se sentindo linda e maravilhosa.

Eu tbm queria gastar dinheiro com coisas futeis...

Anônimo disse...

Que chato Bel :-(
Desculpa me meter, mas tem algo errado, não era pra ser assim.
Você precisa mesmo cuidar da cabeça.
Você faz terapia? Fez antes da cirurgia?
Bjs e boa sorte!

Fefê disse...

Querida, não fique assim..
Deveria estar se sentindo muito mais feliz pois agora vc tem saúde!!
Não dependa de elogios alheios, viva do seu jeito e seja vc mesma, feliz consigo mesma, dane-se os outros!

Beijo
Fique com Deus.
www.miscelaneaetc.blogspot.com

Mila disse...

Apesar de insistirmos que o legal mesmo é ser bonitona e gostosona, sabemos que o que importa de verdade é o que tá dentro, a personalidade, a simpatia, a inteligência. E isso, tenho certeza que você tem, Bel.
Se era um corpo bonito que você queria, agora você tem. O resto, como eu disse, tenho certeza que você já tinha/era.
Talvez você tenha fantasiado tanto com o que seria sua vida pós cirurgia, que criou expectativas além da realidade e agora, por melhor que as coisas estejam, não atingem seu ideal porque ele foi todo sonhado quando você ainda não sabia como seriam as coisas.
Não é culpa sua, não é culpa do corpo, muito menos do resto do mundo. É só uma coisa que acontece quando queremos muito algo e, quando conseguimos, parece que não é tuuuuudo aquilo que imaginamos que seria. É coisa de ser humano e você é.
Espero que essas coisas todas se resolvam nessa cabecinha e você fique bem logo, como você merece.
Beijos